[006] As Ruínas Perdidas

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Renzo caminhava em direção a Kaori, com passos firmes, enquanto a névoa ao redor se tornava mais espessa e opressora. Ela dava um passo para trás, hesitante, seus olhos fixos na figura enigmática à sua frente. O frio úmido da névoa parecia penetrar a pele, e o som de grunhidos distantes ecoava ao redor deles, como sussurros de algo maligno à espreita.

Renzo parou, encarando-a com uma expressão séria.

- Você não deveria confiar tanto nas pessoas, Kaori. - Sua voz era firme, mas não hostil. - Principalmente em alguém sem memórias. Acho que estamos perdidos.

Kaori sentiu um arrepio percorrer sua espinha. As palavras de Renzo, embora diretas, traziam consigo uma incerteza perturbadora. Ela olhou para os brilhos que surgiam na névoa, olhos que pareciam multiplicar-se a cada instante, cercando-os. Os grunhidos ficaram mais próximos, carregados de uma ameaça latente.

- Perdidos? - Ela murmurou, quase inaudível, o medo transbordando em sua voz. - Você está brincando, certo? Não podemos estar... não aqui... na névoa.

Renzo observou os movimentos dela, seu desespero crescendo. Ele respirou fundo, tentando manter a calma. Algo na névoa o tranquilizava, como se ele já tivesse enfrentado aquilo antes, como se conhecesse sua natureza. Mesmo sem memórias claras, sentia uma familiaridade inquietante.

A névoa era mais do que um véu espesso; era uma força viva, conhecida por engolir humanos e torcer suas mentes. Para os habitantes de Avalon, era sinônimo de morte lenta e inevitável. Criaturas surgiam de dentro dela, deformadas e agressivas, seus gritos e sussurros atormentavam aqueles que se aventuravam fora das muralhas. Não havia lugar para heróis na névoa - apenas para os mortos.

Kaori sabia disso, e o pavor em seus olhos era evidente. Para ela, estar ali era como encarar o abismo.

Renzo, por outro lado, parecia estranhamente sereno.

- Kaori. - Ele a chamou, sua voz cortando o silêncio pesado. - Precisa confiar em mim agora.

- Confiar em você? - Ela deu outro passo para trás, as mãos trêmulas segurando o manto. - Você acabou de dizer que estamos perdidos! Como posso confiar em alguém que nem sabe quem é?

Renzo deu um passo à frente, sua expressão suavizando, mas seus olhos brilhavam com determinação.

- Porque eu sei o que estou sentindo agora. E eu sei que, de alguma forma, posso nos tirar daqui.

Os grunhidos cresceram, reverberando na névoa como ecos de algo muito maior se aproximando. Kaori olhou ao redor, cada vez mais desesperada, sentindo que o tempo estava se esgotando.

- Confie em mim. - Renzo insistiu, sua voz agora mais baixa, quase um sussurro. - Só... me dê um momento.

Renzo fechou os olhos, concentrando-se no silêncio que residia dentro de si, ignorando os grunhidos e os olhos brilhantes que os rodeavam. Ele estendeu as mãos para o ar, buscando as partículas espirituais que havia aprendido a enxergar.

Quando abriu os olhos, pequenos pontos brilhantes começaram a surgir ao seu redor, como vaga-lumes em meio à escuridão. As partículas espirituais dançavam lentamente, formando padrões que Renzo seguia com o olhar.

- O que você está fazendo? - Kaori perguntou, a voz ainda carregada de medo, mas agora misturada com uma ponta de curiosidade.

- Procurando memórias. - Ele respondeu, enquanto suas mãos passavam suavemente pelas partículas, sentindo a energia que elas carregavam. - Essas partículas... guardam fragmentos do que aconteceu aqui. Se alguém sobreviveu a essa névoa, pode haver uma rota de fuga.

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⏰ Última atualização: 4 days ago ⏰

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