Na manhã seguinte, o salão estava tomado por um silêncio tenso. Após as discussões acaloradas da noite anterior, uma breve reunião foi convocada ao amanhecer. Os relatos de um ataque próximo à fronteira entre Mournwood e Velathor haviam acelerado as decisões, forçando o grupo a concordar, mesmo que de forma relutante, em unir forças temporariamente.Elysia estava parada no centro do salão, com os braços cruzados e os olhos fixos na janela envidraçada, tentando ignorar a presença incômoda de Ares à sua direita. Ele, por sua vez, mantinha a postura rígida e uma expressão de enfado. Thorn e Varaak estavam ao lado oposto, atentos às estratégias sendo traçadas.
– Não estou fazendo isso por vocês – disse Ares, rompendo o silêncio. Seu tom era frio e direto. – Estou aqui pelo meu povo.
– E eu pelo meu – respondeu Elysia, virando-se para ele com o olhar desafiador. – Que isso fique claro.
– Então que isso funcione – interveio Thorn, com a calma de quem parecia sempre medir as palavras. – Porque, se falharmos, todos os reinos cairão.
Varaak bufou, cruzando os braços enquanto revirava os olhos.
– Menos conversa, mais ação. Vamos logo.
Sem outra palavra, o grupo deixou o salão.
A manhã estava encoberta por uma névoa espessa, tornando o clima ainda mais opressivo enquanto o grupo saía do salão principal para os portões do palácio. Os raios do sol tentavam atravessar o céu acinzentado, mas mal conseguiam iluminar a estrada de pedras. Elysia caminhava à frente, vestida com uma túnica de couro reforçado, ajustada ao corpo, que oferecia tanto mobilidade quanto proteção. Sua capa azul com bordados dourados oscilava ao vento, e uma espada leve repousava em sua cintura, o cabo decorado com entalhes de runas.
Ares vinha logo atrás dela, sua postura rígida e o olhar afiado como uma lâmina. Sua armadura escura, com detalhes que pareciam absorver a luz ao invés de refleti-la, parecia um lembrete constante de sua ligação com as sombras. Ele segurava sua espada de lâmina negra com firmeza, e sua expressão era fria, quase indiferente, como se já antecipasse o caos que viria.
Thorn trazia consigo um arco longínquo de madeira escura, as flechas presas a uma aljava decorada com símbolos silvanos. Seus olhos verdes vasculhavam os arredores com uma calma calculada. Varaak, no entanto, parecia carregar toda a tensão do grupo em sua figura imponente. Sua armadura escamosa refletia tons de vermelho e dourado, e suas mãos, mesmo sem estarem envolvidas em chamas, irradiavam um calor quase palpável.
O grupo cavalgou por horas, os cascos dos cavalos ressoando contra o terreno cada vez mais irregular. Quando chegaram à vila, a visão que os aguardava era desoladora. Casas destroçadas, madeira queimada e manchas escuras no solo contavam a história de uma destruição implacável. Uma névoa densa parecia pairar sobre o lugar, abafando até mesmo os sons naturais da floresta ao redor.
Elysia desmontou, a mão instintivamente indo para o cabo de sua espada. Sua expressão era uma mistura de preocupação e determinação.
– Vamos investigar – disse ela, olhando para os outros.
Enquanto Thorn examinava os arredores, abaixando-se para tocar o solo e sentir os rastros das criaturas, Varaak caminhava até uma árvore queimada, passando os dedos pela madeira carbonizada.
– Isso não é natural – murmurou ele.
Ares aproximou-se de Elysia, mantendo uma distância calculada.
– O que exatamente espera encontrar aqui? – perguntou, o tom carregado de sarcasmo.
– Respostas – respondeu ela, encarando-o com firmeza. – Algo que explique o que estamos enfrentando.
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As crônicas do Véu Sombrio - A Lenda do Véu
FantasyO Véu Sombrio, uma barreira mágica que separa os quatro reinos de forças caóticas, sempre foi considerado indestrutível. Mas quando ele começa a se desfazer, o equilíbrio que sustentava Aetheria, Velathor, Mournwood e Ignaroth é quebrado, mergulhand...