vazio

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Jimin sabia que estava doente. Não doente de amor, ou algo assim. Sua mente estava doente.

Ficou momentaneamente arrasada com o término com Minjeong quando aconteceu. E mesmo após sua mudança radical no cabelo e promessa de esquecê-la, ela foi atrás da garota, insistiu e tentou lutar — bobagem de sua parte, talvez, mas pelo menos ela tentou ir até o fim, ninguém podia negar. Mas, Minjeong estava irredutível, continuando a dizer que era para o bem das duas.

Jimin então aceitou e voltou para sua casa, tendo em mente que não tinha chance daquele relacionamento quebrado ser concertado.

Foi para seu quarto em passos automáticos. Já estava de noite quando colocou o pijama e se enfiou de baixo das cobertas. Deitada de barriga para cima, encarando a escuridão, era 02h12 da manhã, e em sua mente se repassava as conversas com Minjeong.

Só que tinha um problema nisso tudo: Jimin não sentia absolutamente nada.

O silêncio da madrugada parecia ensurdecedor, e o vazio em sua mente era tão denso que quase pesava sobre seus ombros. E esse imenso vazio em seu peito era quase maior quanto o vazio em seua mente. Ela nem ao menos produzia um mísero pensamento sem se forçar a isso. Nem ao menos aquelas mesmas perguntas repetitivas com ela se culpando — Será que foi minha culpa? Fui sufocante demais? Ninguém nunca vai me amar? — apareciam em sua mente para a perturbar.

Jimin nem mesmo sentiu vontade de franzir o cenho em confusão. Parecia apática demais, até para si mesma.

Será que ela teria realmente amado Minjeong? Por que então suas lembranças estavam como um borrão? Mal se lembrava da risada de Minjeong e dos apelidos carinhosos. Nem ao menos dos maus momentos se lembrava. Jimin até se esforçou para buscar mais memórias, mas a imagem parecia fora de foco, como se estivesse tentando se lembrar de um rosto em um sonho.

Era estranho, como se ela tentasse se lembrar de um pensamento antes de pegar no sono. Céus... Minjeong tinha sido importante, não? Mas não restava nada. Por quê?

Que porra tinha acontecido?

Talvez fosse normal. Talvez as pessoas fossem feitas para esquecer umas às outras. Isso era bom, certo? Então por que parecia tudo tão... estranho?

Sinceramente, a verdade era que esse vazio sempre esteve lá dentro de Jimin. Minjeong só havia sido como um pequeno raio de luz em meio à escuridão, mas agora até isso tinha desaparecido.

Bom, de certa forma, isso significava que não seria tão difícil deixar no passado a garota que amou e seguir em frente. Jimin provavelmente sairia para conhecer outras garotas mais cedo do que pensou que faria.

Mas aquilo a incomodava. Aquele sentimento de vazio maldito.

E o vazio não era só mental; era físico. Não sentia um peso em seu peito, mas era como se cada respiração fosse superficial demais. Não era uma dor angustiante, mas também não era um sentimento de alívio.

Mas, de qualquer forma, Jimin tinha conseguido o que queria: teria enfim se esquecido de Minjeong.

Isso era bom, Jimin achava. Não havia amor, não havia dor. Apenas... nada.

E talvez o nada fosse o suficiente naquele momento.

Broken | Karina (aespa)Onde histórias criam vida. Descubra agora