Capítulo 2: A Tempestade se Aproxima

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Ao amanhecer, o sol começava a tingir o céu com tons suaves de laranja e dourado. Eu despertei rapidamente, como se algo dentro de mim me empurrasse para fora da cama. A casa ainda estava silenciosa, e os primeiros raios de luz invadiam a sala. Apressada, fui até a sala, tentando evitar fazer barulho, mas minha mãe, como sempre, já estava de pé, preparando o café com sua rotina tranquila e meticulosa.

Ela me olhou de relance, percebendo minha presença antes que eu pudesse dizer qualquer coisa. "Já tá de pé essa hora?", perguntou, com aquele olhar de quem não deixa nada passar despercebido. "Ah, sim, mãe, eu tenho um negócio a fazer", respondi, tentando esconder minha ansiedade. Mas ela não ia me deixar escapar tão facilmente. "Faça seus negócios depois. Venha tomar café agora", insistiu.

Relutante, me sentei à mesa, sabendo que seria difícil escapar dessa insistência. Meu pai, sentado ao lado, levantou os olhos para mim e, com um sorriso de leve zombaria, perguntou: "Ih, pra onde você quer ir com tanta pressa?" Eu, tentando parecer mais calma do que realmente estava, disse: "Eu esbarrei em um senhor aqui no vilarejo ontem e acabei atrapalhando a colheita dele. Preciso ir lá ajudar."

Minha mãe me olhou curiosa. "Ajudar? Quem é ele? Qual é o nome dele?" Antes que eu pudesse dar uma resposta completa, ela já estava se levantando, como se quisesse ir atrás de mim.

"Calma, mãe, já resolvi. Vou lá hoje ajudar ele com a colheita, como prometi ontem", expliquei, tentando tranquilizá-la. Ela suspirou, com um sorriso meio desconcertado. "Olha, sua boa vontade vai acabar virando uma confusão, menina. Sempre se metendo onde não deve." Ela virou-se para meu pai com aquele sorriso brincalhão. "Olha só como sua filha é, igualzinha a você." Meu pai riu, com aquele sorriso largo que sempre me fazia pensar em como ele via a vida. "Ela é igual a você quando mais jovem", comentou. Minha mãe deu-lhe um tapa de leve no ombro, com aquele sorriso maroto que só ela tem. "Para com isso", ela disse, e ele riu mais.

Eu fiquei ali, observando aquela cena, com um sorriso discreto. "Que grudentos", pensei comigo mesma, mas não podia negar que me sentia acolhida naquele ambiente simples, onde cada gesto era carregado de amor.

Logo terminei o café e me levantei. "Tome cuidado, filha", disse meu pai, com aquele tom grave e protetor, como se estivesse me enviando para um grande desafio. "Claro, pai", sorri, e fui para a porta. O vilarejo ainda estava calmo, o céu claro e a brisa fresca me acompanhava enquanto eu corria, com o coração acelerado, pronta para cumprir minha promessa.

Cheguei à casa do senhor, que morava no fim do vilarejo. Ele estava lá, conversando com outro homem de estatura média e um bigode exageradamente grande. O homem parecia calmo, mas sua postura transmitia firmeza e sabedoria.

"Bom dia", disse, cumprimentando-os com um sorriso. O senhor me olhou, os olhos gentis e acolhedores, e respondeu com calma: "Oi, minha filha, bom dia. Vamos começar?" Sua voz tranquila me acalmou, e eu, um pouco nervosa, sorri e disse: "Vamos sim."

E ali, entre o trabalho árduo e o som das colheitas, comecei a ajudar o senhor. Não era um trabalho difícil, mas enquanto eu o fazia, percebi que estava aprendendo algo muito mais valioso do que simplesmente ajudar com vegetais. Estava aprendendo sobre paciência, sobre a importância de honrar as promessas que fazemos e sobre o valor de estar presente quando alguém conta com você. Naquele momento, eu sabia que, embora o mundo estivesse em constante movimento, ali, ao lado daquele homem calmo, estava exatamente onde eu precisava estar.

De repente, olhei para o senhor e, ao escutá-lo, um pensamento começou a se formar na minha mente. "Bom, vamos voltar ao nosso plano." A missão era clara: descobrir tudo sobre o chefe da vila. Por isso, comecei a direcionar as perguntas para o senhor, com aquele ar inocente de quem apenas se interessa pela vida de alguém.

Cicatrizes de VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora