O Pai Do Meu Noivo

Terceiro Capítulo

Rafael só soube da notícia alguns dias depois de retornar ao vilarejo, por meio dos comentários das pessoas nos lugares e por uma foto que circulava entre as pessoas do vilarejo: uma imagem de seu pai, Antônio, ao lado de Isabela ambos sorrindo e com alianças brilhando nas mãos. Ele não conseguia acreditar. A ex-noiva, a mulher que ele tinha abandonado no altar, havia se casado com seu próprio pai.

Sentindo-se traído e com o orgulho ferido, Rafael foi direto para a casa de Antônio ignorando os avisos de sua mãe adotiva e de seus amigos que tentavam acalma-lo em vão, ele saiu em disparada até a casa de seu pai. Ele logo chegou, bateu à porta com força, seu rosto vermelho de raiva. Isabela foi quem abriu, surpresa ao vê-lo ali, e ele não perdeu tempo em começar a discussão.

— Como você pôde fazer isso comigo, Isabela? Com meu pai?! — gritou ele, os olhos faiscando de fúria.

Isabela, apesar do choque inicial, manteve-se firme. Ela já havia passado por muita coisa para ser intimidada naquele momento. — Rafael, você não tem o direito de me questionar. Quem decidiu me abandonar foi você. Achei que já tinha deixado claro que não estava pronto para o compromisso.

— Mas com o meu pai? — ele retrucou, incrédulo. — Isso é uma traição. Vocês dois!

Nesse momento, Antônio apareceu, atraído pela confusão. Sua expressão era séria, mas ele tentava manter a calma. — Rafael, vamos conversar como adultos. Eu sei que é difícil para você, mas as coisas aconteceram naturalmente entre mim e a Isabela.

— Naturalmente? Você é meu pai! — Rafael não conseguia controlar a raiva. — Como pôde fazer isso comigo?

— Rafael, você não estava preparado para cuidar da Isabela. — Antônio respondeu, tentando manter o tom sereno. — E enquanto você decidiu deixá-la sozinha, eu estive ao lado dela. O que aconteceu entre nós foi algo verdadeiro.

— Verdadeiro? Isso é ridículo. — Rafael zombou, sua voz cheia de desprezo. — É só uma maneira de vocês justificarem a traição.

Isabela, já cansada da situação, levantou a voz. — Rafael, entenda uma coisa: eu não traí ninguém! Você foi quem me deixou sozinha, humilhada. Eu segui em frente e encontrei alguém que realmente me valoriza. Seu pai foi o único a se preocupar comigo, enquanto você... você apenas fugiu.

A discussão esquentou ainda mais. Rafael se recusava a aceitar qualquer justificativa, e Antônio, por mais que tentasse, não conseguia acalmar o filho. Em um impulso, Rafael empurrou Antônio, que tentou manter o equilíbrio e se afastar para não piorar a situação. Vendo isso, Isabela colocou-se entre eles, tentando impedir que a briga fosse além.

— Chega, Rafael! — gritou ela. — Pare de agir como uma criança mimada. Você tomou sua decisão, e agora quer jogar a culpa em cima de mim e do seu pai. Aceite que não é o centro do mundo!

Rafael, tomado pelo orgulho ferido, olhou para os dois com desprezo e saiu, prometendo que nunca mais falaria com o pai. Ele não conseguia lidar com a dor da rejeição e a sensação de ter sido trocado. De certa forma, ele sabia que a culpa também era sua, mas ainda era incapaz de admitir isso.

Enquanto ele saía furioso, Isabela e Antônio se entreolharam, respirando fundo. Sabiam que aquela situação não seria fácil, e que provavelmente enfrentariam muitos momentos como aquele. Mas também sabia que estavam dispostos a lutar pelo amor que haviam encontrado.