[002] A Última Lâmina de Esperança

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O campo de batalha estava um caos. A névoa envolvia os soldados restantes, tornando o ar denso e difícil de respirar, enquanto o silêncio mortal pairava após o último grito de Renzo, o jovem mago sem talento, que ousou enfrentar o Guardião. Ele agora jazia no chão, imóvel, seu olhar perdido e sem brilho, para sempre fixado nas muralhas que ele sonhou proteger.

Os soldados observavam, muitos ainda em choque, sentindo o peso da mortalidade em cada fibra do corpo. Sentiam-se desolados, temendo não apenas o imenso poder do Guardião, mas também o que ele representava: um obstáculo impossível, um adversário que jamais seria vencido. Os murmúrios de desespero ecoavam entre eles, enquanto alguns fechavam os olhos, esperando que isso tudo fosse apenas um pesadelo.

A figura do Guardião destacava-se como uma presença sombria e inevitável. Em sua armadura antiga e imponente, ele parecia mais uma força da natureza do que uma entidade viva, irradiando uma aura de poder absoluto. Cada movimento seu, por mais sutil que fosse, transparecia uma autoridade inquebrável, deixando claro que ele não tinha a intenção de mostrar misericórdia a ninguém ali.

Os soldados, trêmulos, murmuravam entre si.

— Não podemos vencê-lo... não podemos — dizia um, com a voz entrecortada pelo medo.

— Renzo... ele foi o mais corajoso de nós, e olha o que aconteceu...— outro sussurrava, segurando a arma com mãos trêmulas.

— Vamos morrer aqui... assim como todos os outros...

Foi nesse momento que Howori deu um passo à frente, os olhos brilhando com uma determinação feroz. A respiração pesada, mas o rosto sorridente, como se o medo não tivesse poder sobre ele.

Ele ergueu a voz, atravessando o desespero que tomava o campo:

— Vocês acham que vieram até aqui para perder? Acham que Renzo, o garoto sem destaque, que teve a coragem de enfrentar o Guardião, enfrentou tudo isso por nada? Se ele, que não tinha renome, ousou dar sua vida pelo que acreditava, por que nós, os soldados de Avalon, não faríamos o mesmo?

Os soldados começaram a olhar para Howori, alguns com lágrimas nos olhos, como se finalmente encontrassem uma razão para não se render ao medo.

— Escutem! — ele continuou, com uma força quase palpável na voz. — Sim, Renzo caiu. Mas ele nos mostrou algo. Ele nos mostrou que, mesmo sem habilidades destacáveis, mesmo com todas as adversidades, ele se levantou e enfrentou o impossível. Não importa o quanto vocês achem que não podem fazer nada, não importa o medo que o Guardião coloque em vocês. Se Renzo teve coragem, todos nós podemos ter. Ele não foi derrotado pelo Guardião – ele se tornou um exemplo, um lembrete do que somos capazes quando acreditamos em algo maior do que nós mesmos.

Ouvindo essas palavras, o coração dos soldados começou a bater mais rápido, alguns limpavam as lágrimas e apertavam os punhos. Howori, vendo a mudança em seus rostos, sorriu levemente e ergueu a espada, apontando para o Guardião.

— Por Avalon! — ele gritou, energizando os homens e mulheres ao seu redor, que começaram a gritar em uníssono. — Pelos nossos companheiros caídos! Pelo nosso lar! Vamos dar tudo o que temos! Vocês são os protetores de Avalon, os heróis de amanhã! E, se hoje for o fim, então que sejamos lembrados como aqueles que não recuaram diante do impossível!

Os soldados, com a moral restaurada, gritavam com Howori, formando uma barreira de coragem contra o terror que era o Guardião. Howori, sem perder tempo, liderou-os em uma investida coordenada, sua presença motivando os soldados a dar o melhor de si.

RAKUREN - Herdeiros do AbismoOnde histórias criam vida. Descubra agora