Amor verdadeiro?

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Promiscuous Nelly Furtado, Timbaland
Let your guard down ain't nobody gotta know (know)
If you with it girl I know a place we can go
What kind of girl do you take me for? (Hey)

(Bela narrando)

A biblioteca estava mergulhada em um silêncio inquietante, interrompido apenas pelo som distante do vento batendo contra as janelas.

Com o diário da Fera em mãos, eu hesitei. Era invasivo? Sim.
Mas algo em mim dizia que, para entender a maldição, eu precisava saber o que ela escondia.

Eu abri o diário novamente, desta vez com mais cuidado. As primeiras páginas eram cheias de confissões dolorosas e desabafos rabiscados com raiva.

"A punição não é minha forma monstruosa, mas o vazio que ela traz. Ninguém será capaz de amar algo como eu."

Continuei lendo, e as palavras começaram a revelar mais sobre a maldição. Havia uma descrição de como ela fora lançada:

"O feitiço é claro: apenas um amor verdadeiro pode quebrá-lo. Mas como alguém pode amar um coração tão arruinado? Como alguém pode ver além do que eu me tornei?"

Meu coração apertou. Ela acreditava que ninguém poderia amá-la. Não apenas por sua aparência, mas porque, no fundo, ela não se achava digna de amor.

Folheei mais algumas páginas até encontrar uma anotação diferente. Era como se ela tivesse tentado entender a própria maldição:

"O amor verdadeiro. Não paixão, não desejo. Mas algo mais profundo, mais puro. Algo que transcende o medo e a culpa. Quem poderia oferecer isso a um monstro?"

A escrita parava bruscamente, como se ela tivesse desistido de terminar o pensamento.

Estava tão concentrada no diário que nem percebi a presença de Lumière até ouvir um leve pigarro.

— Ah, mademoiselle, – ele disse, inclinando-se dramaticamente como sempre, segurando um candelabro em suas mãos já iluminadas.
— Eu sabia que você gostava de um bom mistério, mas não sabia que era tão curiosa assim.

Quase deixei o diário cair no susto. — Lumière! Eu só... eu estava tentando entender mais sobre a maldição.

— Entender, ou se perder nos segredos da fera? – Ele arqueou uma sobrancelha, mas seu tom era mais provocador do que repreensivo.

— Os dois, talvez – admiti.

Lumière aproximou-se, colocando o candelabro sobre a mesa e olhando o diário como se estivesse avaliando se deveria ou não me impedir. Depois de um momento, ele suspirou.

— A maldição é uma história complicada, como tudo o que envolve o coração – disse ele, finalmente sentando-se em uma poltrona próxima. — E nossa querida Fera... bem, digamos que ela não é a melhor contadora de histórias.

— Ela disse que só o amor verdadeiro pode quebrar a maldição – murmurei, ainda olhando para o diário fechado.

— Ah, sim – Lumière respondeu, gesticulando dramaticamente. — Amor verdadeiro. Tão simples em teoria, tão complicado na prática.

— Você acha que ela realmente acredita que isso é possível? – perguntei, finalmente levantando os olhos para ele.

Lumière inclinou-se para frente, apoiando o queixo em uma das mãos.
— Acreditar? Não. E esse é o problema. Ela vive há tanto tempo em sua própria escuridão que esqueceu como é a luz.

Fiquei em silêncio, pensando nas palavras dele.
— Mas você — ele continuou, apontando para mim — você é diferente. Desde que chegou aqui, o castelo parece... como posso dizer... menos sombrio.

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⏰ Última atualização: 5 days ago ⏰

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A Bela e a Fera🌹(GL)Onde histórias criam vida. Descubra agora