PERSEPHONE ━ sylus.

͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏chapter ͏ ͏two ͏ ͏- ͏ ͏blood eyes

DEPOIS DE um lanche, Tara e eu decidimos caminhar pela Praça Azure, aproveitando a tranquilidade do final do dia. O céu estava pintado de tons quentes de laranja e dourado, enquanto o sol se escondia atrás dos prédios distantes.

Caminhamos lado a lado, deixando o ritmo da praça guiar nossos passos. Por fim, encontramos um banco disponível abaixo da sombra de uma árvore, e sentamos ali, desfrutando de alguns minutos de descanso.

- Então você admira a Capitã Jenna porque ela te salvou? É isso mesmo? - pergunto, quebrando o silêncio que se instalara entre nós.

Tara sorriu, os olhos ganhando um brilho especial. Ela parecia radiante, como se revivesse o momento enquanto contava sua história.

- E num piscar de olhos, o Wanderer se foi! Puf! Desapareceu no ar! - ela gesticulava animadamente com as mãos. - Depois de me acompanhar até um lugar seguro à beira da estrada, ela disse: "Você está segura agora. Vá para casa."

Eu a observei em silêncio, fascinada pela paixão que ela sentia ao relembrar sua inspiração. Quando Tara se virou para mim, seu semblante era sério.

- Então sim, como você pode ver, me tornei uma Caçadora para seguir os passos da Capitã Jenna. Eu quero ser tão durona quanto ela, ser igual a ela e lutar ao lado dela.

Minha risada escapou antes que eu pudesse conter. A ideia de Tara, com sua aparência delicada e comportamento gentil, sendo "durona" era, no mínimo, curiosa.

- Um dia você vai conseguir realizar seu sonho - digo, minha voz carregada de sinceridade. Sabia que Tara tinha uma determinação que poucos podiam igualar.

Seu rosto se iluminou com um sorriso tímido, enquanto suas bochechas assumiam um leve tom avermelhado.

- Ah, eu só estou tagarelando... - murmurou, desviando os olhos por um momento. Então, voltou-se para mim. - Mas e você? Por que você se tornou uma Caçadora?

Por um instante, desviei o olhar. Tudo começou há catorze anos, com a minha primeira memória. Os rugidos dos Wanderers, como uma inundação, abafavam os gritos e choros pedindo por ajuda.

Eu tinha oito anos, e estava correndo pela rua coberta de escombros, sem nem saber que o monstro está me perseguindo. Até que uma dor aguda me perfura e penetra em meu coração.

- Não quero ser presa de ninguém, e não quero correr apenas quando há perigo - concluo, e então decido mudar de assunto. - Chega por hoje. Temos que acordar cedo amanhã para trabalhar. Devíamos ir para casa e descansar um pouco.

Tara, que havia escutado tudo com atenção, levantou-se rapidamente. - Ah, claro.

Depois de se despedir com um aceno animado, observei enquanto ela desaparecia pela trilha iluminada da praça. Levantei-me, pronta para ir embora, quando notei algo se movendo entre os arbustos.

- Ei, garoto. Posso ajudar você ou algo assim? - pergunto, mas não ouço resposta. - Estou indo se não precisar de mim.

Os arbustos pararam de balançar, e um menino de cerca de dez anos emergiu. Ele usava um casaco amarelo com desenhos, e seus olhos curiosos me encaravam com admiração.

- Então, senhorita... - ele começa, parecendo um pouco tímido. - Todo mundo diz que os Caçadores são super fortes e você pode fazer qualquer coisa que eu pedir. Certo?

- Sim...?

Cheio de confiança, ele tira uma pilha de cartas douradas e brilhantes do bolso. - Aqui está o que vou te dar como recompensa! Um conjunto completo de cartas AR dos Super Caçadores! E tem a edição limitada Caçador Lux. Me siga!