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A fumaça da panela subia lentamente enquanto Samira mexia o ensopado com paciência

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A fumaça da panela subia lentamente enquanto Samira mexia o ensopado com paciência. O aroma de legumes e ervas era leve, mas suficiente para aquecer o coração em meio ao frio implacável. Sua casa era pequena, com paredes feitas de madeira desgastada e buracos tapados com peles de animais. Não havia luxo, apenas o necessário para sobreviver.

- Samira, o fogo está baixo de novo! - Gritou seu irmão mais velho, Arvid, enquanto entrava pela porta carregando uma pilha de lenha nos braços. Ele tinha o rosto endurecido pela vida dura, mas ainda carregava nos olhos um brilho de proteção pela irmã.

- Eu sei! Estou cuidando disso! - Respondeu ela, sem olhar para ele, jogando mais um pedaço de madeira na fogueira.

Seu pai estava sentado no canto, afiando uma velha lâmina. O silêncio dele era comum, especialmente desde que sua mãe havia partido. Ele raramente falava, mas quando o fazia, suas palavras eram mais pesadas do que qualquer machado.

- Não adianta reclamar, Arvid. Pelo menos temos comida hoje. - Disse o pai, com a voz grave.

Samira sabia que ele tinha razão. As colheitas estavam cada vez mais escassas, e os dias de inverno traziam mais preocupações do que conforto. Ainda assim, ela fazia o possível para manter alguma normalidade na casa, mesmo que isso significasse sacrificar os próprios desejos para cuidar dos dois homens de sua vida.

Enquanto terminava o preparo do ensopado, olhou pela janela para o horizonte distante. Ela sempre sentiu que havia algo mais além daquela vila miserável. Um desejo de ver o mundo pulsava em seu peito, mas sabia que seus sonhos eram impraticáveis.

- Samira, traga logo essa comida! - Reclamou Arvid, já sentado à mesa de madeira.

Ela revirou os olhos, segurando o caldeirão com firmeza enquanto o levava até a mesa.

"Um dia...", Pensou, enquanto servia o jantar.

Mal sabia ela que o destino estava prestes a mudar sua vida para sempre.

Samira quase deixou o caldeirão cair quando a porta foi aberta com violência. Um homem, suado e ofegante, entrou como uma tempestade, os olhos arregalados de puro pavor.

- Estão aqui! Os vikings! Eles estão invadindo a vila! - Gritou o aldeão, sem fôlego, agarrando-se à porta como se precisasse dela para se manter de pé.

A sala ficou em silêncio por um instante, como se o mundo inteiro tivesse parado. Samira, ainda segurando o caldeirão, não conseguiu reagir rápido o suficiente quando sua mão escorregou e a comida se espalhou pelo chão de terra batida.

-- Nossa comida! - Exclamou Arvid, levantando-se bruscamente, enquanto o pai cerrava os punhos, o olhar carregado de raiva e preocupação.

- Deixe isso, Arvid! - Disse o pai, empurrando a cadeira para trás e ficando de pé.

- Pegue suas armas! Samira, esconda-se! -

- Esconder?! E vocês? - Perguntou ela, sentindo o coração bater forte no peito.

O pai a encarou com firmeza.

- Não discuta. Vá para o celeiro e fique lá até que tudo acabe. -

Arvid já estava empunhando seu machado enferrujado, o rosto determinado.

- Não podemos lutar contra eles, pai. Precisamos fugir! -

Antes que pudessem decidir, o som de gritos e o crepitar das chamas chegaram pela janela. Samira congelou ao ouvir o barulho de cavalos e o estrondo de madeira sendo arrombada. Os vikings haviam chegado.

- Agora, Samira! - Gritou seu pai, empurrando-a em direção à porta dos fundos.

Ela correu, os pés descalços levantando poeira enquanto tentava ignorar os gritos desesperados da vila. Cada passo parecia um desafio, seu corpo tremia, mas ela sabia que não podia parar. Assim que alcançou o celeiro, escondeu-se atrás de uma pilha de feno, cobrindo-se com pedaços soltos para não ser vista.

Por um momento, tudo o que ouviu foi o som do próprio coração. Mas, então, a porta do celeiro rangeu.

Samira prendeu a respiração. Um grupo de passos pesados entrou, o cheiro de ferro e suor era inconfundível. Ela sabia que estava encurralada.

Uma voz grave e autoritária ecoou pelo celeiro:

- Vasculhem tudo. Não deixem nada para trás. -

Samira fechou os olhos, as lágrimas queimando seu rosto.

"Por favor, que eles não me encontrem...", implorou em silêncio.

Mas o destino tinha outros planos.

Mas o destino tinha outros planos

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Mot. (Thorfinnxleitora) HIATUS.Where stories live. Discover now