Contatinhos

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Rio de Janeiro, Brasil

Diogo

Estou cozinhando um dos pratos que mais costumo - e gosto - de fazer: massa ao molho branco com camarão. Confesso que é uma refeição simples mas eu nunca fui de exageros, me sinto satisfeito com as pequenas coisas da vida e no momento, sendo bem sincero, não poderia estar mais feliz do que estou agora.

Desligo o fogão, limpo as mãos no pano de prato que estava sobre o meu ombro e olho para além da porta de vidro de correr da cozinha. Paolla está saindo do mar nesse exato momento e essa, sem sombra de dúvidas, é uma das cenas mais espetaculares que meus olhos já viram.

Estamos em uma casa na praia que foi alugada diretamente por ela para que pudéssemos passar um final de semana juntos, longe de tudo e de todos. Decidi que faria a comida, traria a bebida e prometi as melhores quarenta e oito horas da vida dela. Espero que minha companhia, o vinho, o sexo e o macarrão supere toda e qualquer expectativa criada.

- A água tava deliciosa, nem eu sabia que precisava tanto de um mergulho! - Paolla fala abrindo a porta de vidro com os cabelos bagunçados, segurando um short jeans que vai vestir por cima da parte de baixo do biquíni. - Hum, que cheiro bom é esse?

- A gente mal se alimentou desde que chegamos ontem, decidi fazer uma refeição leve e decente. Você merece.

- Juro que poderia passar dias só transando com você mas a minha barriga reclamaria, com certeza. - Ela se inclina na direção do fogão e destampa todas as panelas visivelmente faminta. - Nossa, me deu água na boca! Eu pego os pratos e você os talheres, pode ser? Preciso comer isso logo!

- Espera, furacão, vem aqui. - Agarro ela pela cintura, a ergo do chão colocando seu corpo sobre a bancada ao lado da pia e me encaixo entre suas pernas. - Fica sentadinha que eu faço questão de te dar comida na boca.

- A última vez que fizeram isso comigo eu tinha uns oito anos de idade, sabia? - Ela diz num tom nostálgico e eu me afasto pra pegar um prato e servir a comida, atento à cada detalhe que me conta. - Peguei um resfriado, acho que era mais uma gripe mesmo, daquelas bem fortes que tira até a fome. Minha mãe preparou uma sopa deliciosa que eu desconfio que só as mães saibam fazer, e a cada colherada que colocava na minha boca era como se eu tivesse sendo curada um pouquinho, sabe? Pode parecer bobo mas é uma lembrança gostosa da minha infância, literalmente gostosa.

- Que bobo o quê? Adoro ouvir tudo que você tem pra me dizer, garota. - Digo com sinceridade erguendo a colher até a boca dela que abocanha com vontade ao ponto de morder até a colher. Nós dois rimos com isso e ela cobre a boca com as mãos envergonhada. - Gulosa!

- Talvez se você soubesse que eu era assim jamais teria aceitado sair comigo, certo?

- Errado, saber que você é gulosa nesse nível me deixa ainda mais motivado a aprender receitas novas, só pra te impressionar.

- Esse macarrão me impressionou. - Abro um sorriso e as pernas dela me puxam para mais perto, bem mais perto. - Lembro que você fez algo assim no dia em que jantamos juntos pela primeira vez na sua casa mas achei que tivesse tirado aquela receita da internet e que ela tinha dado certo por pura sorte. Realmente você cozinha muito bem, onde aprendeu?

- Minha casa era cheia de festas, elas duravam dias seguidos e era natural ver minha mãe, minha avó e até meu pai cozinharem em grande escala para encher a pança de todo mundo. - Explico ao mesmo tempo que coloco a comida na boca dela. - Foi assim que aprendi, vendo eles fazerem e cumprindo favores que me pediam do tipo "Diogo, corta esse tomate pra mim" ou "pica essa cebola, filho". Hoje cozinho de tudo um pouco, tenho até um livro de receitas, sabia?

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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