Eu Sou a Luna 2

Capitulo 36

Zaia tomou sua decisão.Não era o que eu esperava ou queria para eles, mas do jeito que ela me respeitou e me apoiou quando se tratava de Jai, eu farei o mesmo.

Já faz três dias e ela devolveu o título para Sebastian.Eu escolhi ficar aqui. Sei que é o que Jai gostaria que eu fizesse, ajudar a reconstruir esta matilha e seus lares.As pessoas aqui também precisariam de mim, especialmente aquelas que perderam entes queridos. Zaia vai voltar para o Crystal Shadow Pack, com o bando de ladrões sendo dela, ela planejou fazer bom uso das terras.

Os bandidos que eram inocentes o suficiente eram divididos em bandos, e alguns que queriam sair tinham permissão para fazê-lo por livre e espontânea vontade.Alguns que pareciam bastante desequilibrados foram colocados em isolamento para interrogatório e prisão, se necessário, incluindo os poucos que se recusaram a renunciar.

A maioria dos homens de Gerard foi capturada e, embora alguns tenham se matado para não se deixarem capturar, alguns ainda foram presos.Falando sobre prisão, Sebastian queria dar a Annalise uma sentença adequada, mas Zaia disse que exilá-la e bani-la de qualquer matilha naquele estado seria mais adequado.

Então, depois do nascimento do bebê, ela teria que ir embora, mas havia um porém. Ela teria que usar um rastreador pelos próximos três anos e teria que se reportar quinzenalmente.Então havia Cara... bem, Sebastian a prendeu por coagir alguém a fazer sexo quando não estava em sã consciência e também por trabalhar com o inimigo.

Ela passará no mínimo cinco anos na prisão e, se tiver sorte, pode conseguir sair ilesa depois disso.Acontece que ela era filha ilegítima de Rufus Santoni, alguém que havia desviado dinheiro da Toussaint Enterprise muitos anos atrás. Bem, a maçã certamente não caiu longe da árvore.

O carro para e vejo Atticus se aproximando e abrindo a porta para mim antes que eu possa. E pensar que antes eu o achava irritante, agora me sinto uma garota de sorte por ter um irmão como ele.“Bem-vinda ao nosso bando, Val”, ele diz, me abraçando.Eu o abraço de volta.

“Obrigada. É realmente estranho visitar agora.” Eu rio.“Bem, espero que esta seja uma visita que você realmente goste”, ele diz. Dando um passo para trás, ele se vira para as duas mulheres que estão ali. A Luna anterior, Shelby, sua mãe e sua irmã Linette.Ambas as mulheres estão me observando. Shelby está sorrindo, e Linette parece simplesmente observadora.

Algo me diz que ela não vai gostar tanto de mim."Mãe, Linette, esta é Valerie", Atticus me apresenta enquanto me aproximo e ofereço minha mão a Shelby.“Valerie! Bem-vinda ao The Whispering Mountain Pack!” ela exclama, me envolvendo em um abraço poderoso.“Obrigado, Srta. Payne,” eu respondo, me afastando lentamente de seu aperto de ferro com um sorriso. “Linette. Olá.” Eu ofereço minha mão a ela, que ela pega e sorri.

“Oi, só para você saber, eu sou a irmã favorita dele.”Não consigo deixar de rir disso. "Vou lembrar", prometo com uma risada. Olho para Atticus, que está sorrindo de diversão enquanto nos observa.Mas eu não preciso ser o favorito dele. O que ele fez por mim é mais do que eu poderia esperar, e ele esteve lá nos momentos difíceis.

Eu realmente o aprecio e espero que um dia ele encontre uma mulher que o ame de todo o coração."Bem, eu posso ter mais de um favorito, não posso?" Atticus provoca antes de colocar um braço em volta de nós dois, fazendo Linette sorrir.“Ok, tudo bem, mas eu sou a favorita.” Linette persiste.

"Estou tranquilo com isso", respondo antes que Atticus possa responder. Ela sorri para mim e, embora isso não signifique muito para mim, para ela, esse título significa.Talvez ela tenha se sentido ameaçada por mim? Não tenho certeza, mas se ela querer o título de favorita ajudaria nosso relacionamento, estou bem com isso.

“Ok, chega dessa bobagem, vamos entrar. Preparei muitos pratos deliciosos.” Shelby diz, balançando a cabeça para a filha.“Você ou o cozinheiro?” Atticus pergunta, erguendo uma sobrancelha.

Linette ri e eu escondo um sorriso enquanto Shelby faz beicinho. “Bem, é a mesma coisa!” ela o repreende.Acho que vou gostar dessa família. Falando nisso, eu conversei com o papai sobre tudo, e ele foi bem honesto comigo, só queria que tivessem me contado antes...

