Remember us

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Runa Dixon

Warning: as frases em itálico representam flashbacks.

Você lembra daqueles momentos?

─ Chan, me espera! ─ berrei, pegando os carrinhos e os colocando em uma sacola plástica.

Aqueles dias do passado em que era tudo tão verde, tão azul, tão amarelo. E tudo tinha cheiro de flores, comida e ar puro.

─ Você anda muito devagar... venha logo ou eu vou começar sem você! ─ respondeu, sua voz soando emburrada enquanto se sentava no piso frio da cozinha.

Todas aquelas sensações e sentimentos, inocência e incoerência... Você poderia imaginar, que aquilo fazia tanto tempo, ou, tão pouco tempo?

─ Você não pode, se não conto pra sua mãe que você não quis brincar comigo. ─ disse, o alcançando e sentando ao seu lado. Minhas mãos seguraram a sacola e a viraram, os carrinhos de brinquedo se espalhando em nossa frente.

São memórias tão distantes que parecem um sonho, talvez, outro universo. Outro segundo, mais um segundo, eu costumei a implorar para ter essa vida de volta. Um dia, cada momento e ar que eu puxava, olhando para os lados e vendo o distante mundo em que tudo era tão diferente.

Quando você não tinha que se preocupar com o resto mas achava que ser adolecente e, eventualmente, adulto, te faria mais feliz.

E acabou que hoje não era como ontem.

E o lugar onde estávamos, nunca vai voltar.

─ Você gostava dele naquela época? ─ Miso perguntou ao meu lado, apoiando o queixo na mão enquanto conversávamos.

Meus olhos piscavam lentamente enquanto eu pensava.

─ Sim. ─ falei, suspirando em seguida. ─ Era quase impossível não me apaixonar por ele. A cidade era pequena e nossos pais não nos deixavam ser amigos de qualquer um, então, acabou por eu ser amiga do filho dos amigos dos meus pais. ─ meus olhos não olhavam para nada além de um canto da parede, eu mal ouvia a sala de aula caótica ao meu redor. ─ Eu não... conseguia ser amiga de meninos, era nova mas já tinha um pé atrás. Quando o conheci, realmente sentia que ele me considerava como algo importante.

Meus dedos tocaram meu lábio inferior enquanto eu imaginava, tentava lembrar dos borrões que minha mente havia criado.

─ Meus primos me deixavam de fora em muitas coisas, mas ele sempre esteve por perto e me travava apenas como o que éramos. ─ continuei. ─ Amigos. Éramos amigos, os melhores, mas eu ainda estava sozinha porque sentia que só poderia confiar nele, então na escola, eu continuava sentindo sua falta.

─ Você acha que ele gostou de você naquela época? Ou até mesmo hoje? ─ a garota me fez outra pergunta.

Meu olhar desceu até encarar o chão, pensar nisso me deixava triste.

─ Não. ─ respondi. ─ Ele nunca gostou de mim assim.

Porque no fim de tudo, éramos crianças, e no início do agora, eu ainda era uma criança.

A manhã passou consideravelmente rápido naquele dia e eu fiquei feliz mesmo depois daquela conversa.

Entrei pela porta de casa em passos calmos e cansados, logo já estava almoçando, e agora estava apenas no quarto enquanto rolava a tela do telefone.

Uma batida na porta pode ser ouvida e eu me sentei na cama, indo até a sala. Minha irmã disse que nossa mãe estava dormindo e que iria chamá-la, que eu deveria ir até a porta.

𝐖𝐡𝐢𝐬𝐩𝐞𝐫𝐬 𝐨𝐟 𝐘𝐞𝐬𝐭𝐞𝐫𝐝𝐚𝐲 •° - BangchanOnde histórias criam vida. Descubra agora