Victor respirou fundo, tentando afastar o pânico que ameaçava dominá-lo como uma sombra insidiosa. O tempo parecia se arrastar, cada segundo era um eco agonizante na sua mente confusa. Ele olhou para Marta, ainda encolhida no canto do quarto, seus olhos refletindo o terror absoluto que a consumia. Era como se a própria escuridão estivesse se espremendo entre eles, esperando para devorar suas almas.
— Marta, escute-me! – ele sussurrou, sua voz quase um grito sufocado. — Precisamos nos livrar do corpo. Não temos tempo a perder. – As palavras saíam de sua boca como um veneno, carregadas de desespero.
— Como? C-como podemos fazer isso? Não posso... não posso t-tocar nela! – Marta balançou a cabeça, lágrimas escarlates escorrendo por seu rosto pálido como se o próprio sangue estivesse tentando escapar. Sua voz tremia, carregada de horror.
Victor forçou-se a olhar novamente para o corpo de Amanda, estendida no chão como uma marionete sem fios. Era um espetáculo horrendo de carne e sangue - um pesadelo que ele não podia permitir que o consumisse. A sobrevivência era tudo o que importava agora, e ele se lembrou das histórias sussurradas sobre criminosos se livrando de corpos - um caminho obscuro que ele nunca desejou seguir, mas a situação exigia sacrifícios.
— Vamos arrastá-la para o banheiro. – sugeriu Victor com uma determinação sombria, apontando para a porta ao fundo do quarto. — Lá podemos escondê-la até decidirmos o que fazer.
Com hesitação, Marta assentiu e se levantou lentamente, seu corpo tremendo como uma folha ao vento. Victor se aproximou do corpo de Amanda, sentindo seu estômago a cada passo. Armou-se com toalhas nas mãos, evitando deixar impressões digitais como se estivesse lidando com algo mais precioso do que ouro - uma vida perdida.
Estendeu um edredom no chão e colocou o defunto em cima dele, puxando-a em direção à porta; sua pele fria contrastava com o calor pulsante de seu corpo em pânico. Marta seguiu atrás dele, ajudando com relutância e horror nos olhos.
Ao chegarem ao banheiro, Victor empurrou a porta com força; o estrondo parecia um trovão anunciando a tempestade que se aproximava. O espaço era pequeno e mal iluminado; o cheiro de sangue começava a impregnar o ar como uma promessa de morte iminente.
— Agora o que fazemos? – Marta perguntou, sua voz quase inaudível, perdendo-se na penumbra.
Victor olhou ao redor em busca de uma solução desesperada. Havia uma banheira antiga no canto; talvez pudesse usá-la para esconder os vestígios desse crime hediondo. Ele sabia que precisava agir rápido antes que as evidências fossem descobertas e os fantasmas do passado voltassem para assombrá-los.
— Precisamos queimá-la. – disse ele decididamente, cada palavra saindo como um sussurro sinistro. — Vamos colocá-la na banheira, coletar evidências e atear fogo.
Enquanto trabalhavam juntos para acomodar Amanda na banheira, Victor sentia seu coração disparar como um tambor fúnebre ecoando na escuridão, cada movimento parecia gritar em seus ouvidos. Ao conseguirem acomodar o corpo, começaram a vasculhar as marcas deixadas na pele pálida da mulher em busca do que poderia ter a atacado. Victor rasgou as roupas restantes dela com mãos trêmulas.
— V-Victor... – Marta começou novamente, mas ele interrompeu.
— Não! Não pense nisso agora! Temos que nos concentrar em descobrir tudo antes que alguém venha aqui. – Sua voz soava como uma lâmina afiada cortando através da névoa da confusão.
O silêncio pairou sobre eles enquanto trabalhavam freneticamente; os sons da cidade lá fora pareciam distantes e irreais - uma vida normal continuando enquanto eles mergulhavam nas profundezas do horror. Victor estava ciente de que cada segundo contava - quanto mais tempo passasse ali, maior seria o risco de serem descobertos por olhos curiosos ou por algo muito pior.
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O Murmurio No Abismo
Misterio / SuspensoEm uma cidade envolta em mistérios, um segredo sombrio se esconde nas profundezas. Uma entidade enigmática atrai suas vítimas com sussurros hipnotizantes, prometendo revelações e desejos ocultos. No entanto, aqueles que seguem esses chamados frequen...