Capítulo 16

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Assistimos o filme espalhados pela sala, colocamos algumas almofadas espalhadas pelo chão para tentar fazer uma grande cama para todos. O filme foi ótimo e fez todo mundo rir.

Depois de duas horas mais ou menos fomos todos para os quartos, Catarina e eu ainda estávamos comentando sobre o filme enquanto estávamos terminando de arrumar as camas.

Nós nos jogamos ao mesmo tempo e cada uma de um lado, passar esse tempo com ela me lembrava de todo o tempo que eu passava com a Violet. Acho que estava com mais saudades do que imaginava.

Eu peguei a coberta e joguei sobre mim, a noite estava um pouco fria.

— Obrigada por me escutar na cozinha. — Ela diz se virando para mim. — Você é a primeira pessoa que eu confessei isso em voz alta.

— Eu me sinto lisonjeada. Posso te ouvir sempre que precisar. — Ela sorri para mim e pensa um pouco antes de falar.

— O Nic é um cara bem legal, você não acha?

— É. Ele é mesmo.

— Desde que ele entrou pra nossa igreja, eu vi muitas meninas tentarem se aproximar dele mas ele nunca retribuiu.

— Nem a tal da Beatriz?

— Não se preocupa com ela, ele não gosta dela assim.

— Eu não tava preocupada. — Eu digo limpando a garganta tentando disfarçar.

— Estarei aqui pra quando você quiser conversar sobre isso. 

Ela se vira para o outro lado e eu a vejo apagar a luz do abajur.

Olhei para o teto no quarto escuro, minha mente ficava voltando para o momento da cozinha, de como me senti quando ele ficou tão perto e mexeu no meu cabelo.
Não era possível que eu estivesse gostando dele, não é?

— Estou tão confusa pai. — Eu digo tão baixo para que Catarina não ouvisse, mesmo sabendo que ela já tinha pegado no sono.

Peguei meu celular para olhar as redes sociais, não tinha nada de novo. Eu estava sem sono.

Uma notificação chamou a minha atenção na tela.

“Ta acordada?”

“Eu estou, mas porque você está?”

“Tente dormir com esses dois roncando alto” — Eu abafei uma risada lendo sua mensagem.

“Sinto muito pelo seu sono.”

“Eu estava pensando, os cachorros quentes estavam muito bons mesmos”

“Você pensou nisso até agora?”

“Também. Mas não era só sobre isso que eu pensei.”

“E sobre o que mais você estava pensando?”

“Em você.” — A mensagem me faz dar um pulo na cama, por um momento minha respiração ficou pesada. — “Pensei que precisava pedir desculpas para você.”

Ah. Era isso.
Me assustei atoa.

“Pelo que está se desculpando?”

“Pelo outro dia na casa da sua tia. Eu acho que posso ter te incomodado com a proximidade de repente.”

“Sua aproximação não me incomoda”

“Ah é?”

“Digo, eu não fiquei incomodada naquele dia e entendo que você só estava tentando me consolar.”

“Não queria talvez você ter que explicar uma situação pra Victoria”

“Na verdade eu estava com medo de que você parasse de falar comigo depois daquilo. Se rolasse uma fofoca que você não queria.”

“Conversar com você tem sido a minha coisa favorita ultimamente”

Sinto algo balançar meu coração ao ler isso.
Eu realmente estava confundindo as coisas e precisava parar logo. Tenho apreciado tanto sua companhia que nem me toquei que talvez estivesse vendo coisas onde não tem, eu não podia estragar mais isso na minha vida.

“Você ainda tá aí?” — Ele pergunta.

“Quase dormindo”

“Acho que a gente precisava esclarecer umas coisas, pra ficar certo para os dois.”

Ele provavelmente estava se referindo a toda a situação em casa, no pensamento da tia Victoria sobre estar rolando alguma coisa entre a gente e acredito que queira explicar para ela que tudo não passou de um mal entendido.

Não queria admitir, mas esse pensamento me deixou magoada.

“Boa noite. Bons sonhos”

“Dorme bem Eli”

Desliguei o celular e virei para o lado oposto ao de Catarina.
Não sei como faria para pegar no sono agora.

Os traços do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora