Sob o céu límpido de Aetheria, o campo de treinamento de Trwin se estendia como um vasto tapete de grama verdejante, cercado por colinas suaves e flores silvestres. O local ficava próximo ao Palácio, a uma distância suficiente para permitir o som dos sinos da torre principal quando os ventos estavam favoráveis. A arquitetura do castelo ao longe era imponente, com torres de mármore branco que pareciam tocar os céus, reluzindo sob o sol dourado.O campo era organizado com precisão militar. Estacas de madeira com alvos pendurados, armas de treino cuidadosamente alinhadas e faixas de tecido com o brasão de Aetheria — um sol radiante sobre um fundo azul — decoravam o local. Crianças de diversas idades estavam reunidas ao redor da arena central, onde Elysia Arcanis treinava.
Elysia trajava uma armadura leve feita de placas de prata ornamentadas com detalhes dourados. A peça era feita sob medida, adaptando-se perfeitamente ao seu corpo esguio, mas atlético. Seu longo cabelo dourado estava preso em uma trança elaborada, afastado do rosto para não atrapalhar os movimentos. O manto azul que representava sua casa repousava sobre seus ombros, preso por um broche em forma de sol.
As crianças, ansiosas e animadas, observavam cada movimento da princesa com olhos brilhantes. Elas estavam trajadas de forma simples, com túnicas de algodão e sapatos de couro surrado, típicos dos filhos de soldados e trabalhadores do reino. Mesmo assim, havia algo especial em seus semblantes — uma mistura de orgulho e esperança. Entre elas estava Aran, um menino de doze anos que parecia mais curioso e atento que os outros. Ele tinha cabelos castanhos curtos e uma expressão determinada, segurando sua espada de madeira como se fosse a mais valiosa relíquia do reino.
Ao lado de Elysia, o guarda real com quem ela treinava representava um contraste marcante. Era um homem alto e robusto, com a barba por fazer e olhos castanhos que revelavam anos de experiência em combate. Sua armadura era mais funcional que decorativa, desgastada pelo uso constante, mas ainda assim bem cuidada. Ele segurava uma espada de treino, e embora mantivesse uma postura séria, um sorriso discreto aparecia nos lábios enquanto enfrentava a princesa em uma simulação de combate.
Elysia avançou com um movimento fluido, sua espada brilhando ao refletir o sol. Os passos dela eram firmes, precisos, e cada golpe carregava não apenas força, mas também graça.
— Preste atenção, crianças! — disse ela, sem desviar os olhos do oponente. — O segredo não está apenas na força, mas na estratégia. Um oponente pode ser mais forte, mas nunca mais esperto, se vocês souberem ler suas intenções.
O som de metal contra metal ecoava pelo campo quando as lâminas de treino se chocavam. As crianças prendiam a respiração a cada golpe, fascinadas com o duelo.
— Você vai perder o equilíbrio se continuar assim, princesa — provocou o guarda com um sorriso travesso, tentando desestabilizá-la.
Elysia arqueou uma sobrancelha, retribuindo o sorriso.
— Vamos ver.
Ela girou o corpo em um movimento rápido, esquivando-se de um golpe e desferindo outro logo em seguida. A lâmina dela acertou o pulso do guarda, desarmando-o com elegância. As crianças explodiram em aplausos.
— Muito bem! — Elysia ergueu a espada no ar e se virou para o grupo. — Lembrem-se disso. Na batalha, o menor erro pode custar tudo. Estejam sempre atentos.
Enquanto falava, seu olhar pousou em Aran. O seu preferido entre os aprendizes, mas isso era algo que ela nunca revelaria. O garoto estava imóvel, ainda segurando sua espada de madeira, mas com um sorriso tímido no rosto. Elysia deu alguns passos em direção a ele.
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As crônicas do Véu Sombrio - A Lenda do Véu
FantasiO Véu Sombrio, uma barreira mágica que separa os quatro reinos de forças caóticas, sempre foi considerado indestrutível. Mas quando ele começa a se desfazer, o equilíbrio que sustentava Aetheria, Velathor, Mournwood e Ignaroth é quebrado, mergulhand...