Capítulo 13 - Marcas que o Tempo Não Apaga

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Deitada na cama, ainda absorta em suas lembranças, Anitta segurava o telefone, conversando com Donna. Donna, sua confidente de risadas, segredos e devaneios, era a única que conhecia todos os detalhes da história com Wado. Donna que marcavam sua personalidade forte, Donna sabia ouvir como ninguém e, ao mesmo tempo, provocava Anitta a revisitar emoções que a consumiam por dentro.

— E então, Anitta? Vai continuar me enrolando ou vai contar como conheceu o famoso Wado? – provocou Dona, rindo do outro lado da linha.

Anitta suspirou, olhando para o teto como se as lembranças estivessem projetadas ali.

— Foi em agosto... – começou, com um tom que misturava saudade e excitação.

O Encontro

Wado era mais do que um homem bonito; ele era magnético. O baterista do "Guns N' Roses de São Paulo", como Anitta brincava, carregava uma aura de perigo e liberdade. Eles começaram a conversar de forma casual, mas logo estavam trocando mensagens dia e noite. Cada palavra entre eles tinha peso, cada silêncio parecia um convite para um novo segredo.

— Ele era tão intenso, Dona. Era como se ele fosse a minha versão masculina. Gostava de rock, vivia cada dia como se fosse o último, e me fazia sentir como se o mundo fosse pequeno demais para nós dois.

— E você, com seu Black Power e sua essência única, conquistou o cara que poderia ter qualquer "padrão" por aí – completou Dona.

Anitta riu. Era verdade. Wado sempre tivera um tipo: mulheres brancas, de cabelo liso, rostos que pareciam moldados por revistas de moda. Anitta, por outro lado, era o oposto. Baixinha, malhada, de pernas grossas e curvas que desafiavam qualquer padrão. Seu Black Power era sua coroa, e sua personalidade, uma força da natureza.

— Ele dizia que eu era diferente de tudo que ele já conheceu – confessou Anitta.

Um Romance Sem Regras

Setembro chegou, e com ele, o primeiro encontro. Wado decidiu viajar até a cidade de Anitta. Quando seus olhos finalmente se encontraram, foi como se o mundo parasse. Eles nadaram nus no parque, seus corpos se misturaram à areia da praia, e a intimidade entre eles transcendeu qualquer barreira.

— Donna, foi tão intenso que parecia que estávamos vivendo em outro planeta – disse Anitta, o sorriso escapando em sua voz.

A química deles era explosiva. O sexo era arrebatador, uma mistura de paixão e entrega que nenhum dos dois havia experimentado antes. E para marcar aquele momento, decidiram fazer tatuagens.

As Tatuagens

— Fizemos isso juntos, no último dia dele aqui – contou Anitta.

Ela tatuou uma clave de sol com pássaros voando, simbolizando o rock e a liberdade que unia os dois. Ao lado, colocou um "W" em homenagem a Wado e o "SP", representando a cidade que foi cenário do amor deles.

Vado, por sua vez, eternizou o "A" de Anitta e a cidade dela em sua pele.

— Era como se quiséssemos levar um pedaço um do outro para sempre.

Drogas e Despedidas

As últimas noites deles juntos foram marcadas por lágrimas, cocaína e sexo intenso. Quando Wado voltou para São Paulo, o vazio tomou conta.

— Nós choramos tanto, Donna. E eu pensei que fosse o fim, mas continuamos nos falando por um mês depois disso. Foi nesse intervalo que decidi tentar algo sério com Thiago.

Anitta suspirou, a lembrança de Thiago não mais dolorosa, mas curiosamente insignificante ao lado do que vivera com Wado.

— E agora, aqui estou eu – completou, voltando à realidade.

Donna ficou em silêncio por um instante antes de responder:

— Sabe, Anitta, acho que o que você viveu com ele foi muito mais do que um romance. Foi uma revolução.

— Talvez. Mas agora, eu quero escrever novas histórias – respondeu Anitta, com um tom que misturava determinação e desejo.

E com isso, ela desligou, sentindo que, embora seu passado estivesse gravado em sua pele e memória, o futuro ainda guardava promessas que valiam a pena serem descobertas.

Segredos de um obscuroOnde histórias criam vida. Descubra agora