VIII. Sempre há mais para ver, mas isso pode nem sempre ser fácil

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VIII

DUPNTE

De alguma forma, Renjun esperava o som de batidas à sua porta assim que o ponteiro maior do relógio marcasse nove. Mas, diferente do que imaginava, barulhos apressados e barulhentos de Chenle, a pessoa do outro lado deu apenas dois toques leves na madeira, aguardando pacientemente.

Renjun, que estava sentado na cama acariciando Nana, observou o gato branco espreguiçar-se sem vontade, saindo de suas pernas para que o ômega pudesse abrir a porta para o visitante. Ele calçou as pantufas, ajeitou a camisa leve que usava, e atravessou o quarto em passos largos. Ao abrir a porta, foi recebido por um rosto familiar. Alto, com traços gentis e uma postura que oscilava entre a formalidade e a timidez, Jisung esperava ali, as mãos atrás do corpo e um olhar curioso para dentro do quarto de Renjun.

— Foi escalado para me escoltar hoje? — brincou, acompanhando com diversão as orelhas do outro ficarem vermelhas.

— Não coloque dessa forma, parece que estamos te vigiando. — o pedido dele saiu como um choramingo, mesmo que fosse uma forma bastante madura e tímida de se o fazer. Renjun não conseguiu evitar continuar a provocar o outro, era tão fácil constranger Jisung.

— Isso seria uma confissão, sr. Park? — o garoto bufou.

— Sabia que incentivar sua aproximação com Chenle seria uma péssima ideia. — esticando o pescoço, Jisung sorriu quando viu o par de orelhas branquinhas em cima da cama do ômega. — Bom dia, Nana.

O gatinho miou alegremente, rolando no cobertor e esticando as patinhas contra a luz que entrava pela janela.

— Não quer levar ele? Acho que os outros vão gostar da companhia.

— Mesmo se eu quisesse, ele não vai querer sair da cama agora. Ele comeu uma porção de ração e agora vai dormir até o almoço. — provando o ponto, Nana bocejou em meio a um miado manhoso. Renjun riu e Jisung o admirou por não demonstrar mais nada quanto a cena terrivelmente adorável. — Lele já desceu?

— Lele foi correr com os outros, eu acho, ou nadar. Me ofereci para te acompanhar. — oferecendo o braço assim como Chenle fazia, mas de uma forma mais rígida e elegante, Jisung guiou Renjun pelo corredor. — Quando não quiser companhia para descer, pode nos avisar que te deixamos em paz.

— Não me sinto incomodado, na verdade. O lugar é grande demais, a companhia é sempre bem-vinda.

— Que bom que acha isso, temia estarmos te sufocando. — Renjun negou com a cabeça, achando bobagem aquela impressão. — Aliás, é hoje que vai visitar a escola?

— Hm? Bom, acho que sim... só não sei ao certo quando exatamente.

— Acho que o Dodo hyung vai avisar no café, e provavelmente vai te aconselhar a levar um de nós para te guiar da melhor forma possível.

— Quem você recomendaria?

— Bom, acho que o Chenle choraria se você não o levasse. — atravessando a sala de estar do terceiro andar, ambos pararam no lugar quando uma das portas do corredor que levava para a copa escondida foi aberta.

No dia anterior, Renjun passou boa parte do tempo antes do jantar ao lado de Chenle e Jisung, seja jogando algum jogo na televisão de tamanho exagerado no quarto do último, ou acompanhando um jogo da liga americana de basquete. Renjun não era exatamente um fã de videogame ou de basquete, mas se sentou ao lado dos mais novos e tentou aproveitar o momento.

Em dado momento, horas depois do jantar, Chenle anunciou que continuava com fome. Assim, os três atravessaram o terceiro andar para fazerem alguns macarrão instantâneos na copa, e no meio do caminho, os moradores foram apontando qual quarto pertencia a quem.

Diário de Um Príncipe Não Muito EncantadoOnde histórias criam vida. Descubra agora