O campo de treinamento de Aetheria estava devastado. O impacto das criaturas do Abismo de Nihil havia deixado marcas profundas no solo, e pedaços de madeira das estacas de treino estavam espalhados por todo o campo. As crianças, ainda em choque, eram escoltadas para longe pelos guardas, cujos rostos estavam pálidos e tensos, como se o terror que haviam presenciado fosse demais até para eles.Elysia ainda estava ali, no centro da devastação, seus olhos amarelados fixos no horizonte, enquanto sua respiração pesava no ar. Sua magia havia sido suficiente para afastar as criaturas por um momento, mas ela sabia que isso não era o fim. O que quer que os tivesse enviado não estava satisfeito. Não ainda.
O som agudo que ela ouvira antes, o grito primal das criaturas, ainda reverberava em sua mente. Algo estava acontecendo, e Elysia sentia que o seu mundo estava prestes a ser virado de cabeça para baixo. O Coração do Véu, o artefato mágico que mantinha o equilíbrio entre os reinos, agora desaparecido, parecia ser apenas a ponta do iceberg. E ela, como princesa de Aetheria, estava no centro dessa tempestade.
— Precisamos voltar ao Palácio — disse o guarda real, a voz grave e preocupada. Ele estava ao lado de Elysia, ainda ofegante pela batalha, mas sem mostrar sinais de cansaço. Era claro que ele havia lutado com todas as forças para proteger as crianças, e agora seu instinto de guarda o impelia a garantir a segurança da princesa.
Elysia olhou para ele, seus olhos brilhando com uma determinação renovada.
— E se isso não for o fim? — perguntou ela, a preocupação em sua voz mais evidente agora. — E se essas criaturas forem apenas o começo?
— Eu não sei, princesa, mas se o que vimos hoje for verdade, então o Véu está se enfraquecendo. E se o Coração do Véu realmente desapareceu... algo muito pior pode estar a caminho.
Ela franziu a testa. O Véu, a barreira mágica que separava os reinos, era vital para o equilíbrio entre eles. Mas o Coração do Véu, o artefato que sustentava essa proteção, estava desaparecido, e ninguém sabia onde ele estava nem o que estava acontecendo com ele. E com isso, o Véu, sua proteção contra as forças das trevas, estava enfraquecendo. Elysia sabia que se não encontrassem o artefato rapidamente, os reinos poderiam entrar em colapso.
— Leve as crianças para um lugar seguro — disse Elysia, sua voz firme, mas o olhar carregado de um peso que ela não queria demonstrar. — Eu vou voltar para o Palácio. Há algo mais acontecendo. Eu posso sentir.
O guarda hesitou, mas não questionou. Ele assentiu rapidamente e se afastou.
Elysia passou pelas colinas ondulantes e pelas flores silvestres, que agora pareciam pálidas e distorcidas, como se o mundo ao seu redor estivesse sendo corrompido por uma força invisível. Seus passos rápidos ecoavam no chão silencioso, e sua mente fervilhava com perguntas sem resposta.
Quando chegou à entrada do Palácio, o cenário era igualmente sombrio. As grandes portas de mármore estavam abertas, como se os guardas que normalmente estavam de vigia tivessem sido chamados para longe. Elysia avançou rapidamente pelos corredores do castelo, seus passos reverberando nas paredes de pedra. O Palácio de Aetheria, com suas torres imponentes e paredes reluzentes, normalmente transbordava de luz e alegria, mas agora tudo parecia abafado, como se uma sombra tivesse caído sobre aquele lugar.
Ao chegar à grande sala do trono, o rei, Ardan Arcanis, sentado em seu trono encrustado de ouro, a aguardava, mas ao contrário do que ela esperava, ele não perguntou se ela estava bem. Não se importava com os ferimentos que ela pudesse ter ou com o que havia acontecido. Ele apenas a olhou com aqueles olhos implacáveis e disse, com uma frieza cortante:
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As crônicas do Véu Sombrio - A Lenda do Véu
FantasyO Véu Sombrio, uma barreira mágica que separa os quatro reinos de forças caóticas, sempre foi considerado indestrutível. Mas quando ele começa a se desfazer, o equilíbrio que sustentava Aetheria, Velathor, Mournwood e Ignaroth é quebrado, mergulhand...