Rio de Janeiro
As portas do elevador se abriram, revelando o saguão do prédio. A luz fria do lado de fora contrastava com o calor insuportável que ainda pairava entre mim e Nascimento. O silêncio que veio depois do beijo era quase ensurdecedor, e eu podia sentir meu coração batendo tão alto que parecia ecoar no pequeno espaço. Ele ainda estava parado na minha frente, o corpo rígido e os punhos cerrados ao lado do corpo, como se estivesse segurando algo dentro de si com todas as forças. Seus olhos, porém, não mentiam. Havia algo mais ali, além da raiva habitual. Ele estava tão confuso quanto eu, e por algum motivo, isso me deu uma sensação estranha de satisfação. Eu poderia sair agora, descer do elevador e fingir que nada aconteceu. Poderia seguir meu dia e ir para o aeroporto como se tudo estivesse normal. Mas nada estava normal. Nada entre nós era normal.
Nascimento foi o primeiro a quebrar o silêncio, a voz rouca, mas ainda carregada de firmeza.
— Isso aqui... — Ele começou, mas parou, balançando a cabeça como se estivesse frustrado com a própria incapacidade de formular a frase certa. — Isso aqui não faz sentido. Você não faz sentido.
Soltei uma risada curta e seca, cruzando os braços enquanto olhava para ele. — Ah, porque tudo em você faz sentido, né?
Ele me encarou, os olhos duros de novo, como se estivesse me desafiando a continuar. — Eu não tenho tempo pra esse tipo de merda, Carolina. Não tenho paciência pra joguinhos.
— Joguinho? — Rebati, dando um passo à frente. — O único que tá jogando aqui é você, Nascimento. Você aparece do nada, me trata como se eu fosse um problema que você precisa resolver, e depois não consegue lidar quando as coisas fogem do controle.
- Ele descruzou os braços, dando outro passo em minha direção. Agora estávamos cara a cara de novo, tão próximos que eu podia sentir o calor do corpo dele irradiar.— Eu sei lidar com tudo Inclusive com
você.Aquela afirmação me pegou de surpresa.
Havia algo no jeito como ele disse aquilo, algo que não era apenas arrogância ou autoridade. Era como se ele estivesse me testando, como se estivesse esperando que eu o empurrasse até o limite, só para ver o que aconteceria.
— Duvido — sussurrei, desafiando-o.
Os olhos dele escureceram, e eu vi o maxilar se contrair de novo. Ele estava no limite, e uma parte de mim sabia que, se eu continuasse provocando, isso ia explodir de um jeito ou de outro. Mas eu não conseguia parar. Não com ele ali, tão perto, tão intenso.
— Quer apostar? — Ele murmurou de volta, e a voz dele era baixa, quase um rosnado.
Eu deveria ter dado um passo para trás, deveria ter me afastado. Mas ao invés disso, eu ergui o rosto, os olhos presos nos dele, e antes que eu pudesse controlar o impulso, minha boca já estava se movendo.
— Vai se ferrar, Nascimento. — As palavras saíram em um sussurro, mas havia algo mais ali, algo que soava quase como uma provocação.Foi o estopim.
Antes que eu pudesse digerir, ele me puxou de volta para perto, seus lábios colidindo com os meus com uma urgência quase agressiva. O beijo dessa vez não era rápido ou impulsivo; era feroz, como se toda a frustração, toda a raiva acumulada entre nós tivesse encontrado sua saída. As mãos dele seguraram minha cintura, me puxando contra o corpo dele com tanta força que parecia que ele queria apagar qualquer distância que ainda restava. Eu não me importei em lutar contra isso. Não naquele momento. Minha mente estava em branco, os sentidos consumidos apenas pelo calor dele, pelo jeito que os lábios dele se moviam sobre os meus, exigindo. Eu retribuía na mesma intensidade, minhas mãos seguravam a frente da camiseta dele, puxando-o para mais perto, como se eu precisasse daquilo tanto quanto ele.
A porta do elevador ainda estava aberta e alguém poderia passar a qualquer momento mas não me importei. Tudo o que eu conseguia sentir era o corpo dele pressionado contra o meu, o som da respiração pesada dele misturada à minha, e o gosto dele que era quase tão intoxicante quanto a tensão que sempre existia entre nós. Então, ele se afastou, abruptamente, como se tivesse sido atingido por uma onda de realidade. Nascimento me encarou, a respiração rápida e o olhar intenso, ainda segurando minha cintura, mas sem se mover.
— Isso... isso aqui e loucura. — Ele disse, a voz rouca e cheia de conflito interno. Era como se ele estivesse tentando se convencer de que aquilo era um erro, mas o desejo em seus olhos contava uma história completar te diferente. — Isso precisa parar. — Ele murmurou, mais para si mesmo do que para mim.
Eu dei um passo para trás também, sentindo o impacto das palavras dele, mas não sabia o que responder. Uma parte de mim concordava. Talvez aquilo fosse uma loucura. Mas outra parte de mim... outra parte queria mais.
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Collide | Capitão Nascimento
FanficEu sempre tive uma queda pelo perigo. Talvez seja a adrenalina que ele traz, ou o mistério que o envolve. E, olhando de longe, Roberto Nascimento parecia feito de ambas as coisas. Alto, ombros largos, a postura de quem carrega o peso do mundo nas co...