CINCO ANOS ANTES...
Com um chute forte, a porta voa aberta, indiferente ao estrondo da maçaneta contra a parede, assim como ao buraco que se forma ali, tudo o que desejo é despedaçar-me, arrancar a pele com as próprias unhas e demolir qualquer obstáculo em meu caminho. Minha respiração fica cada vez mais ofegante enquanto me movo de um lado para o outro no novo tapete cinza felpudo do meu quarto, enfiando os dedos nos cabelos e apertando-os com força. As lágrimas quentes e pesadas não param de cair dos meus olhos, que não cessam de chorar desde o aeroporto.
Perdi o amor da minha vida por um erro que não cometi, feri e magoei sem culpa alguma, e tudo o que fiz foi lutar por ela quando já havia partido, consumido por um medo idiota que deveria ter sufocado junto ao orgulho.
Ela não olhou para trás quando gritei seu nome e implorei para ficar.
Agora, não sei quem odeio mais.
— Killian, meu filho — ouço a voz distante da minha mãe, mas antes que eu possa articular qualquer palavra, deixo meu furor tomar conta e destruo tudo ao meu redor. — Killian, pare! Pare com isso! Pare, Killian!
Ela ordena aos gritos, e por mais que eu queira acatar, meu corpo incendiado pela raiva não responde ao seu comando. Sou obrigado a parar quando suas mãos tocam meu rosto, forçando-me a encarar seus olhos tristes.
— Mãe... — murmuro, a voz fraca.
— Você precisa parar, meu filho, antes que se machuque mais.
— Mais do que já estou machucado?
— Querido... — Desliza os polegares sob meus olhos, olhando-me com ternura e dor. Sei o quanto a partida da minha ex está afetando minha mãe. Sua filha do coração partiu quase sem aviso, pegando todos nós de surpresa. — Você precisa se acalmar, está bem?
— Como, mãe? Como vou me acalmar? Alaska foi embora sem olhar para trás. A senhora viu como foi. Eu não consigo me acalmar — afasto-me do seu toque carinhoso e repleto de amor. Meu sangue volta a ferver e sinto uma urgência crescente de destruir mais coisas, como se apenas assim conseguisse aliviar a dor que sinto. Agarro o último vidrinho intacto ao lado da TV de tela plana de cinquenta e duas polegadas — Ela se foi, mãe. Perdi o amor da minha vida.
O choro sobe pela minha garganta seca e amarga, e as lágrimas escorrem novamente enquanto eu abaixo a cabeça. No entanto, uma chama de fúria queima em minhas veias e eu lanço o vidrinho contra o chão. Cubro o rosto com as duas mãos e desabo em soluços altos.
Quando finalmente percebo, estou sendo abraçado pela mulher incrível que me deu à luz e que se dedica todos os dias a mim e aos meus dois irmãos. Permito-me ser acolhido, envolvendo meus braços ao redor da sua cintura, afundando o rosto na curva do seu pescoço, chorando como não fazia há anos.
— Pode chorar, meu filho querido. Pode chorar. Mamãe está aqui para você, meu amor. Pode chorar.
— Está doendo, mãe.
— Eu sei, meu amor.
— Dói tanto sem a minha Demônia. Dói demais.
— Infelizmente, essa dor só o tempo pode ajudar. Por enquanto, chore. — Ela afaga meus cabelos. — Chore o quanto precisar, está bem? Estou aqui.
Não consigo dizer mais nada, apenas deixo as lágrimas fluírem até que não haja mais para derramar.
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Ainda te amo | livro 01
RomanceAlaska deixou Killian cinco anos atrás por presenciar a pior cena da sua vida. Ele estava aos beijos com uma ex-ficante e não poupou tempo para ir embora sem olhar para trás, sem deixar que ele se explicasse, afinal, ele nunca deixou de ser um louco...