IV. Ser capaz de aceitar, mas de não ser aceito

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IV

DUPNTE


Não havia nada no mundo que fosse ruim o suficiente e que não pudesse piorar.

Descobrir que era o Príncipe Herdeiro de um país que ele nunca colocou os pés era extasiante e péssimo ao mesmo tempo. Descobrir que sua mãe havia mentido para si durante dezessete anos e dez meses era ainda pior. Seus amigos descobrirem sobre seu potencial de virar um legítimo Príncipe Herdeiro era muito ruim. Ser atacado, assediado e cercado pela imprensa era ainda pior.

A sequência de eventos que destruíram a vida pacata de Renjun em duas semanas era digna de um filme brega dos anos dois mil. Só faltava um casamento arranjado e que ele fosse pego em uma festa na praia aos beijos com algum babaca do colégio atrás de fama.

Por sorte, Jilin não tinha praia.

O casamento arranjado ainda poderia ser um problema no futuro, veja bem, ele ainda era um adolescente de dezessete anos.

Bom, a questão é que, as coisas sempre poderiam piorar. Sempre.

Renjun duvidava que poderia ser tão ruim, mas depois de descobrir que ele estava prestes a herdar, não apenas uma coroa, mas um palácio de seus antepassados e algumas coisinhas luxuosas que poderiam-no livrar de qualquer emprego infeliz ou faculdade mortificante, ele não deveria se surpreender com o quão ruim as coisas poderiam ficar.

Ter dinheiro o suficiente para não precisar frequentar a escola não significava que ele queria abandonar os estudos.

E longe do que qualquer um imaginaria, não era sua família de monarcas batendo o martelo quanto o assunto. Pelo contrário, era o diretor de seu colégio que se recusava a deixá-lo frequentar as aulas.

Até mesmo o ciclo de rotação da Terra poderia ser contestado naquele momento e Renjun não acharia estranho. Nada mais fazia sentido.

A confusão com a imprensa naquela terça-feira negra havia chamado a atenção de muitas pessoas. De todo o país. E de alguns países vizinhos, obviamente. Era o assunto do momento. Afinal, o que poderia ser mais interessante do que o filho de um falecido quase monarca não oficialmente casado sendo descoberto pela imprensa?

A questão era que, ao chamar atenção e ser atacado nas portas de sua escola, o público também ficou curioso sobre a escola que tinha até mesmo um príncipe como aluno. Era uma atenção que poderia ser positiva, mas ao mesmo tempo, teve um efeito negativo, já que agora qualquer adolescente que usasse o mesmo uniforme que o príncipe Huang era assediado nas ruas. Os pais dos alunos não gostaram nada daquilo. Nadinha.

Outro ponto levantado foi sobre a nacionalidade e as origens de Renjun. Filho de um quase monarca coreano e uma 'plebeia' chinesa, fazia ele basicamente um estrangeiro, mesmo que fosse nascido e criado em Jilin.

A situação apenas piorava. Um aluno supostamente estrangeiro causando confusão na escola de elite de Jilin não era coisa boa. Pois se Renjun realmente fosse príncipe, ele teria outros lugares para ir, mas se ele manchasse o nome da escola, a escola seria marcada por isso, pois perderia aqueles alunos que realmente faziam parte da elite de Jilin.

Quem era Huang Renjun perto da elite local que realmente pertencia ao lugar?

Quando sua mãe desistiu de conversar com o homem arrogante que era o diretor, foi hora da monarquia usar sua persuasão para consertar a bagunça que a imprensa havia feito. Sua avó e Taeyong aparecerem com ele na escola, com uma pequena tropa de guardas pessoais e três carros pretos devidamente blindados, fora um show e tanto, mas tão inútil quantos os esforços de sua mãe.

Diário de Um Príncipe Não Muito EncantadoOnde histórias criam vida. Descubra agora