As Escadas do Medo

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A entrada da Torre dos Pesadelos se erguia diante deles, uma porta de ferro retorcida que pulsava com uma energia escura, como se estivesse viva. A cada passo que davam em sua direção, o peso do lugar parecia aumentar, como se uma força invisível os estivesse puxando para dentro. Caleb sentia o coração disparar no peito, a respiração pesada, mas ele sabia que não podia retroceder agora. Ele havia chegado até ali e não iria desistir.

Isadora, sempre calma, olhou para ele com um sorriso de encorajamento. "Este é o momento, Caleb. Não podemos hesitar."

Luna, que flutuava ao lado deles, olhou para a torre com uma expressão de desafio. "Não vai ser fácil. Mas vocês sabem o que dizem, né? O maior medo é o que não enfrentamos. E é isso que a Torre vai tentar usar contra nós."

Caleb respirou fundo e tocou a porta. Ela cedeu com facilidade, se abrindo sem fazer som. O interior da torre era sombrio e o ar estava denso, como se cada corredor estivesse esperando para engolir quem se atrevesse a caminhar por ali.

O chão sob seus pés era frio, e as paredes, cobertas de símbolos que pareciam se mover, pulsavam com uma energia incompreensível. Quando Caleb entrou, uma risada baixa, quase sussurrante, ecoou pelas paredes. A torre sabia que estavam ali. Ela sentia sua presença.

"Você está aqui. Ótimo..." a voz parecia vir de todas as direções ao mesmo tempo. "Eu estava esperando por você."

À medida que avançavam pelo corredor, o ambiente ao redor deles começou a mudar. O ar ficou mais pesado, e Caleb sentiu uma pressão crescente em sua cabeça. Ele fechou os olhos por um momento, tentando afastar a sensação, mas foi em vão. Quando os abriu novamente, as paredes haviam se transformado em espelhos. Milhares de imagens de si mesmo estavam refletidas de todos os ângulos possíveis.

Cada espelho mostrava uma versão distorcida de Caleb, um rosto marcado por dúvidas, medos e falhas. Ele viu-se em momentos de fraqueza, em cenários onde ele falhava e abandonava tudo o que havia construído. Cada reflexo parecia apontar para suas inseguranças mais profundas.

"O que é isso?" Caleb sussurrou, paralisado pela visão.

Isadora colocou a mão em seu ombro. "São suas inseguranças. O que a torre quer é que você veja seus medos e duvide de si mesmo. Mas você não pode deixar isso controlar você."

Caleb olhou para a imagem no espelho à sua frente. Ele estava ali, mas parecia uma versão dele que ele mal reconhecia — um homem que havia desistido, que não acreditava em si mesmo. "Eu... eu não sou assim." Sua voz estava tremendo, mas ele se forçou a manter os olhos fixos na figura diante de si.

"Você é mais forte do que pensa," Isadora disse, apertando sua mão. "Esses reflexos não são reais. Eles são apenas ilusões criadas pelo medo."

Caleb assentiu, tomando coragem. Ele sabia que precisava enfrentar aquela versão de si mesmo. "Eu sou quem escolho ser."

Com um movimento brusco, ele se virou de costas para o espelho e seguiu em frente, ignorando as imagens distorcidas que continuavam a se formar ao seu redor. A cada passo, o peso no ar parecia diminuir.

A próxima sala que encontraram era muito maior. O teto alto parecia desaparecer nas sombras, e o chão era coberto por uma espessa névoa que os envolvia. A temperatura caiu abruptamente, e uma sensação de frio cortante tomou conta deles. No centro da sala, uma figura encapuzada estava de pé, aguardando-os.

Ela levantou a cabeça, revelando um rosto familiar — era a mesma figura sombria que Caleb havia enfrentado fora da torre, a versão distorcida de si mesmo.

"Então você veio," a figura disse, sua voz carregada de sarcasmo. "Achou que seria fácil, não é?"

Caleb encarou a versão sombria de si mesmo com raiva. "Você não é real. Não sou mais quem você pensa que sou."

"Ah, você ainda não entendeu," a figura zombou, sua expressão cruel. "Eu sou a parte de você que nunca vai embora. O medo, a dúvida, a fraqueza — eu sou tudo isso. E enquanto você não aceitar isso, você nunca será capaz de me derrotar."

Isadora deu um passo à frente. "Não é verdade. Ele já superou você."

A figura sombria riu, um riso profundo e retumbante que ecoou por toda a sala. "Será mesmo? Vamos ver quanto tempo ele aguenta."

De repente, as sombras ao redor deles começaram a se agitar, formando formas sinistras que avançavam na direção de Caleb, como se estivessem vivas. Cada sombra parecia representar um medo diferente — a solidão, a perda, o fracasso. Eles se aproximaram com velocidade assustadora, mas Caleb não hesitou. Ele estendeu a mão e, com um grito de determinação, liberou a luz dourada que havia aprendido a controlar.

A luz envolveu a sala, dissipando as sombras como se fossem fumaça. A figura sombria gritou em protesto, mas Caleb não se deixou abalar. "Eu sou mais forte que você," ele afirmou, sentindo a energia em seu corpo crescer.

Com um último esforço, ele projetou a luz para a figura sombria, que desapareceu em um grito abafado, deixando apenas o eco de sua presença para trás.

O silêncio que se seguiu foi pesado, mas Caleb sentiu que havia vencido mais uma batalha dentro de si. Ele olhou para Isadora e Luna, que estavam ao seu lado, e viu que ambos compartilhavam a mesma expressão de alívio.

"Você fez isso, Caleb," Luna disse, flutuando ao seu lado.

"Isso foi só o começo," Isadora observou, seus olhos fixos no corredor à frente. "Ainda temos muito pela frente. Mas, agora, você sabe que é capaz de enfrentar seus medos."

Com renovada coragem, Caleb seguiu em frente. Ele sabia que a Torre dos Pesadelos ainda guardava mais desafios, mas agora ele sentia que estava pronto para enfrentá-los, uma vitória de cada vez.

Rainha dos SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora