15 de Março de 2021
Saio do closet ainda com a camisa do uniforme na mão, lembrando que preciso conferir se meus livros estão na mochila já que estava revisando um pouco dos assuntos.
Escuto um assovio, Kian olhando para os meus seios cobertos pelo sutiã. Visto a camisa e ele levanta o olhar, sorrindo. Eu não estou sorrindo, estou com sono.
— Você parece uma velha ranzinza quando acorda — murmura, deixando o celular na cama e se levantando, vindo até mim. Ele tira o cabelo do meu ombro, olhando o meu pescoço. — Eu te aconselharia a usar um casaco.
— É claro que vou usar um casaco.
Sei que ele está falando da marca que deixou no meu pescoço, mas estou falando dos meus braços.
Vovô deixou que Kian passasse a noite aqui depois da festa. Já estou cansada e chateada antes do café da manhã, achei que não iria precisar tomar o remédio para dormir por estar dormindo com Kian, não preciso tomá-los quando durmo com alguém, mas ele não me deixou dormir. Devo ter tido menos de duas horas de sono por precisar acordar ainda mais cedo para organizar tudo. E depois da escola vou ao cemitério. Nem sei se hoje vou conseguir ao menos praticar balé hoje.
Afasto-me dele e vou até a minha mochila, checando rapidamente os livros. Volto para o closet para pegar o casaco do uniforme, então volto para o quarto e pego a mochila. Preciso conferir as crianças agora.
— Por que está tão agitada? A babá cuida das crianças.
— Não tem babá.
— Não?!
Balanço negativamente a cabeça e saio do quarto. Vou para o das crianças. Harry já está vestido, parado na frente da estante lotada de adesivos procurando algum livro, só falta pentear o cabelo dele. Dora está sentada na cama de Harry agarrada a uma pelúcia da Luna Lovegood que Harry gosta, parecendo tristonha e sonolenta. Ela levanta o olhar ao perceber minha presença e vejo as lágrimas em seus olhos e seu lábio inferior tremendo.
— O que houve, Presentinho? — pergunto, preocupada, deixando minha mochila junto com a de Harry e me aproximando dela. Coloco a mão na base de sua cabeça para sentir sua temperatura, parece um pouco quente, mas não o suficiente para que seja febre. Vejo uma lágrima escorrendo pela sua bochecha. Ela engatinha sobre a cama e se agarra a mim, enterrando o rosto no meu pescoço.
— Eu não quero que vocês vão para a escola! — A voz dela sai abafada contra a minha pele. Sento-me na cama e puxo ela para o meu colo, deitando a minha cabeça sobre a dela. As mãozinhas dela agarram meu casaco com tanta força que eu duvido que alguém conseguiria separar nós duas. Harry ainda está olhando os livros, parecendo indiferente. Estou aliviada que ele parece ter aceitado agora, depois de toda a dificuldade que tive para explicar a ele que íamos começar a frequentar a escola.
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Minhas Estrelinhas
ChickLitStella às vezes quer ficar sozinha, mas as risadas da garotinha e os pedidos de leitura de historinhas para dormir do garotinho a lembram que toda a animação dela quando tinha 8 anos de ser uma irmã mais velha se transformou em uma responsabilidade...