Na quietude de uma noite de agosto em Hogwarts, o ar estava denso e quente, com uma leve brisa que trazia o aroma da grama recém-cortada e das flores noturnas que floresciam sob o luar. O céu estava claro, salpicado de estrelas, mas as sombras dos altos pinheiros ao redor lançavam uma escuridão inquietante sobre os jardins. As cigarras cantavam em um ritmo quase hipnotizante, interrompido apenas pelo farfalhar ocasional das folhas movidas pelo vento.
Severus Snape caminhava lentamente pelos jardins, sua figura envolta na penumbra, como se ele mesmo fosse parte da noite. Os passos eram suaves, mas deliberados, e seus olhos observavam cada canto como um predador à espreita. Então, ele a viu.
Uma mulher desconhecida, com os cabelos capturando a luz da lua, contrastando com a escuridão ao seu redor. Ela parecia alheia ao perigo, como uma intrusa que confiava demais em sua sorte.
Intrigado sobre como ela teria conseguido ultrapassar as proteções de Hogwarts e ainda mais curioso sobre quem ela poderia ser, Severus se aproximou sem fazer som, uma sombra em meio às sombras. Sua varinha deslizou para a mão como um reflexo, e com a voz fria e autoritária que fazia até os mais valentes hesitarem, ele quebrou o silêncio:
— Quem é você e o que está fazendo aqui a esta hora? — examinando-a de cima a baixo.
— Boa noite. Desculpe, senhor, meu nome é Olivia. Vim com o ministro para ver o diretor Dumbledore, mas me distraí e acabei me perdendo — respondeu ela, olhando ao redor, visivelmente confusa.
Snape então se lembrou de que Dumbledore mencionara a visita do ministro com “uma companhia especial”. Ele a observou mais uma vez e, com um leve aceno, pediu que o seguisse.
Começou a caminhar em direção ao castelo, esperando que ela o acompanhasse, enquanto refletia sobre o que o Ministério e Dumbledore pretendiam ao trazer uma jovem trouxa para Hogwarts.
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Caminharam por corredores mal iluminados e subiram escadas que pareciam ter vida própria. Olivia nunca havia visto nada igual em toda a sua curta vida. Ao chegarem a uma escada em espiral, Severus avisou:
— É aqui.
Ele pronunciou um código que fez uma estátua se mover, revelando uma entrada secreta. Os dois entraram e encontraram Dumbledore sentado à sua mesa, acompanhado pelo ministro da Magia, que estava em pé ao lado dele.
— Um prazer finalmente conhecê-la, senhorita Olivia Lopes. Sou Alvo Dumbledore, diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Seja bem-vinda — disse ele, oferecendo um sorriso caloroso.
— Demorei a perceber que você estava perdida, senhorita Olivia. Peço desculpas — disse o ministro, com um olhar culpado.
— Tudo bem. O senhor... — Olivia hesitou, olhando para Severus com dúvida, sem saber seu nome.
— Severus. Severus Snape — ele se apresentou.
Olivia arregalou os olhos em surpresa e corou, se mantendo em silêncio.
— Se me permitem — Severus fez uma reverência e começou a se afastar.
— Severus, fique, por favor — pediu o ministro da Magia.
Desconfiado da situação, Severus voltou, observando os presentes na sala.
— Senhorita Olivia, trouxe-a aqui hoje para saber se aceitará a proposta. As outras jovens já aceitaram — indagou o ministro.
— Sim, senhor, aceitarei — respondeu ela, com seriedade.
Silencioso, Severus continuou a observar, tentando entender o que estava acontecendo. O ministro mencionou uma “proposta” que ele desconhecia, e se perguntava por que precisava estar ali. Sua expressão permanecia séria e desconfiada.
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Entre Dois Mundos
RomanceApós sobreviver milagrosamente à mordida de Nagini, Severus Snape enfrenta um novo desafio: adaptar-se às rigorosas reformas do Ministério da Magia, que busca reconstruir a sociedade bruxa após o término da guerra. Forçado a abandonar a segurança da...