Ela tentou sentar-se, mas a dor no corpo a impediu. A sensação de vertigem retornou, fazendo-a recuar, com uma mão na testa, como se pudesse afastar a sensação de que tudo ao seu redor estava desmoronando.
- Fique calma - ele disse com uma voz suave, algo raro nele.
- Você desmaiou. Caíste da escada. Como está se sentindo?
Portia olhou para ele, seus olhos cheios de uma confusão que a fazia parecer mais jovem do que sua idade de 16 anos.
- Eu... estou bem, pai. Só um pouco tonta.
Mas ele não parecia acreditar nela. Seus olhos a examinavam com um cuidado que ela não estava acostumada a receber. O orgulho e a autoridade do homem pareciam desaparecer diante de uma vulnerabilidade que ele raramente permitia mostrar. Ele tocou sua testa suavemente, examinando o sinal de um pequeno hematoma que começava a se formar.
- Isso não é apenas cansaço, Portia. Precisas descansar. E parar de carregar o peso de tudo sozinha. - A voz dele estava mais grave agora, como se ele tivesse finalmente notado o quanto ela estava sobrecarregada.
Portia não respondeu de imediato. Ela estava presa em seus próprios pensamentos, ainda tentando entender o que acontecera com ela. O toque de seu pai foi reconfortante, mas o peso de sua realidade permanecia. Ela sabia que havia mais para se preocupar do que simplesmente o desconforto físico da queda. Mas, em sua mente turvada, um único nome parecia destacar-se.
Portia fechou os olhos por um momento, tentando se acalmar, mas as palavras de Matteo e a pressão de sua vida continuavam a martelar em sua mente. Ela desejava mais do que qualquer coisa que pudesse escapar, que pudesse escolher seu próprio destino, mas sabia que estava presa.
- Eu... não sei mais o que fazer, pai - ela murmurou, mais para si mesma do que para ele. Mas seu pai, como se tivesse lido seus pensamentos, respondeu com mais firmeza.
- Tu não estás sozinha, minha filha. Eu sei que isso é difícil, mas temos que ser fortes, fazer o que é certo para a nossa família. O futuro está esperando por ti, e precisamos garantir que tu estejas pronta.
Portia suspirou, sentindo o peso das palavras dele pressionando ainda mais sobre seus ombros. Ela sabia o que ele queria dizer. Ele a queria pronta para cumprir seu papel, para ser a filha que manteria o nome da família intacto.
O jantar naquela noite tinha uma atmosfera tensa, apesar do salão de jantar da mansão DeLuca estar impecavelmente decorado. O enorme lustre de cristal projetava luzes cintilantes sobre a longa mesa de mogno, onde pratos refinados estavam dispostos com perfeição. Servos passavam silenciosamente, enchendo taças de vinho e trocando pratos, mas a tensão no ar era palpável.
Portia estava reclusa, sentada perto de sua mãe, que parecia alheia à maior parte da conversa. A baronesa DeLuca mal conseguia segurar os talheres; sua filha era quem gentilmente cortava os pedaços de carne e colocava pequenos bocados no prato da mãe. Enquanto isso, os três irmãos de Portia riam alto do outro lado da mesa, seus tons de voz ecoando pelo salão.
Giovanni, o mais velho, tinha um semblante arrogante. Ele estava no comando dos negócios da família, ou pelo menos era isso que todos diziam, mas Portia sabia que ele passava mais tempo em festas do que no escritório. Enrico, o segundo, estava com a taça de vinho constantemente cheia, falando alto sobre apostas que havia feito naquela tarde. Lorenzo, o caçula dos irmãos, mas ainda mais velho que Portia, parecia o mais agitado, mexendo na comida sem comer e fazendo piadas grosseiras que arrancavam gargalhadas dos outros dois.
Portia mantinha o olhar baixo, tentando se concentrar em sua mãe, que mastigava lentamente, como se cada bocado fosse um esforço monumental. Ela estava preocupada. Não só com a saúde frágil da baronesa, mas também com os irmãos, cujas vidas despreocupadas estavam colocando a estabilidade da família em risco.
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The Portia Featherigton (Oneshot)
FanfictionSinopse: Na Londres do século XIX, Portia, uma jovem de 16 anos com uma linhagem familiar marcada por fracassos, sente-se presa às expectativas de sua família. Filha única de um homem ambicioso, ela vive sob constante pressão para se casar com um no...