Samira lentamente levantou a cabeça, e seus olhos se encontraram com o olhar de um homem. Não era como os outros vikings, cujos olhares eram imundos e desprovidos de qualquer compaixão. Não. O olhar daquele garoto era diferente: era vazio, duro, imp...
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Samira sentia seu coração pesado e os olhos embaçados pelas lágrimas. O silêncio no canto do convés a envolvia, quebrado apenas pelo som das risadas grotescas dos vikings e pelos suspiros abafados das outras mulheres. Enquanto seu corpo ainda tremia de desespero, sua mente vagava entre memórias dolorosas e o medo constante do que ainda estava por vir.
No entanto, no meio de sua angústia, algo a fez estremecer. Uma sensação, como se alguém a estivesse observando com uma intensidade fria, cortante. Samira lentamente levantou a cabeça, e seus olhos se encontraram com o olhar de um homem. Não era como os outros vikings, cujos olhares eram imundos e desprovidos de qualquer compaixão. Não. O olhar daquele homem era diferente: era vazio, duro, impassível.
Thorfinn.
Ele estava parado um pouco à distância, seu semblante fechado e seus olhos azuis fixos nela. Samira o reconheceu imediatamente. O jovem viking que, apesar de ter matado seu irmão, havia sido o único a impedir que os outros homens a tocassem. A mesma mão que matou seu irmão em um único golpe de misericórdia agora parecia a observar sua dor com uma frieza imensurável.
Ela sentiu uma onda de emoções conflitantes se misturando dentro de si. Ódio. Gratidão. Desprezo. Confusão. Thorfinn não parecia se importar com nada além de cumprir seu dever, mas ele não deixou que os outros vikings abusassem dela. Ele a salvou naquele momento, mas, ao mesmo tempo, ele também foi responsável pela morte de seu irmão. O que significava aquilo?
Samira olhou fixamente para ele, seus olhos um reflexo de dor e raiva. Ela queria gritar, queria o desafiar, perguntar o motivo de tudo aquilo. Mas ao mesmo tempo, uma parte dela sentia algo próximo à gratidão. Gratidão por ele ter poupado a dignidade dela, ou talvez por ter dado a seu irmão uma morte rápida, sem sofrimento.
Thorfinn, em silêncio, a observava, impassível. Samira não sabia o que ele estava pensando, mas o que mais a assustava era a sensação de que ele estava alheio a tudo o que acontecia ali, como se ela fosse apenas mais uma coisa em seu mundo violento. Algo a ser ignorado ou descartado, dependendo do momento. Um pedaço de carne em um campo de batalha onde ele não se importava mais com quem vencia ou perdia, desde que ele saísse vitorioso.
Ele não disse uma palavra. Nada de consolo. Nada de remorso. Apenas silêncio. Samira não sabia o que fazer com isso. Queria odiá-lo, mas não conseguia se livrar de uma sensação amarga de que ele, de alguma forma, havia sido seu único refúgio naquele mar de caos e dor.
— Você... — Ela sussurrou, sua voz quebrada pela emoção.
— Por que não fez nada? Por que matou meu irmão tão rápido... e agora... está apenas me olhando? -
Mas suas palavras se perderam na escuridão. Thorfinn não respondeu. Ele apenas continuou a observá-la de longe, como se nada daquilo realmente importasse. Samira sentiu seu corpo se afundar de novo na desesperança, mas dessa vez, era diferente. Algo dentro dela se quebrou ainda mais. Ela estava cercada por inimigos, por uma crueldade sem fim, e o único ser que, de alguma forma, havia se mostrado "humano" em todo aquele caos estava ali, impassível. Como se, para ele, a dor e o sofrimento das pessoas ao seu redor fossem irrelevantes.
