Capítulo 34

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Lalisa Manoban Pov.

Acordei com Jiwoo me balançando e avisando que já havíamos pousado. Eu estava praticamente no modo automático, então só levantei e fui a seguindo o caminho todo, desde a hora em que saímos do avião até o momento em que entramos no meu apartamento.

— Eu estou falando com você, ô cabeça de vento.

Ela falou rindo enquanto balançava meus ombros, eu balancei a cabeça e lhe dei um sorriso triste.

— Fica aqui comigo? Por favor só... fica.

Minha voz começou a embargar, ela assentiu prontamente antes de me abraçar.

Eu nunca me senti tão frágil na minha vida, eu acho que a última vez que eu fiquei tão triste assim foi quando eu tinha dezessete anos e perdi minha mãe. Eu me senti perdida, eu parecia apenas existir, eu não vivia mais. Não queria estudar, não queria comer, só fazia as coisas (tais como: higiene e e me alimentar) porque Jennie me obrigava. Ela me dava banho e muitas vezes tinha que me dar comida na boca, como se eu fosse uma criança, ou uma inválida. Eu me sentia vazia por dentro... exatamente como eu estou me sentindo agora.

Seria muito idiotice se eu dissesse que tenho a esperança dela aparecer aqui e me explicar o que houve?

Sim, seria eu sei. Mas é mais forte que eu.

Você já se sentiu assim? Dependente de uma pessoa, como se cada batida do seu coração fosse para ela? Como se perder aquela pessoa fosse o mesmo que se perder? Acho que está doendo tanto por isso mesmo, eu não perdi só a Jennie, nesse processo eu me perdi também. Eu não sei mais como eu era antes. O que ela fez comigo? Por que eu fiquei tão dependente dela assim?

Isso deveria ser crime, sabe? Amar alguém tanto assim deveria ser proibido, não aconselho à vocês ousarem amar alguém. Isso dói, corrói, te destrói de todas as formas possíveis e o pior de tudo... Você não consegue fugir disso, é como se um filme passasse na sua cabeça, com os momentos bons e ruins, te fazendo reviver aquilo tudo mesmo que te machuque.

Sabe qual a loucura disso tudo? É que mesmo me corroendo, ficar lembrando dos momentos com ela me deixa feliz, lembrar do sorriso dela me faz bem. Não tem nem um dia desde aquele maldito beijo e eu já me sinto um lixo. Que porra aconteceu comigo? Cadê a minha identidade? Cadê a Lalisa segura de si, dona do próprio nariz? A Lalisa que não se apaixona, que vive pelas ruas de Nova Iorque rodando pelas camas alheias? Cadê?

É mesmo... ela deixou de existir no maldito momento em que eu percebi que estava apaixonada por Jennie.

Maldito sorriso, maldita voz, maldito beijo, maldito jeito fofo, maldita seja ela por ter me feito amar cada detalhe dela para depois me destroçar como se eu fosse um simples papel.

E o que eu fiz para ser tratada assim? Mudei minha vida por ela, me entreguei por inteira... E ela me fez sentir como um nada, como algo irrelevante.

E porque candelabros eu não consigo parar de sentir saudade dela? Por que eu não consigo deixar de sentir o gosto dela na minha boca? Por que o maldito perfume dela ainda está aqui? Impregnado em mim.

— Chega de chorar Lalisa, vem, vamos tomar um banho.

Jiwoo me levantou do chão onde eu havia caído de joelhos e chorava com a cabeça enterrada em seu pescoço. Ela retirou todas as minhas peças de roupa quando chegamos no banheiro, eu fiquei parada, imóvel enquanto ela ajustava a temperatura da água.

— Lalisa para. — Ela ordenou séria, segurando meu rosto em suas mãos para me olhar nos olhos. — Você não está morta, para de ficar agindo assim. Vamos reagir porque a vida está acontecendo, o tempo não vai parar para te esperar sair desse buraco não.

Entrei no chuveiro e deixei que a água quente relaxasse meus músculos. Por que o chuveiro não lava a nossa alma e leva embora nossas dores? Seria tão mais fácil.

— Toma banho comigo?

Pedi baixinho para ela que suspirou e assentiu. Ela tirou toda sua roupa e entrou dentro do box comigo. Eu não queria sexo, eu nem ao menos estava olhando o corpo dela. Nunca na minha vida eu achei que ficaria assim com outra mulher nesse mundo que não fosse Jennie. Mas de alguma forma a Jiwoo me faz bem, além de me dar forças ela me faz acreditar mais em mim mesma. Ela não era parecida só na aparência com Jennie, o jeito delas eram quase idêntico. Isso me assusta e me deixa segura ao mesmo tempo, loucura né? Eu sei.

Ficamos bastante tempo embaixo d'água e ela praticamente me deu banho. Saímos enroladas na toalha e fomos até o quarto, onde ela pegou uma das blusas que gosto de dormir. Deitamos e eu me aconcheguei em seu corpo.

— Dorme.

Ela sussurrou em meu ouvido enquanto acariciava meus cabelos, eu apenas concordei com a cabeça. Não tinha forças para mais nada além daquilo então apenas me entreguei ao sono.

— Lalisa.

Ouvi alguém sussurrando em meu ouvido, eu apenas ignorei.

— Acorda preguiçosa.

Era Jiwoo, aquela risada é inconfundível. Abri os olhos lentamente, piscando algumas vezes para me acostumar com a luz solar que estava adentrando no quarto.

— Bom dia.

Falei roucamente de forma sonolenta e ela sorriu.

— Bom dia. Levanta daí, banho e café da manhã, anda.

Mandou levantando-se da cama. Me espreguicei rapidamente e levantei também.

Tomamos um café bem reforçado, ela fazia piada de tudo, eu acho que ri praticamente o tempo todo. Terminamos o café e limpamos as coisas.

— Eu tenho que ir em casa, mais tarde eu volto, tá bom?

Ela disse eu fiz beicinho.

— Volta mesmo?

— Volto, mi amor.

Falou rindo e eu ri. Nem me importava que ela me chamasse assim, eu até acho bonitinho... Merda! Eu realmente não sou mais eu.

Me despedi de Jiwoo com pesar no coração, fechei a porta e me arrastei de volta para o sofá. Peguei o controle da televisão e fui caçar um filme pra assistir, queria um filme com bastante sangue só para me distrair. Achei um que me interessou e fui fazer pipoca antes de assisti-lo. Estava voltando da cozinha com a bacia de pipoca quando a campainha tocou. Quem seria uma hora dessa?

Fui até lá rapidamente, abri a porta e arregalei os olhos ao ver quem estava ali.

Ela estava ali, seus olhos estavam vermelhos, com enormes olheiras embaixo deles. Deixei a bacia de pipoca cair no chão quando notei o enorme buquê de rosas amarelas em suas mãos. Meu coração parecia que iria sair pela boca de tão forte que estava batendo no peito.

— Por favor, não me manda embora.

A melhor amiga da noiva- JenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora