"Teia de segredos"

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Zachariah narrando...

Nós estávamos indo fazer os testes do Beto, tinha uma coisa positiva nisso tudo. Eu iria reencontrar a minha amiga Diana, ela era uma princesa na Terra, me ajudou bastante quando eu cheguei aqui. Foi muito difícil minha chegada no céu.

A tentativa de aceitar tudo, e de lembrar, eu não lembro de como morri. Já tentei diversas vezes e esse é o fardo que eu tenho que carregar, eu só lembro de uma pessoa que estava lá.

Não pense que eu não lembro da minha vida na Terra, eu lembro, mas só de algumas partes, é tão frustante. Não consigo lembrar se eu tive um amor, alguém por quem morreria, será que foi por ela que morri, só sei que estou aqui faz mais de 50 anos terráqueos tentando lembrar.

Pensando nisso tudo percebo que chegamos no prédio de testes, eu gosto de ir lá, principalmente na sala de armas. Com todo esse tempo eu me aperfeiçoei em diversas lutas, e também em utilizar diversas armas. Subimos no elevador, mas antes eu tive que brincar com a cara do Beto. Só fiz isso porque Diana tinha feito o mesmo comigo, é difícil você imaginar que tem elevador no céu. Ela me garantiu que todo mundo fica surpreso.

Quando reencontrei ela foi muito bom, é tão incrível ter alguém que te faz bem por perto. Ela falou um pouco com o Beto e começamos o primeiro teste dele.

Pensei que ele fosse demorar bastante, então comecei a conversar com ela. Contei da brincadeira do elevador e a gente começou a rir, nesse momento o Beto entra na sala, todo eufórico. Por susto nós prendemos o riso.

O segundo teste foi o mais tranquilo, só precisei ficar observando a Din utilizar o que ela sabia mais, a sua espiritualidade. E também ver minha amiga anotando algumas observações. Fiquei quieto o tempo todo, porque sei que esse teste é o mais delicado de todos. Depois de um tempinho acabou, o Beto estava bem abalado, até se encolheu na cadeira. Isso me fez lembrar o meu teste, foi assustador. Só conseguia me lembrar de partes, eu consegui lembrar da minha família, de como todos se amavam, mas outras partes da minha vida só borrões.

Depois de terminado o teste fomos para o terceiro, no qual a Diana comentou que eu deveria participar. Ela foi bem clara especificando que eu não deveria ajudar ele de forma alguma. Beto fez as duas fases perfeitamente.

Finalmente chegamos no teste e no lugar que eu mais amava. Ele saiu correndo para ver a sua pistola tão sonhada, eu só fiquei admirado, porque eu percebi que tínhamos muita coisa em comum. Quando a Diana disse que seria eu quem lutaria com ele. O Beto ficou surpreso e achou a situação engraçada.

Então disse: "- Sério Zack? Você tem cara de ter apanhado na escola."

Respondi à altura, tirei o casaco e sai andando para o tatame. Chegando lá, estendi a mão e o chamei. Agora vou mostrar para ele. Já estava ansioso por esse momento.

Ele se pôs na minha frente, quando fechou os olhos para respirar, eu me movi rápido já o lançando para o alto, depois o puxando com toda força para o chão. Uma coisa que eu aprendi com o meu trabalho é que não podemos dar mole, não podemos nos dar o luxo de perder.

Quando olhei para sua cara de assustado eu tive que provocá-lo.
"- Eu ainda não acabei."

Ele se levantou cambaleando e veio para cima de mim, desviei com toda minha agilidade, e o lancei contra a parede. Gritei com ele, tentando o encorajar, acho que funcionou.

O jogo foi começando a virar, então fui derrubado. Quando levantei só vi ele voando com um punho fechado em direção do meu rosto, agora isso está começando a ficar interessante. Ele saiu correndo e foi em direção a Diana. Saí correndo, o que ele quer com a minha amiga. Ele se virou e eu estava pronto para dar um soco certeiro, foi quando meu punho ficou preso no meu próprio casaco. Muito inteligente isso. Eu não desisti continuei batendo com as pernas. Com a cena ridícula que estava a Diana pediu para pararmos.

