Onde o sol não alcança, é ali onde ele nunca irá brilhar.
09 de agosto de 2021.
-Onde você está indo?
Perguntei o seguindo pela casa, ele juntava suas roupas e as jogava dentro de sua mochila usada.
-Embora.
-Por que está indo embora?
Ele parou um pouco, respirou fundo e me olhou.
-Não posso ficar com você.
Franzi a testa confusa, eu não estava entendendo aquela situação, não fazia sentido pra mim.
-Como assim você "não pode ficar comigo"?
Ele continuou a juntar suas coisas e me aproximei.
-Por que está fazendo isso comigo?
-Minha mãe não gosta de você.
-O QUE?!
Eu gritei e derrubei sua mochila sem querer e o olhei, eu não estava acreditando naquilo. Ele pegou a mochila e voltou a juntar suas coisas.
-Você está terminando comigo por que a sua mãe não gosta de mim?
-Sim.
Ele respondeu como se não fosse nada, passei a mão pelo meu cabelo, aquilo não deveria estar acontecendo, com certeza eu estava sonhando, mas a partir do momento que ele pisou para fora da minha casa, eu percebi que era algo real.
Meus olhos arderam, toquei o meu peito sentindo uma dor se instalar ali, acabei caindo no chão sem perceber que estava chorando compulsivamente, apertei o tecido da minha camisa tentando me acalmar, mas não ajudou.
Os dias se passaram e eu achei que iria melhorar, mas isso não aconteceu, faz quatro dias que não me alimento, só levantei da cama para usar o banheiro e me limpar, mas tudo se tornou motivo de choro.
Tudo tinha voltando a ser cinza, mantive as cortinas fechadas, o sol representava a alegria, a vontade de viver, e não era isso que eu estava sentindo depois que ele se foi.
Voltei para minha cama e abracei meu travesseiro, havia um espelho em frente a minha cama, olhei meu reflexo e não gostei do que vi, peguei meu salto ao lado da cama e arremessei contra o espelho o fazendo quebrar em pedaços pequenos, respirei fundo e peguei no meu celular depois de dias sem me comunicar com ninguém.