01

159 26 3
                                    

                                 Carol

Ando de um lado para outro, igual uma barata tonta pela cafeteira. Hoje é domingo e ela está cheia, odeio ter que trabalhar quando era pra eu estar em casa, descansando no sofá e assistindo qualquer coisa, menos trabalhando.

Tive que cobrir a Ester hoje, as vezes eu penso o porque de eu não ter coragem de falar não para as pessoas, mas foi para uma causa boa, ela precisava vê o irmão que sofreu um acidente.

Mim sinto egoísta por está me arrependendo por uma coisa tão besta.

- CAROL! - meu chefe grita, quase me deixando surda.

Eu tô quase do seu lado, pra que gritar?

Penso mentalmente porque eu não sou nem louca de falar isso na sua cara.

- Já tô indo - termino de limpar a mesa e coloco tudo em seu devido lugar. Caminho sem vontade para o caixa, onde o meu chefe está, pela cara dele, está bem mau humorado.

- Posso ajudar o senhor em algo? - pergunto já sabendo da resposta que será sim, ele adora me fazer de escrava mesmo.

Porque eu não nasci com uma vida de burguesa Deus?

- Sim, Carol, você pode pegar aquelas caixas que estão no armazém e trazer todas para cozinha? O Marcos não pode vim hoje e eu não posso pegar então só restou você.

Claro que só restou eu, esse infeliz podia ir lá e pegar por si próprio.

Não posso reclamar, ele me ajudou muito com esse emprego.

Me repreendo mentalmente por ter xingado o meu chefe.

- Claro senhor, já irei fazer oque você falou, saio do caixa e vou caminhando para o armazém.

Odeio lugares pequenos e abafados, e esse armazém e mais pequeno que uma formiga.

Será que eles não pensam nas pessoas que tem claustrofobia de lugares apertados como eu?

Desço as escadas sem pressa, sabendo que tenho um desafio que tá à minha espera.

O armazém é um labirinto de caixas e objetos empilhados, e eu sei que vou passar horas lá embaixo.

Será que meu chefe não percebe que eu sou magrela demais para carregar caixas?

Meu corpo já dói só de pensar no esforço que vou precisar fazer.

Olho para as caixas à minha frente, tentando contar quantas tem, mas desisto.

Deve haver mais de 40 caixas nesse armazém, todas elas esperando por mim. O ar está abafado e o cheiro de poeira me faz ficar sem fôlego.

Tento não pensar em maneiras de mandar meu chefe se lascar sem perder o emprego.

É claro que não existe maneiras para isso.

Eu preciso desse emprego, mesmo que ele seja um ditador disfarçado de gerente.

Alevanto os braços para cima para me alongar, sentindo o estiramento nos músculos.

Terei um trabalho bastante trabalhoso pela frente. Respiro fundo e pego duas caixas, coloco uma sobre a outra e subo as escadas, sentindo o peso delas em meus braços.

Tenho certeza que, antes de terminar de levar todas essas caixas, eu irei desmaiar em algum lugar.

Só espero que seja bem longe da escada, para não ter que lidar com a humilhação de ser encontrada desmaiada no chão.

Continuo subindo e descendo as escadas, caixa após caixa, meu corpo está dolorido e meu espírito cansado.

Por que eu não posso ter um dia de descanso?

Por que eu preciso ser a escrava desse maldito trabalho?

O suor começa a escorrer pela minha testa e eu sinto todo o meu corpo dolorido.

Preciso continuar, não posso parar agora. Mas, por favor, que alguém me ajude a carregar essas caixas!

Respiro fundo quando termino de colocar a última caixa dentro da cozinha, sentindo um misto de alívio e exaustão.

Meus pés estão pedindo socorro, assim como minha coluna, que dói como se tivesse sido esmagada por caminhão.

Só queria um banho bem frio agora, para relaxar os músculos tensos e lavar a suor que cobre todo o meu corpo.

Mas ainda falta 1 hora para o meu turno acabar.

Me sento em uma cadeira que estava próxima, para pelo menos tentar regular minha respiração, que está ofegante demais.

O ar está preso em meus pulmões e sinto como se estivesse sido sufocanda. Tô toda suada, tenho certeza que estou fedendo só a suor.

Abaixo um pouco a cabeça na mármore da mesinha que está ao meu lado, sentindo o frescor da superfície contra minha pele quente.

Preciso só de dez minutos para descansar um pouco e me recompor desse trabalho extenuante.

Fecho os olhos e deixo escapar um suspiro profundo, sentindo o estresse começar a se dissipar.

A porta da cozinha então abre sem nem me dar tempo de fechar um pouco os olhos.

- O que você está fazendo, Carol? Está em horário de trabalho, vá logo fazer o seu trabalho!

a voz do meu chefe ecoa pro todo o local, cortando o silêncio como um faca.

- Senhor, eu terminei agora de trazer as caixas, foram muitas caixas.

me explico, já que quando olho sua face vejo indignação por me vê parada e não trabalhando.

Sinto uma onda de defensividade, mas tento manter a calma.

- Você cansou por um trabalhinho daqueles? Vá logo atender os clientes que falta e já vamos fechar

ele avisa, nem esperando eu responder, e já sai da sala com uma carranca no rosto.

Me levanto da cadeira, na verdade me arrasto da cadeira, sentindo como se tivesse sido arrancada de um sonho.

Saio da cozinha, coloco meu sorriso no rosto e vou atender os clientes, eles não têm culpa por eu ter um chefe de merda.

Eu sinto uma onda de raiva e frustração, mas sei que preciso manter a calma.

Afinal, não posso deixar que o meu chefe me afete ainda mais.

Respiro fundo e me concentro em atender os clientes com um sorriso no rosto, mesmo que por dentro eu esteja morrendo de raiva.

***
Finalmente saio do trabalho, o sol já se pôs e já está anoitecendo.

O céu está pintado de tons de laranja e rosa, um contraste agudo com o meu humor cansado.

Caminho pelas ruas de Rovalli sem pressa, já que os meus pés estão doendo e se eu for mais rápido, não irei aguentar.

O vento bate contra o meu cabelo, e é até relaxante, se não fosse todo o meu corpo doendo.

Sinto como se tivesse sido esmagada por um caminhão, cada passo é uma agonia.

Rezo para que eu chegue logo em casa, para tomar um belo banho quente e me deitar.

O barulho da cidade ao meu redor é uma mistura de carros, pessoas e música, mas eu mal o noto.

Estou tão cansada que mal consigo manter os olhos abertos.

O único pensamento que me mantém acordada é a perspectiva de me deitar na minha cama macia e quente.

Caminho mais alguns quarteirões, e finalmente vejo o prédio onde moro.

Sinto um alívio imenso e acelero o passo, ansiosa para chegar em casa e esquecer o dia horrível que tive.

Abro a porta do prédio e subo as escadas, sentindo o peso do meu corpo em cada degrau.

Chego ao meu apartamento, abro a porta e fecho-a atrás de mim, sentindo-me finalmente segura e em paz.

Agora, sim, posso finalmente relaxar.

Amor Ou Obsessão?Onde histórias criam vida. Descubra agora