A dupla caminhava em direção a uma das saídas laterais do castelo, rumo à parte externa. Era o fim de agosto e, embora fosse verão, as montanhas que abrigavam Hogwarts eram marcadas por um vento constante e gelado, que agitava os cabelos de Olivia enquanto ela abraçava o próprio corpo para se proteger.
Conforme avançavam, avistaram uma construção imponente. Era um solar que lembrava uma antiga fazenda, cercado por extensões de grama baixa, pinheiros escoceses e carvalhos retorcidos. A estrutura parecia desgastada pelo tempo, mas ainda assim transmitia imponência, como se tivesse surgido ali de repente.
— Uau... É uma construção bem grande — exclamou Olivia, os olhos arregalados enquanto absorvia a visão.
Severus lançou-lhe um olhar enviesado antes de fixar a atenção novamente no solar. Suas mãos estavam enfiadas nos bolsos do sobretudo negro, e ele franzia o cenho de forma desconfiada.
— Isso não estava aqui ontem à noite — murmurou, a voz carregada de suspeita.
Os dois aproximaram-se com cautela, e assim que cruzaram o limiar da entrada, sentiram o ambiente mudar. A atmosfera parecia carregada por magia. Para a surpresa de ambos, Dumbledore já os aguardava no interior, como se soubesse exatamente o momento em que chegariam.
— Ah, maravilha! Estava esperando vocês — anunciou o diretor, com seu típico entusiasmo, caminhando até eles com passos leves. — Venham, vou mostrar onde fica o quarto de vocês.
Severus parou imediatamente, franzindo ainda mais a testa.
— O quarto de vocês? — repetiu, em tom defensivo. — Um único quarto para nós dois? Como assim?
Olivia, que já começava a se acostumar com o desconforto que Severus exibia em situações inesperadas, precisou morder o lábio para não rir.
— Apesar de vocês não poderem ter relações sexuais por enquanto — começou Dumbledore, com um tom um pouco solene demais para a ocasião —, o Ministério acredita que é importante que desenvolvam convivência e... intimidade. Vocês dividirão esta casa com outros casais.
Severus passou a mão pelo rosto, claramente desgostoso, enquanto Olivia cruzava os braços, sorrindo de canto ao vê-lo tão contrariado.
— Espero que você goste de viver em comunidade, senhor — provocou ela, em tom divertido, antes de seguir o diretor pelo corredor.
A casa tinha dois andares e uma escadaria central de madeira polida que rangia sob os pés. As paredes eram claras, iluminadas por candelabros flutuantes, e ao longo do corredor do andar superior havia várias portas numeradas.
— Este é o quarto de vocês — anunciou Dumbledore ao parar diante da porta marcada com o número 12.
Severus olhou para o número com visível desagrado, antes de lançar um olhar aos outros quartos.
— Doze casais morando na mesma casa? — perguntou, alarmado. — Isso será um inferno. Não vou tolerar gritaria de crianças. Se isso acontecer, dormirei no meu laboratório!
— Fique tranquilo, Severus — respondeu Dumbledore, com uma risada contida. — Nenhum casal pode ter filhos por enquanto, a menos que alguém esteja realmente empenhado em quebrar o feitiço.
Olivia, que observava tudo com interesse, sussurrou para Snape:
— Sem bebês chorando ou casais fazendo escândalo no meio da noite. Parece que seus problemas estão resolvidos.
Severus não respondeu, mas sua expressão ficou ainda mais azeda quando Dumbledore abriu a porta do quarto.
O ambiente era surpreendentemente espaçoso. Havia duas camas de solteiro separadas, um guarda-roupa grande, uma cômoda, uma escrivaninha e um armário para livros. Uma janela ampla deixava entrar a luz do sol, iluminando o espaço com um brilho acolhedor. Olivia notou, com surpresa, uma tomada elétrica perto da escrivaninha.
— A casa foi adaptada com eletricidade, já que nenhuma de vocês, trouxas, quis abandonar seus estudos à distância — explicou Dumbledore, sorrindo ao perceber o olhar dela.
Ao lado do quarto, descobriram um pequeno cômodo que servia como cozinha, com móveis e eletrodomésticos antiquados, mas funcionais. Outra porta levava a um banheiro privativo, para alívio de ambos.
— Bem, o que acham? Não é tão ruim quanto vocês imaginavam, não é? — perguntou Dumbledore, satisfeito.
Severus suspirou, cruzando os braços.
— Qual cama você quer? — perguntou ele a Olivia, gesticulando de forma impaciente.
— A da janela. A paisagem parece linda — respondeu ela, tentando parecer despreocupada.
— Tanto faz. — Sua resposta foi seca, mas ele caminhou até a outra cama sem reclamar.
— Os outros casais chegarão ao longo do dia — informou Dumbledore, caminhando até a porta. — Boa sorte, e aproveitem para... se conhecerem melhor.
O diretor piscou com um sorriso enigmático antes de sair. Severus ficou em silêncio por um momento, o olhar fixo na porta fechada.
Sem aviso, ele começou a lançar feitiços nas janelas e na porta, murmurando palavras em voz baixa.
— O que está fazendo? — perguntou Olivia, observando-o.
— Garantindo nossa privacidade. Não confio em quem será colocado nesta casa conosco — respondeu ele, seco.
Com um movimento rápido, ele pegou a mão de Olivia, que sentiu um arrepio ao perceber o calor inesperado do toque. Ele pressionou a mão dela contra a porta, pronunciando outro feitiço.
— Agora, apenas você ou eu podemos abrir a porta. Pronta para conhecer os outros? — perguntou ele, em tom carregado de sarcasmo.
Olivia se jogou na cama perto da janela e suspirou.
— Ainda não. Estou exausta.
Severus resmungou algo inaudível.
— Descanse, então.
Sem mais uma palavra, ele saiu do quarto, deixando Olivia sozinha. Ela se deitou, o cansaço finalmente a vencendo. E enquanto os outros casais chegavam, ela adormeceu, perdida em pensamentos sobre como seria essa convivência tão... peculiar.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre Dois Mundos
RomantikApós sobreviver milagrosamente à mordida de Nagini, Severus Snape enfrenta um novo desafio: adaptar-se às rigorosas reformas do Ministério da Magia, que busca reconstruir a sociedade bruxa após o término da guerra. Forçado a abandonar a segurança da...