Essa é uma história completamente separada da anterior. Aqui você vai acompanhar uma manhã com Isabela, uma jovem autista que vem a ter uma regressão involuntária no cursinho.
Deixo aviso de gatilho abaixo:
- cenas descritivas de cortes/autolesão.
- cenas descritivas de crises.Boa leitura!
.
.
.Já me sentia mais do que agoniada com a espera do que eu tava desejando fazia meses. Minha irmã saira de casa finalmente para morar com o namorado! E nosso pai, sempre ocupado e em viagens à trabalho, não estava. A casa era só minha por no mínimo uma semana. E certamente aproveitaria e muito a mamadeira que estava para chegar pelo correio.
Minha família era acostumada com meu jeito mais infantil de ser, mas penso que nunca imaginariam que beirando os vinte anos eu teria no meu quarto uma caixa com chupetas, prendedores, mordedores, babadores, chocalhos, e que me presentearia com uma mamadeira nesse natal.
Desde os meus treze anos parecia que eu não crescia junto com minhas amigas... Enquanto elas tinham interesses de adolescentes como deixar de brincar de bonecas e casinha, para se preocuparem com meninos, meninas, namoros e ficadas, eu mantinha meu quarto como estava desde a infância. Era como se esse período não tivesse passado. E hoje, com dezenove anos, tenho muitas regressões de idade devido à depressão e ao meu quadro ansiedade. Também prático agedreaming para seguir com a vida de forma mais leve. Praticar agedreaming significa dizer que me imagino sendo uma criança em vários momentos diferentes do meu dia. É uma regressão voluntária e totalmente consciente.
Pela manhã quando vou tomar café brinco com as miniaturas que ficam em cima da mesa. As deixo estrategicamente por ali... São três pokémons que gosto bastante: um eevee, uma butterfree e um bulbasaur.
Se alguém liga? Bom, ninguém liga muito para isso pois é um hábito que cultivei por longos anos. Todos estão bem acostumados com meus cacarecos espalhados pela casa, com meus bichinhos de pelúcia na cama do meu quarto e almofadas com temática de desenho animado... Meus DVDs do ursinho Pooh dividem espaço com a coleção de Star Wars do meu pai, por exemplo. E junto deles têm outros mais: my little pony, as meninas super poderosas, ursinhos carinhosos...
Depois de tomar café, quando volto pro banheiro para me arrumar, a brincadeira continua com as espumas do banho e bonecas que ficam por lá. É que no meu box tenho uma pequena banheira de bonecas com squishs e outros objetos de conforto para a hora do banho! Um momento difícil para mim que sofro de disforia.
Antes de sair de casa para o cursinho me apronto com duas maria chiquinhas em formato de coque. Minha franja quase cobrindo os olhos se separa do restante do cabelo. Alguns fios que não consigo prender ficam soltos. E os laços na minha cabeça denunciam, mais uma vez, os meus gostos infantis.
Para variar, o material escolar também é todo com uma estética considerada inapropriada para minha idade. Meu pai tentou por algum tempo me convencer de comprar outros estilos, mais adultos, e eu insisti para que não interferisse nas minhas escolhas. Eis que saio de casa com uma mochila de tecido todo estampado com as folhinhas do meu jogo favorito: animal crossing. Dentro dele alguns cadernos do Pooh dividem espaço com o estojo cheio de canetinhas coloridas. E ainda que minhas amigas digam que preciso escolher outro tênis eu coloco o all star de sempre nos pés.
Antes de finalmente dar as costas para a porta de entrada do apartamento faço questão de não esquecer meu casaco. Nele um bordado no peito dos personagens da Mônica Toy se destaca da cor cinza do moletom. Por que preciso de um casaco mesmo morando em Salvador e enfrentando um clima quente? Bom, meus braços carregam algumas marcas das quais não me orgulho e prefiro esconder.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Histórias de bebês adultos
ContoEssa não é uma fic convencional! Cada capítulo terá uma one-shot com personagens originais ou não que abordam a temática do ageregression e/ou agedreaming, a conversar com questões de saúde mental. As histórias podem ou não estar acontecendo no me...