Amizade Colorida - Michael Jackson

4

•Los Angeles, final de 1980•

A noite estava silenciosa quando S/N ouviu as batidas leves na janela. Ela abriu os olhos, ainda sonolenta, e levantou-se para conferir. Lá estava ele, Michael, parado no parapeito, com um sorriso de menino e os olhos brilhando, mas havia algo diferente naquela noite – uma urgência.

— Michael, você está louco- ela sussurrou enquanto o ajudava a entrar. — Se o seu pai descobre...ele sempre volta para sua casa de madrugada .

— Ele não vai descobri !- Michael interrompeu, a voz trêmula, mas cheia de determinação. — Eu precisava te ver.
Ela estava prestes a perguntar o motivo, mas ele a envolveu em um abraço apertado, sua respiração quente contra o pescoço dela. — Você é a única coisa que me faz esquecer tudo. O único lugar onde eu me sinto seguro. E você faz tão bem que me viciei .

Era um padrão que eles tinham desenvolvido. As madrugadas eram deles, o momento em que o mundo lá fora deixava de existir. E naquela noite, como tantas outras, os beijos começaram. Beijos suaves, depois mais intensos, até que tudo fugisse ao controle, como sempre acontecia quando estavam juntos. Mas claro eles não poderiam fazer muito barulho para a mãe dela não desconfiar . As vezes ela batia na porta mas S/n disfarçava bem.

Dias depois de uma dessas noites, S/N começou a desconfiar. Um atraso. Um medo crescente que a consumia. Quando contou a Michael, ele ficou em choque.

— Você acha que está... grávida?- ele perguntou, a voz baixa, quase inaudível.

— Não sei, Michael- ela respondeu, os olhos marejados. — Mas... e se eu estiver? O que vamos fazer Michael você tem 22 e eu 18 anos somente .

Os dois ficaram em silêncio, tentando processar a possibilidade. Ele segurou a mão dela com força. — Se você estiver... eu vou cuidar de você. A gente vai dar um jeito, juntos.

A preocupação pesou sobre os dois como uma nuvem negra até que, dias depois, ela confirmou que não estava grávida. Foi um alívio, mas também um alerta.

— Michael, isso não pode continuar assim - S/N disse. — A gente não pode correr esse risco de novo.

Ele assentiu, mas o olhar em seus olhos mostrava o quanto seria difícil parar. Seria quase impossível para ele .

•Neverland, 1987•

No presente, Michael estava sentado à frente do piano, as mãos repousando nas teclas como se tentasse decidir o que tocar. S/N o observava, o coração apertado pelas memórias. Ela sabia que ele também estava pensando naqueles dias, mas nenhum dos dois parecia disposto a verbalizar.

Ela limpou a garganta, quebrando o silêncio. — Você já me mostrou tudo aqui, mas ainda não tocou ou cantou nada. Vai guardar o melhor para outro dia?

Michael riu baixinho, balançando a cabeça. — Eu estava esperando você pedir.

Ele tocou algumas notas soltas, os olhos fixos no piano, antes de virar-se para ela. — Tem uma coisa que escrevi há algum tempo. Acho que... você vai gostar...

S/N arqueou a sobrancelha, curiosa. — É nova?.

— Não exatamente.. bem vai para o álbum bad ..- ele respondeu, voltando a olhar para as teclas. — Na verdade, é algo que comecei inspirado em em nós daquela época . Você não sabia, mas sempre foi minha musa inspiradora .

Ela riu, um pouco sem jeito. — Sua musa? Michael, não exagera.

— Não estou exagerando- ele respondeu com um sorriso tímido. — Lembra quando a gente era mais novo? Aquela energia que a gente tinha... aquela sensação de que nada podia nos parar? É isso que essa música é...