capítulo 3

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Portia olhava fixamente pela janela, como se pudesse encontrar uma saída para a situação na vastidão da noite. O copo de limonada em sua mão tremia ligeiramente, tamanha era a força com que o segurava. Ela podia ouvir, mesmo de longe, as vozes de seu pai e de Lorde Featherington discutindo sobre detalhes do casamento como se ela não estivesse ali, como se seus desejos não importassem.

-  Senhorita Portia - a voz de Archibald soou baixa e controlada ao seu lado, interrompendo seus pensamentos.

Ela se virou lentamente, encontrando o olhar do jovem que agora era, aparentemente, seu futuro marido. Ele tinha os olhos castanhos sérios, quase sem brilho, mas sua expressão era impenetrável, o que a irritou mais ainda.

- Lord Featherington - respondeu ela, com a formalidade esperada, inclinando levemente a cabeça, embora o tom de sua voz fosse distante.

Archibald esboçou um leve sorriso, mas havia algo calculado nele, como se estivesse medindo cada palavra antes de pronunciá-la.

- Archibald, por favor. Não há necessidade de tantas formalidades entre... noivos

Portia sentiu o estômago revirar.

- Eu prefiro manter as formalidades, Lord Featherington. Afinal, mal nos conhecemos.

Ele riu baixo, mas o som não tinha alegria.

- Concordo. Este é um acordo entre nossas famílias, não um conto de fadas, não é?

As palavras dele foram um golpe direto. Era como se ele já tivesse aceitado a situação com uma resignação fria que a deixava ainda mais frustrada. Ela estreitou os olhos, tentando esconder o desconforto que sentia.

- Vejo que somos bastante francos, Lord Featherington -  disse ela, com um leve sarcasmo.

- Prefiro ser direto - ele respondeu, encostando-se casualmente à parede ao lado da janela. - Ambos sabemos que isto não é algo que escolhemos, mas creio que será mais fácil se não fingirmos que há algo mais aqui além de um contrato.

Portia sentiu o peso de suas palavras, mas se recusou a baixar a guarda.

- Então é assim que você enxerga o casamento? Apenas um contrato?

Archibald a encarou por um momento, como se estivesse tentando decifrar algo em sua expressão.

- No início, talvez seja. Mas quem sabe? Com o tempo, podemos encontrar... um equilíbrio.

- Equilíbrio? -  Portia repetiu, com um leve tom de incredulidade. - Não estou procurando um equilíbrio. Estou procurando liberdade.

Archibald arqueou uma sobrancelha, surpreso com a intensidade das palavras dela. Ele cruzou os braços, mas não respondeu de imediato. Em vez disso, inclinou-se ligeiramente para a frente, mantendo a voz baixa para que ninguém mais ouvisse.

- Senhorita Portia, liberdade é algo que nenhum de nós realmente tem - disse ele, com uma franqueza que a desconcertou. - Nem você, nem eu. E quanto mais cedo aceitarmos isso, mais fácil será.

Portia ficou em silêncio, as palavras dele ecoando em sua mente. Ele não estava errado, mas isso não tornava a situação menos insuportável.

- Então, é isso? - ela perguntou, quase num sussurro. - Você já desistiu de lutar pelo que realmente quer?

Archibald a observou por um momento antes de dar de ombros levemente.

- Talvez eu nunca tenha tido algo pelo qual lutar.

Portia sentiu uma pontada de pena por ele, mas rapidamente afastou o sentimento. Ela não tinha tempo para entender Archibald Featherington. Estava ocupada demais tentando encontrar uma saída para si mesma.

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⏰ Última atualização: 3 days ago ⏰

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The Portia Featherigton (Oneshot)Onde histórias criam vida. Descubra agora