Tempestade

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Os dias se passaram. Lentos, mas mais amenos.

A tensão que Mon sentia nos primeiros dias parecia finalmente começar a se dissipar.

Seu corpo, que antes tremia com a insegurança, agora já não respondia com o mesmo pânico.

Sua mente, antes sobrecarregada, começava a se acostumar com a rotina. Mas mesmo assim, a lembrança dos primeiros dias difíceis nunca se apagava completamente.

O Senhor Walker, o chefe de Mon, era um homem alto, loiro, com uma humildade imensa, uma verdadeira figura paterna para Mon e para seus colegas, todos tão jovens quanto ela.

A maioria deles, como Mon, estava se aventurando em seu primeiro emprego. Ele era a base de todo o grupo, a presença calma que trazia equilíbrio a cada situação.

Certo dia, o Senhor Walker chegou com uma notícia que aqueceu o coração de todos. A nova filial do supermercado seria inaugurada em breve, e Mon sentiu um alívio imediato.

Finalmente, ela teria a chance de deixar para trás aquele ambiente onde se sentia constantemente desconfortável, onde as olhadas de julgamento ainda estavam presentes, mas já não mais a afetavam.
A felicidade era visível entre os colegas de trabalho.

Antes de chegarem a essa nova fase, no entanto, todos teriam que passar por novos desafios.

O Senhor Walker anunciou que, antes da inauguração da nova filial, toda a equipe precisaria visitar outras duas filiais para aprimorar o atendimento a diferentes públicos.

Era mais uma oportunidade de crescimento, uma chance de provar o valor de todos.

Com o Natal se aproximando, Mon se sentia animada. Ela adorava o Natal. Para ela, essa era uma época mágica. Mesmo sem o glamour das outras famílias, o Natal sempre trazia boas lembranças de sua infância, das festas nas casas dos vizinhos, dos doces típicos, das comidas fartas.

Agora, Mon tinha a chance de comprar suas próprias roupas, de escolher o que queria, de sentir a liberdade que antes não tinha.

O salário ainda era pouco, mas o suficiente para pequenas alegrias e para ajudar a família.

Enquanto isso, Nop, o irmão de Mon, fazia o que podia para contribuir.

Ele trabalhava como podia e estudava para entrar na polícia local.

Mon sabia do esforço dele, do cansaço que o consumia. Mas agora ela também poderia ajudá-lo. A rotina de Nop estava pesada demais, mal havia tempo para ele descansar. E Mon queria estar ao lado dele, fazendo sua parte.

Com o tempo, o trabalho foi se tornando mais fácil. A equipe de Mon estava mais confiante e, ao lado de seus novos colegas, a ansiedade de antes deu lugar a uma sensação crescente de pertencimento.

As provocações das veteranas, que antes mexiam com seus nervos, já não tinham mais o mesmo efeito. A nova filial, quando finalmente inaugurou, trouxe um ar de renovação para todos.

Os dias passavam em um turbilhão de promoções, filas intermináveis e clientes de todos os tipos. Mas para Mon, era também um momento de crescimento. O ambiente de trabalho, antes desconfortável, agora parecia mais seguro.

Seus amigos, com suas histórias e sonhos, tornaram-se a base de sua nova realidade. O futuro parecia promissor, e Mon ainda sonhava com a graduação. Embora o desejo de ingressar em uma universidade pública fosse algo distante, ela não havia desistido.


Um ano se passou.

A menina assustada e tímida do primeiro dia havia dado lugar a uma mulher mais confiante.

Second Chance - MonSamOnde histórias criam vida. Descubra agora