Menssages that i didn't send

14 4 2
                                    

002

Runa Dixon

Olhando para trás, teriam algumas mensagens que eu gostaria de ter mandado.

Aquele ano, no início eu teria perguntado:

"Como foi a sua viagem?"

Meu dedo coçava enquanto eu olhava para o contato na tela do telefone, pensando se valeria a pena, considerando que não conversamos por mensagem.

Já que a distância fez coisas.

Afastou meu coração do meu lar e de pessoas que eu gostava tanto, isso apenas me traz arrependimento. De qualquer forma, não era minha culpa já que foi ideia da minha mãe mudar.

Mas tínhamos arrependimentos, remorso, vontade...

e a saudade principalmente.

Sinto falta de tudo, de cada mísero segundo que passamos e dos que nem mesmo chegamos a passar.

Eu mordi meu lábio, encarando a foto de perfil, suspirando.

E eventualmente, largando-o de mão, e esquecendo sobre isso.

Meses depois, outra mensagem que não enviei.

"Você está namorando?"

Digitei e apaguei várias vezes, roendo minha unha.

Aquilo estava atormentando meus pensamentos mais profundos e eu já não dormia a dias, todos os lugares que eu olhava em casa eu lembrava daquela tarde onde vi a joia pela primeira vez.

Pessoas já tinham comentado meses antes, mas eu escolhi ignorar, rezando para que fosse mentira.

Queria, precisava, implorava, para que fosse um engano, uma brincadeira de mal gosto.

Era evidente demais, num lugar feito para isso, ele a exibia com orgulho.

Por um momento eu pensei e não consegui decidir se estava triste ou feliz, quando disse a mim mesma, "Pelo menos não é a Annaya, certo?", depois me repreendia, "Você deveria estar feliz por ele, que infantil...".

Outra vez, um arrependimento que eu não conseguia entender.

Porque gostar do Chan é uma fantasia que eu escrevo.

Quando eu olho para trás e vejo meu eu mais novo, meu eu e meu primeiro amor, sei que mudei muito. Contudo, embora ainda consiga ver aquela criança dentro de mim, o olhar tão puro, ainda sim, tão forte, gostaria que fosse apenas isso, uma memória. Mas para os outros, aqueles em volta de nós dois, as coisas nunca mudam.

E continuamos a ser crianças, e isso frustra.

Principalmente pelo fato de você não querer ser tratado assim, mas me trata assim.

A hipocrisia disfarçada de carinho.

No fim, não podemos ser mais do que amigos justamente por isso, porque parei lá atrás, quando tínhamos seis anos.

Então, eu fechei o aplicativo outra vez, desistindo de enviar a mensagem.

Passaram mais meses e era minha formatura, sentada na cadeira da frente, vestindo minha beca alguns minutos antes que chegasse a minha vez de receber o certificado.

Mexendo no telefone e escrevendo:

"Sou adulta agora, isso provavelmente não muda nada."

De fato, não mudava muita coisa sobre várias coisas.

𝐖𝐡𝐢𝐬𝐩𝐞𝐫𝐬 𝐨𝐟 𝐘𝐞𝐬𝐭𝐞𝐫𝐝𝐚𝐲 •° - BangchanOnde histórias criam vida. Descubra agora