He is not you

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Runa Dixon

Os anos foram passando, e eu fui crescendo. Não literalmente, é claro.

Depois daquele dia, os meses pareceram voar e as coisas mudaram. Um ano depois, mais cursos técnicos. Outro ano a frente, um novo emprego e eu estava feliz, porque ganhava bem o suficiente para visitar minha mãe sempre que quisesse.

Assim, veio uma estação após a outra e já era novembro outra vez. Então, naquele dia, quando eu entrei pelas portas daquela mesma empresa, encarei o meu futuro sentado em uma das mesas.

Não me importei, para ser sincera. Nem me preocupei em olhar em seus olhos.

Até que, uma semana depois, algo me fez observá-lo pela primeira vez.

─ Runa, sei que não somos próximos ou algo assim, mas... eu estava pensando se você gostaria de sair comigo um dia desses. ─ o homem à minha frente disse, Jisung, era o nome dele.

Nenhuma palavra deixava meus lábios, pois eu não sabia o que dizer.

A sensação era estranha, diferente, para dizer o mínimo. Ele falava tão calmamente e me fazia tropeçar, pensar e considerar.

Dizia a mim mesma em meu cérebro, "Por favor, apenas esqueça ele e dê uma chance. Você já perdeu muitas oportunidades esperando por alguém que nem vai voltar.". E de fato, o Channie não ia voltar.

Mesmo que o mundo todo a minha volta mudasse e sim, eu mudasse, nada me fazia esquecer de sentimentos antigos, quase vergonhosos.

Quando pensava nele eu me questionava se era uma adolecente, presa no passado, implorando para voltar no tempo e viver minha vida de novo da melhor forma. Mesmo tendo quase 23 anos, trabalhando e morando sozinha, nunca poderia deixar de sentir o sentimento mais puro e genuíno que alguém é capaz de vivenciar.

Me sentia boba, uma criança.

Presa na ideia de uma história de amor.

─ Certo, claro. ─ balbuciei, piscando meus olhos rapidamente. ─ Vamos sair no sábado, o que acha?

Eu havia desistido de anos de solidão por uma chance de ter algo sem ter o Chan.

─ Sim, isso seria ótimo! ─ respondeu, concordando com a cabeça e um lindo sorriso no rosto.

Han me tratava bem, eu me sentia... talvez o mais perto que já estive de paz.

Ele me levava a todos os lugares que eu queria ir, sempre me pedindo para escolher e faríamos. Tínhamos encontros atrás dos outros, conversamos por ligação e eu me sentia cada vez mais tentada...

A beijá-lo pela primeira vez.

Sentia que estava o prendendo dentro de algo que ele não queria, sendo que se passaram dois meses e apenas tivemos beijos na bochecha.

Mas...

Aconteciam coisas que perturbam essa calmaria.

Semanas se passavam e eu achava que estava tudo bem, gostava da sensação de ter alguém gostando de mim. Então, chegou um dia e... ele não era como você.

Porque quando eu dizia:

─ Eu gosto muito desse filme, vamos assistir.

Ele respondeu:

─ Meu Deus, esse filme é o um dos piores da Dreamworks, eu prefiro o primeiro Gato de Botas. Até a animação ficou ruim. ─

Em vez de ficar em silêncio e sorrir suavemente, acenando com a cabeça e voltando a olhar pro filme, ele não prestou atenção do início ao fim mesmo que não fosse um de seus filmes preferidos, mesmo que seus pais já estivessem o chamando para ir embora, mesmo que isso não tivesse tanta importância assim.

─ Porque? É um filme ótimo que mostra de uma forma simples qual a sensação de uma crise de pânico, é legal. ─ resmunguei com um beicinho.

Ele revirou os olhos e desviou o olhar.

─ Vou na rua comprar algo pra gente comer, melhor que assistir esse filme. ─ respondeu, se levantando do sofá e deixando o apartamento.

Mas você nunca faria isso.

E era sempre assim, o mundo continuava e eu de repente me lembrava dele, pensando que nas menores coisas que ele sempre fez e talvez ninguém mais faria.

Pensando sobre como eu tinha mais coisa com alguém que não me queria do que com alguém que me queria.

Nada mudou, nunca ninguém esteve interessado. Me deixando por acabar gostando e deixando levar, quando menos percebi, aquela pessoa queria outra, e essa não era eu.

O Han me queria, mas ele nunca seria o Chris, que sendo só meu amigo, fez mais por mim.

E depois daquele tempo juntos, eu decidi que talvez eu nunca pudesse fazer outra pessoa feliz amando o mesmo garoto desde os... nem sei mais quantos anos faz.

Só sei que cheguei em Gangwon uma semana depois de dizer ao Jisung que não estava dando certo.

Minha mãe me recebeu de braços abertos e eu deixei as malas no quarto que um dia foi meu. Não posso dizer que as coisas eram as mesmas já que levei quase tudo menos a cama quando me mudei.

Olhando em volta, as fotos na parede de quando estava na escola encontravam-se e meu caminho. Sorri suavemente, tocando os rostos familiares nas fotos e sentindo a necessidade de vê-las outra vez.

Rir e brincar enquanto fazíamos qualquer coisa, como antigamente.

Mas às vezes aconteciam por apenas estarmos ocupadas demais.

Suspirei, deixando a polaroid em cima da cama e voltando para a sala de estar.

─ Runa, Jessica disse que está com saudades e vai vir nos visitar hoje. ─ minha mãe disse animadamente, sentada no sofá.

Eu engoli em seco, balançando a cabeça.

─ Ah, é mesmo? Já faz um tempo que não vejo ela. ─ falei, me sentando ao seu lado.

Assim, assuntos aleatórios se iniciaram e alguns minutos depois alguém bateu à porta.

─ Eu atendo. ─ minha irmã exclamou, andando rapidamente até o lado de fora para chegar ao portão.

Apenas concordei com a cabeça e esperei que ela voltasse, me levantando e indo até a cozinha para pegar um copo d'água. Quando me virei depois de pôr o copo na pia tive a vista de algo que eu não esperava ver depois de tanto tempo.

Bang Chan tinha um sorriso largo, fazendo suas covinhas ficarem em evidência. Seu cabelo estava escuro e no mesmo cumprimeiro da ultima vez, julgo que talvez ele tenha crescido alguns centímetros.

Ao mesmo tempo que tudo tinha mudado, nada mudou. Ele parecia o mesmo pelo qual me apaixonei.

─ Runa! Já faz tanto tempo.

─ Channie...

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⏰ Última atualização: Nov 17 ⏰

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𝐖𝐡𝐢𝐬𝐩𝐞𝐫𝐬 𝐨𝐟 𝐘𝐞𝐬𝐭𝐞𝐫𝐝𝐚𝐲 •° - BangchanOnde histórias criam vida. Descubra agora