Capítulo 16: Resolvendo briga infantil

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Marcus Crowe

Marcus estava sentado em sua
poltrona de couro desgastada, a luz
fraca do abajur iluminando apenas
parte do cômodo. Em suas mãos, um
pedaço de papel amassado com as
anotações que ele havia conseguido
obter, graças a um de seus contatos.
Não foi difícil descobrir o que ele
queria; sempre há alguém disposto a
trair segredos por um preço certo.

"Briga na escola. Noah Hale.
Valentões. Motivo: roubo de material escolar e humilhação pública."

Ele leua nota novamente, franzindo a
testa. Aquele garoto era irritantemente
parecido com a irmä: uma teimosia
intrínseca e um senso de justiça que,
para ele, mais parecia estupidez. Ainda assim, Noah era apenas uma criança, e Marcus sabia exatamente como era se sentir pequeno e impotente diante de predadores.

Ele pegou o casaco preto e saiu sem
fazer barulho, como uma sombra
deslizando pelas ruas escuras. Sabia
onde encontrar os garotos
responsáveis pela confusão; bastou
um pouCo de observação e uma
palavra bem colocada para descobrir o lugar onde eles costumavam se reunir depois da escola.

O beco atrás de uma lanchonete
decadente era iluminado apenas pela
luz de um poste piscando. Três figuras
estavam ali, rindo e compartilhando
histórias sobre o que claramente
consideravam "glórias" da escola.
Marcus encostou na parede,
observando de longe por alguns
segundos, calculando o momento
perfeito para intervir.

─ Divertido, não é? ─ Sua voz cortou o
ar como uma lâmina, fazendo os
garotos congelarem.

Eles se viraram, e a visão de Marcus,
vestido de preto, com um olhar gelado
e postura ameaçadora, fez o sangue
deles gelar.

─ Quem... quem é você? ─ perguntou
um deles, com uma falsa coragem na
voz.

─ Não importa quem sou. Importa o
que vocês fizeram. Noah Hale. Soa
familiar? ─ Marcus deu um passo à
frente, sua presença se tornando mais
sufocante. Os três trocaram olhares nervosos.

─ Foi só uma brincadeira ─ disse um
dos garotos, tentando soar confiante.
─ Uma brincadeira? ─ Marcus riu, um
som baixo e perigoso.─ Vamos ver se
vocês acham isso divertido.

Antes que pudessem reagir, Marcus os
atacou com uma precisão
assustadora. Ele não estava ali para
matá-los, mas cada golpe era
calculado para causar dor e deixar
marcas. Um chute no estômago, um
soco no rosto, torções de braço que
faziam os gritos ecoarem pelo beco
vazio.

Quando terminou, os três estavam no
chão, gemendo e choramingando.
Marcus se abaixou, segurando o
queixo de um deles com força.

─ Isso foi uma lição. Da próxima vez
que pensarem em humilhar alguém,
lembrem-se de mim.

Ele se levantou e limpou as mãos com
um lenço, jogando-o no chão ao lado
deles antes de desaparecer na
escuridão, como se nunca tivesse
estado ali.

Enquanto caminhava de volta, sentiu
uma pontada de satisfação. Não era
algo que Daphne aprovaria, mas, para
ele, aquilo era justiça. Uma justiça que
só ele podia entregar.

Marcus caminhava pelas ruas mal iluminadas, sentindo a brisa fria cortar seu rosto. A noite tinha uma energia peculiar, algo que ele sempre notava antes de tomar uma decisão importante. Ele havia passado a última hora repassando os eventos da briga de Noah na escola. Não era apenas o que aconteceu, mas o motivo que Noah havia dado a Daphne: comentários ofensivos sobre ela. Isso o deixou inquieto, talvez mais do que deveria.

Ele era um homem metódico, e qualquer ameaça, por menor que fosse, deveria ser tratada com severidade. Marcus não gostava de pontas soltas, e o grupo de valentões que achou que poderia usar o nome de Daphne em vão logo aprenderia a pagar por suas palavras.

Depois de alguns telefonemas e algumas cédulas bem colocadas, ele conseguiu informações suficientes. Os garotos não eram exatamente espertos. Passaram a noite toda em um bar de esquina, jogando bilhar e rindo alto, como se fossem intocáveis. Marcus os observou de longe, um vulto nas sombras.

Ele esperou. Marcus sabia que paciência era uma arma poderosa, algo que usava com maestria. Quando o grupo finalmente deixou o bar, bêbados e despreocupados, ele os seguiu. Os passos ecoavam na rua deserta, o som das risadas ficando mais irritantes a cada segundo.

Quando chegaram a um beco estreito, Marcus viu sua oportunidade.

— Ei, garotos. — Sua voz ressoou na penumbra, calma, mas carregada de algo sombrio.

O grupo se virou, confuso com o homem que emergia das sombras. Marcus parecia quase casual, as mãos nos bolsos do casaco, o olhar fixo e gelado.

— O que quer? — um deles perguntou, a voz levemente trêmula.

— Nada demais — Marcus respondeu, aproximando-se devagar. — Só uma conversa.

— Conversa sobre o quê?

— Sobre como vocês acham que têm o direito de falar sobre Daphne Hale.

Os risos cessaram. Houve um momento de silêncio antes que um dos garotos, mais corajoso — ou mais estúpido — desse um passo à frente.

— E quem é você pra vir aqui e...

Ele não terminou a frase. Marcus se moveu com a precisão de um predador, acertando-o com um golpe direto no estômago. O garoto caiu de joelhos, ofegando, enquanto os outros o observavam, congelados entre correr ou lutar.

— Sejam inteligentes — Marcus disse, a voz fria. — Corram.

Dois deles tentaram, mas Marcus já estava preparado. Ele os derrubou com uma eficiência assustadora, cada movimento calculado. Os golpes eram duros, mas controlados. Marcus não queria matá-los, apenas deixar uma mensagem clara.

Quando terminou, o líder do grupo estava encostado na parede, o rosto sujo de sangue, tremendo visivelmente. Marcus se abaixou na altura dele, segurando-o pelo colarinho.

— Se ouvir algo sobre Daphne novamente, eu não vou parar por aqui. Entendido?

O garoto apenas assentiu, sem conseguir formular uma palavra.

Marcus soltou-o com desprezo, limpando as mãos em um lenço antes de jogá-lo no chão. Ele olhou para o grupo agora prostrado no beco, gemendo de dor, e sentiu uma pontada de satisfação.

Na volta para casa, parou em um café aberto 24 horas, pedindo um café preto. Sentou-se em uma mesa perto da janela, observando a rua enquanto tomava pequenos goles. Seus pensamentos voltaram para Daphne. Ele não sabia exatamente por que fazia isso, por que se importava tanto. Talvez fosse mais do que um desejo de posse. Talvez fosse algo que ele não estava pronto para admitir.

Antes de sair, deixou uma gorjeta generosa para a garçonete, que lhe lançou um olhar curioso. Ele caminhou para casa, a mente já maquinando seus próximos passos.

Daphne não fazia ideia do que ele era capaz de fazer por ela. Mas, cedo ou tarde, ela descobriria. E quando isso acontecesse, ele queria estar lá para ver a expressão em seu rosto.

sᴜsᴜʀʀᴏs ᴅᴇ ᴜᴍ ᴀssᴀssɪɴᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora