Capítulo 12 - A Cidade que Nunca Dorme

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Deitada em sua cama, Anitta olhava para o teto, o pensamento se perdendo nos flashes intensos da viagem a São Paulo. Aquele passeio inesperado havia sido mais do que um escape; fora uma redescoberta de si mesma. O cheiro de lençóis amassados e o leve sabor de nicotina na boca ainda lhe traziam a lembrança do Wado. Ele surgia em sua memória como uma explosão: um misto de loucura, desejo e uma liberdade que a fazia estremecer.

Ela não havia planejado nada daquilo. Depois que Thiago terminara com ela, Anitta decidiu que merecia se desprender das correntes que ela mesma criara em nome de uma seriedade que não era mais bem-vinda. Seu primeiro impulso foi São Paulo, onde ela sabia que a vida pulsava em um ritmo que combinava com seu coração partido.

Reencontro

Reecontrar Wado foi natural, quase inevitável. Ele era um fantasma que nunca a abandonava, e quando ele apareceu no bar no segundo dia de sua estadia, tudo voltou. O sorriso irônico, os olhos carregados de uma intensidade predatória, e aquela energia avassaladora que sempre a deixava sem chão.

Anitta sentiu seu corpo vibrar ao vê-lo. As palavras eram poucas, os gestos falavam mais. Andaram pelo Museu do Ipiranga de mãos dadas, como se fossem adolescentes vivendo um romance clandestino. Ele a fazia rir com piadas que só eles entendiam, enquanto seus dedos exploravam o espaço entre os dela como se tivessem o tempo todo do mundo.

Mas era nas noites que tudo ganhava cor. E que cores!

Intimidade à Flor da Pele

O quarto do hotel parecia pequeno demais para conter a tempestade que eram os dois juntos. Anitta não sabia se era a cama, o chão ou a parede que a fazia arfar mais alto. Wado tinha um jeito de desarmá-la com um toque, com um sussurro rouco que se enroscava na pele dela como fogo. Eles eram pura química – selvagem, instintiva, e deliciosamente errada.

Ele a despiu no escuro, lentamente, como quem abre um presente que deseja há muito tempo. O calor do corpo dele contra o dela era uma anestesia para todas as decepções recentes. Com Wado, não havia barreiras; apenas entrega total. Era cru e honesto, sem promessas vazias, sem futuro a discutir. Apenas o agora – o presente que ardia como uma estrela prestes a explodir.

Entre os lençóis, os movimentos eram dançantes, quase ritmados. Anitta nunca se sentiu tão viva. O toque dele era feito de urgência, mas ao mesmo tempo, havia momentos de pausa, onde ele parecia se perder nos detalhes dela, nos sussurros entre gemidos, no gosto dos lábios que ele tanto adorava morder.

Prazer e Vício

Eles dividiam cigarros depois do sexo, o cheiro da fumaça misturando-se ao aroma do prazer que ainda pairava no ar. Havia também a cocaína, que tornava tudo mais intenso, mais rápido e mais perigoso. Cada toque parecia elétrico, cada beijo era um salto de paraquedas sem garantia de pouso.

Era como se o mundo lá fora desaparecesse, e só sobrassem eles dois – um tornado de paixão e vícios consumindo tudo ao redor. Ela sabia que aquilo não era amor, mas quem disse que precisava ser? Naquele momento, Anitta não queria rótulos. Queria sentir, e sentiu cada pedaço de Wado como se ele fosse a cura para todas as suas feridas.

Retorno à Realidade

Agora, deitada na cama, sozinha, Anitta sorria. Não de arrependimento, nem de tristeza. O que vivera em São Paulo era só dela, e ninguém poderia roubar isso. Thiago era passado, e Wado? Talvez um presente efêmero, mas um que ela guardaria como um segredo pulsante em seu coração.

Se São Paulo era a cidade que nunca dormia, Anitta sabia que, dentro dela, uma parte nunca mais descansaria.

Segredos de um obscuroOnde histórias criam vida. Descubra agora