Samira fechou os olhos, deixando as lágrimas caírem silenciosamente. Ela não sabia se sentia mais ódio ou mais dor. Mas naquele momento, ela sabia que, de alguma forma, o homem que havia matado seu irmão com tanta frieza se tornara o ponto de referência em um mar de imundície e dor. E o que isso significava, ela ainda não sabia.
Samira sentia seu corpo tremendo de raiva, seus punhos cerrados, mas ela não conseguia desviar o olhar de Thorfinn. Ele estava ali, perto dela, em silêncio, com os olhos frios e implacáveis, como sempre. Seus olhos azuis não mostravam nenhuma compaixão, nenhuma empatia. Para ele, ela não passava de mais uma das vítimas que estavam ali, como se fosse uma coisa insignificante. O ódio queimava dentro de Samira, mas também uma sensação desconfortante. Ela não sabia ao certo o que sentia em relação a ele. Seu irmão estava morto por sua causa, mas ao mesmo tempo, ele não a havia deixado ser tocada por outros homens.
A frustração a consumia.
Enquanto ela encarava Thorfinn, Askeladd observava a interação com interesse. Ele não se manifestou, mas um sorriso subtil apareceu em seu rosto, como se visse algo divertido naquele momento tenso.
De repente, um dos vikings, um homem corpulento e sujo, se aproximou de Samira com um sorriso lascivo. Ele a olhou de cima a baixo, claramente avaliando-a como se fosse uma mercadoria, algo que ele poderia "possuir". Ele se inclinou para perto, sua respiração fétida invadindo o espaço ao redor dela.
— Ei, garota. Você tem uma aparência bonita... — Disse ele com uma voz rouca e suja, as mãos estendendo-se em direção a ela.
— Vai ser boa para aquecer a cama de um homem como eu. -
Samira sentiu um repúdio tão forte que seu estômago se revirou, mas ela não recuou. Seus olhos estavam fixos nele, cheios de ódio, e ela sentiu uma força brotar dentro de si, uma vontade desesperada de lutar, de não ser mais uma vítima. Ela queria gritar, bater, fazer algo, mas a dor e o trauma a paralisavam momentaneamente. Ela não era mais a menina do campo que preparava refeições para a família. A vida lhe mostrava sua verdadeira face, e ela estava aprendendo da maneira mais difícil que não tinha mais escolha.
Mas o que aconteceu em seguida a deixou ainda mais furiosa. Thorfinn, que estava ali, observando tudo sem mover um músculo, vacilou. Seus olhos, antes imperturbáveis, agora piscavam, um momento de dúvida. Ele, o assassino impiedoso, o viking imbatível, estava hesitando? Por um instante, parecia que ele pensava em intervir, mas não o fez. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor.
Samira percebeu a hesitação dele, e, ao invés de se sentir aliviada, aquilo só aumentou sua raiva. Como ele podia ficar parado ali, vendo aquilo acontecer e não fazer nada? A dor da perda de seu irmão, a humilhação de ser tratada como um objeto, tudo isso se misturava em seu peito. Ela olhou fixamente para Thorfinn, sem entender nada sobre ele, mas com uma raiva intensa que agora se voltava para ele também.
Ela não sabia mais o que queria dele. Mas o ódio dentro dela crescia a cada segundo. Ele não era diferente dos outros vikings, apenas mais calado e mais distante. Ela era apenas mais uma prisioneira, mais uma coisa a ser esquecida enquanto ele continuava com sua missão, com seus próprios objetivos.
O viking riu, achando que a falta de reação era sinal de submissão, e tentou avançar ainda mais, mas a tensão no ar era palpável. Thorfinn, ainda imóvel, finalmente se mexeu, mas não para impedir o homem de tocar em Samira.
Ele apenas deu um passo para o lado, deixando claro que não era seu problema. Samira sentiu uma mistura de desespero e frustração se intensificar dentro dela, e, por um momento, ela sentiu que a raiva poderia consumi-la por completo.
Ela se virou para o viking, sentindo sua alma ardendo em fúria, sem saber o que poderia fazer.
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