“De qualquer forma, Valerie, Atticus me disse que você é médica, então você é como uma médica, doutora? Totalmente qualificada?” Shelby me pergunta.

“Sim, totalmente qualificado e definitivamente um médico, doutor”, respondo com um sorriso.“Eu te disse isso, mãe”, Atticus acrescenta.“Estou puxando assunto. Cale a boca.” Shelby rebate, acenando com a mão.Eu rio enquanto olho para Atticus, que está quase fazendo beicinho e me sinto leve.

Mesmo quando enfrentamos dor e tragédia, há momentos que aliviam esse fardo, e este é um deles.'Obrigado.'Atticus olha para mim, com aquele sorriso característico no rosto.'Não precisa me agradecer. É para isso que servem os irmãos.'Não respondo, mas acho que ele não percebe que nem todos os irmãos são... assim como Zade.Ele não é nada para Zaia como Atticus é para mim…

(FLASHBACK – DOIS DIAS ATRÁS)

“Doutor, ele não está comendo.” Um dos homens diz, estendendo ninguém menos que o cartão de arquivo de Zade Toussaint.

Franzo os lábios, recusando-me a deixar minhas emoções tomarem conta.“Então deixe-o continuar a passar fome”, respondo, virando-me."Doutor…"Fecho os olhos, não querendo me incomodar com quem matou Jai, mas o dever de um médico é curar a todos.

"Estarei aí mais tarde hoje à noite ou amanhã", respondo secamente antes de ir embora.A noite tinha caído, mas eu não tinha ido checar Zade, mesmo tendo tempo. Quem se importa se ele morre de fome? Eu jogo a bolsa que estou segurando no chão com raiva.

Ele não faz nada além de invocar raiva e ódio dentro de mim. Nunca odiei alguém tão profunda e apaixonadamente quanto odeio Zade. Por que Jai teve que morrer?! Por que não Zade?!Por que a Deusa fez isso?!Eu caio de joelhos, meu coração se partindo novamente.

Sento-me ali, tentando controlar a dor no meu peito.Jai… Eu não merecia seu amor…Seus olhos azuis e seu sorriso me vêm à mente, fazendo meus olhos arderem em lágrimas.Não sei quanto tempo se passa antes de eu me levantar.

Decidindo acabar logo com isso e pegando meu casaco, sigo em direção à prisão.Mostro meu crachá antes de me deixarem entrar.“Você está aqui para ver o prisioneiro 186?”, pergunta o chefe da guarda.Eu aceno, e ele nos guia. A prisão de Zade não é como a de Gerard, nem é como aquela em que qualquer outro prisioneiro é mantido. É uma gaiola cercada por fios elétricos.

Qualquer um que tentasse passar por ela morreria instantaneamente, lobisomem ou não. Ali, no meio, caído na cadeira, amarrado com correntes e com a cabeça pendurada para trás, está Zade.Seu corpo é puro músculo, cada crista e cada sulco de seu abdômen é esculpido profundamente. Esculpido à perfeição, mas ele está longe de ser perfeito.

Não tenho certeza se ele está acordado, pois ele permanece imóvel e só percebo que ele está acordado quando a porta é destrancada e me deixam entrar.“Se você não comer, isso mostra o quanto você é covarde. Você não estaria cumprindo sua punição se morresse tão cedo, certo?” Eu digo friamente, olhando para o homem na cadeira. Ele lentamente levanta a cabeça e levanta uma sobrancelha, mas como sempre, ele não diz nada.

Ele simplesmente me encara, seu rosto ilegível, seus olhos pálidos me assustando, e eu rapidamente tomo a injeção de vitaminas vitais que o manteriam vivo mesmo que ele não estivesse com fome.Não gosto do jeito que aqueles olhos me observam, e meu coração começa a disparar quando me aproximo dele.

Pare de olhar para mim!Ele pisca quase como se pudesse sentir minha raiva enquanto enfio a seringa em seu pescoço, no ponto mais sensível, mas ele não recua, simplesmente continua me observando.

Meu coração aperta. Eu odeio isso… Eu odeio vê-lo.Eu me afasto dele, mas seus olhos não me deixam. Eu me viro, saindo da cela, mas mesmo assim, aqueles olhos me seguem...

(FIM DO FLASHBACK)

Eu afasto o pensamento doloroso, não querendo pensar no homem que não aceitou minha rejeição. O monstro que é meu companheiro.“Ah, isso cheira bem”, Atticus diz, me tirando da minha linha sombria de pensamentos, e esses meus pensamentos sombrios não são para hoje…