Era hora do intervalo, Mon e Nop estavam conversando, ''tirando o atraso'', como Nop se referiu a situação.
-Nós finalizamos o trabalho ontem, com a graça do senhor Jesus. – Disse Mon levantando os braços como numa prece.
-É para entregar na segunda e o Alex não quer fechar o trabalho até que ache que está tudo perfeito, mesmo que eu diga que uma nota alta já está garantida. Estou tão cansado. – Reclamou o rapaz.
-Eu ditei, Sam digitou, leu para mim, depois opinou e adicionou anotações. Acho que nos saímos bem. – Disse Mon satisfeita.
-Eu mal te vejo nos últimos dias. Você passou mais tempo longe de mim nesse mês do que em toda a sua vida. – Resmungou ele.
Mon refletiu sobre isso.
-Isso realmente parece verdade. – Comentou ela se sentindo culpada. – O que vai fazer depois da aula? – Perguntou
-Não sei. Provavelmente vou para a biblioteca novamente. Passo tanto tempo lá que já me sinto parte dos móveis. – Voltou a reclamar.
-Para de ser exagerado. Na semana que vem você estará livre do trabalho e tudo volta ao habitual. – Disse ela.
-Valha-me Deus...
O garoto foi interrompido quando o celular de Mon vibrou e tocou a sinfonia de Bach para desconhecidos. Mon franziu o cenho. Era muito raro receber ligações de estranho. Na verdade, isso nunca acontecia. Sabia que não era Sam, pois agora ela tinha seu próprio toque e qual seria a dificuldade que passaria no banheiro da escola, que precisaria da ajuda de uma cega? Mon riu da ideia antes de atender.
-Alô? – Disse ela. - Está falando com ela. Sarah?... Ah sim, lembro - Sorriu - ... Sério? – Franziu o cenho em frustração. – Não dá. Meus pais estão viajando e eles só voltam na semana que vem. Está tudo bem se eu te ligar quando eles voltarem? – Esperou a resposta da outra linha. – Tudo bem. Obrigada. – Respondeu, finalizando a chamada.
-Seus pais estão viajando? – Questionou Nop
-Não. Era a moça da agência de intercâmbio. – Respondeu ela guardando o celular no bolso da calça. – Ela falou que achou uma agência americana especializada em cegos.
Os ombros de Nop caíram. ''Esse assunto de novo?'' Se perguntou ele.
-E por que você mentiu? – Voltou a questionar. Uma chama de esperança de que Mon tenha desistido da ideia brilhando em seu tom.
-Sei lá. – Respondeu dando de ombros.
Ela sabia a resposta, seus pensamentos voaram para Sam. Mas a imagem foi ligeiramente apagada quando a voz de Mike tocou seus tímpanos.
-E aí? – Disse ele cumprimentando Nop.
Mon se encolheu no lugar.
-Oi. – Respondeu Nop secamente.
-Vocês viram a Sam por aí? – Perguntou ele, nem ao menos fingindo interesse nos dois. Mon amou e odiou a situação. Ele não queria saber dela. Ótimo. Mas o que queria com Sam?
-Foi no banheiro. – Respondeu Nop
Mike se encostou na pilastra ao lado deles, colocando as mãos no bolso.
-Que bom. Eu quero falar com ela. – Anunciou.
Mon torceu suas mãos em punho. Os nós dos dedos ficando brancos.
-Ela é bem gata, não concorda Nop? – Perguntou o rapaz. O assunto sendo extremamente desagradável para Mon. Ela não queria presenciar dois adolescentes em chamas comentando os atributos de Sam.
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Nos seus olhos
RomanceEscuridão. Alguns gostam, alguns não, outros apenas tem que conviver com ela. Mon vai descobrir o mundo nos olhos de outra pessoa. Adaptação©