Mas ela tinha que falar aquilo,tinha que dizer que eu era o melhor. Eu não me considero, porém o que eu me sinto mais desconfortável de ouvir é sobre as asas, e que eu não as utilizo. Isso é desnecessário de se ficar ouvindo toda hora, e ela sabe o porquê de eu não as utilizar.

O Beto fez ela mudar de assunto, e eu agradeci ele mentalmente por isso. Na segunda parte do teste percebi que o Beto não estava tão bem. Diana me enviou para ajudá-lo, mas sem me intrometer tanto no seu teste. Ele estava muito assustado, não percebeu quando tentaram cercar ele, mas no fim tudo ocorreu bem.

Felizmente acabamos os teste, então seguimos para o último andar. Eu e a Diana fomos para a sala discutir sobre o óbvio, que era que o Roberto tinha passado em todos os testes assim como eu. Chegando lá, nós revemos todos os testes.

Estávamos assistindo o último quando ela disse:

- Então quer dizer que é ele?

Respondi meio mal comigo mesmo por o estar enganando:

- Sim é ele mesmo. Ele é o único que pode me ajudar a lembrar.

- Ele que é o cara da memória?

- Sim, ele é a única pessoa que eu me lembro que estava no dia que eu morri. Parece loucura, mas só me lembro do seu rosto assustado e gritando não, depois tudo fica embaçado. Eu preciso me lembrar Diana, lembrar como e por que vim parar aqui. Porém os superiores me disseram que se eu contar o verdadeiro objetivo deles com ele, eles vão me separar dele, e com isso não poderei entender e lembrar o que me aconteceu naquela noite a mais de 50 anos. Porém não acho justo isso que estão fazendo com ele. E talvez nem dê certo, por que ele terá que acessar a sua vida passada, e só quando fizer isso eu consiguirei me lembrar também. Os superiores me disseram que nós éramos muito ligados. E isso não melhora a situação.

- Mas você entende que com todos os atributos dele, eu terei que mandá-lo trabalhar com você? E isso só facilitaria o objetivo dos seus superiores.

- Sim, infelizmente.

- Me desculpa Zack.

- Você não tem que se desculpar Diana, a culpa não é sua. E sim minha, se eu ao menos me lembrasse, essa teia de segredos não precisaria ser montada.

- Você vai conseguir Zachariah, eu estarei aqui sempre que você precisar.

Ela disse isso me abraçando, depois me soltou e pediu para eu chamar o Beto. Fiz isso. Ele entrou, logo em seguida Diana começou a dar o resultado, preferi não falar nada, brinquei um pouco com a situaçao para não ficar óbvio que eu estava preocupado com tudo que estava prestes a acontecer.

Voltamos em silêncio para casa. Eu fui pensando no caminho em tudo que aconteceu e que iria acontecer. E se eu lembrar de tudo? O que acontece depois? Será que eu vou conseguir me lembrar? Será que eu quero me lembrar? Vai valer a pena ou não?

Os meus superiores me disseram que como eu estarei convivendo com ele, isso talvez ajude as minhas memórias se aflorarem também. Isso tudo é muito abstrato. Só que para isso eu não posso contar o segredo deles ao Beto. Em que furada eu estou me metendo? Eu estou sendo egoísta?

Quando me dei conta já tinhamos chegado em casa, e com isso eu sabia que o Beto, iria perguntar algo, e não é que eu estava certo? Ele me perguntou com os braços cruzados:

"- Você trabalha com o que afinal?"

Que Deus me ajude e me perdoe.

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Oi amores, estou com pena do Zack e do Beto, mas passei aqui para avisar outra coisa...

Hoje lancei meu segundo livro uhullllll.
Link do primeiro capítulo => http://w.tt/1KevBo0

Bom, era só isso mesmo. Obrigado por tudo e espero que tenham gostado do capítulo novo.

Beijocasss

Bia.

Fide - Entre o céu e a terraOnde histórias criam vida. Descubra agora