Em Chamas

"O Mundo Além das Cinzas"

Os primeiros raios de sol tocaram sua pele com uma delicadeza que ele jamais conhecera. Taehyung, com passos cautelosos, caminhava pela estrada deserta, sentindo a liberdade vibrar em cada célula do seu corpo. Ele não sabia para onde ir, apenas que precisava ir. Atrás dele, o laboratório era agora um túmulo fumegante, um lembrete do mundo que ele havia deixado para trás.

Foi quando ele o encontrou.

Seokjin, ou simplesmente Jin, estava parado ao lado de um carro antigo com o capô aberto, tentando consertar algo. Ele tinha um rosto caloroso, uma expressão amigável e olhos que pareciam enxergar além das aparências. Quando viu Taehyung, com as roupas rasgadas e um olhar que oscilava entre fascínio e desconfiança, não recuou.

— Você parece perdido — disse Jin, com um sorriso suave.

Taehyung não respondeu de imediato. Ele não sabia se podia confiar naquele estranho, mas algo no tom de sua voz o acalmava.

— Não tenho para onde ir — admitiu finalmente, a voz rouca de cansaço.

Jin inclinou a cabeça, avaliando-o por um momento. Então, como se fosse a coisa mais natural do mundo, abriu a porta do carro.

— Entra. Eu conheço um lugar onde você pode ficar.

***

Os dias seguintes foram como um sonho. Jin morava em uma casa simples, mas acolhedora, nas montanhas, longe do caos da cidade. Ele não fez muitas perguntas no início, apenas ofereceu comida, roupas limpas e um espaço seguro para Taehyung descansar. Mas aos poucos, as conversas começaram.

Jin era paciente, quase paternal, e ajudava Taehyung a entender o mundo que ele nunca conhecera. Ele explicou sobre regras sociais, como interagir com as pessoas sem chamar atenção, e, acima de tudo, como controlar as emoções que alimentavam seu fogo.

— Você tem um poder incrível, mas o poder sem controle só destrói — disse Jin uma noite, enquanto o fogo crepitava na lareira. — Se quiser viver aqui fora, precisa aprender a dominá-lo.

Foi então que Jin o apresentou aos outros.

***

Primeiro veio Jimin. Ele era carismático, com um sorriso que podia iluminar qualquer ambiente. Jimin tinha um talento especial para a empatia, algo que Taehyung nunca havia experimentado. Ele o ajudou a lidar com as cicatrizes emocionais deixadas pelo laboratório.

— Você não é apenas o que fizeram com você, Tae — disse Jimin certa vez, enquanto o ajudava a treinar. — Você pode ser o que quiser.

Depois veio Jungkook, ou JK, como todos o chamavam. Ele era cheio de energia, determinado e sempre disposto a enfrentar qualquer desafio. Jungkook e Taehyung rapidamente formaram um vínculo, como irmãos que compartilham segredos e sonhos.

Namjoon, com sua mente afiada e sua sabedoria tranquila, tornou-se um mentor para Taehyung. Ele explicou como o mundo funcionava, desde as complexidades da sociedade até as nuances da natureza humana.

— O controle do fogo começa com o controle de si mesmo — disse Namjoon um dia, enquanto meditavam juntos.

J-Hope, o raio de sol do grupo, trouxe alegria e leveza para a vida de Taehyung. Ele o ensinou a dançar, a rir de si mesmo e a encontrar beleza nas pequenas coisas.

E, por fim, havia Suga, reservado e introspectivo, mas com uma profundidade que surpreendia. Ele entendia o lado mais sombrio de Taehyung, as dúvidas e medos que o consumiam.

— A escuridão não é sua inimiga — disse Suga. — É apenas outra parte de você.

***

Os anos passaram, e Taehyung mudou. Com a ajuda de Jin e dos outros, ele aprendeu a controlar seu poder, a entender suas emoções e a se integrar ao mundo. Não foi fácil. Houve erros, momentos de frustração e até de recaída, mas ele nunca esteve sozinho.

Em uma noite de inverno, sentado ao redor de uma fogueira com seus amigos, Taehyung percebeu algo importante.

Pela primeira vez, ele não se sentia um experimento, uma aberração. Ele era apenas ele mesmo, parte de algo maior, parte de uma família.

O fogo dentro dele ainda queimava, mas agora era diferente. Não era mais uma força destrutiva, mas um símbolo de quem ele era: poderoso, mas controlado.

E ele sabia que, com Jin e seus amigos ao seu lado, estava pronto para enfrentar qualquer coisa que o mundo lhe reservasse.