ENTRE NÓS

OITAVO CAPÍTULO

Não tentei convencer o segurança a não me dedurar, apenas dei de ombros e saí andando. Ele começou a falar o que havia visto em uma espécie de rádio. Alguns segundos depois ele pigarreou novamente.

-Alexander pediu para que você entrasse no escritório. -Ele disse e eu olhei para ele intrigada, mas o que eu ia fazer dentro daquele lugar cheio de homens de caráter duvidoso.

Abri a porta pesada com cuidado e Yvar estava apoiado com as duas mãos sobre a mesa, Alexander sentado em uma poltrona ao lado apreciando algo que parecia ser whisky. Os outros homens também sentados em uma outra mesa centralizada com a atenção voltada para Yvar o qual se encontrava com uma expressão cansada. Todos voltaram a atenção para mim enquanto me aproximava dos irmãos Lockhart, um sorriso descarado brincou nos lábios de Alexander e percebi que alguns dos homens se entreolhavam.

-Senhores, gostaria que conhecessem a Sophie! Está aos meus cuidados, isso significa que está protegida pela família Lockhart. -Yvar disse e eu me encolhi um pouco dentro do meu próprio abraço. Eu não sabia se isso significava que estávamos namorando ou ele me colocou apenas sob seus cuidados como uma possível vítima?

-Belíssima, fazem um belo casal. -Um dos homens com aparência mais madura disse e eu entendi que estava me colocando na posição de namorada para todos os presentes.

-Complimenti alla coppia. -Alexander expressou em italiano e piscou o olho para mim. -Fico feliz por vocês, irmão! Disse ao se levantar e deixar o copo de qualquer maneira na mesa.

-Com essa consideração, finalizamos aqui a reunião de hoje. -Yvar disse liberando todos, Alexander colocou a mão em um dos bolsos do terno e passou por mim indiferente. Quando todos saíram do escritório, só restou Yvar e eu.

-Protegida pela família Lockhart, hein?! -Falei ainda com os braços cruzados, vi Yvar desabar na cadeira imponente, diferente de todas as outras poltronas que ornavam a sala. Mostrou para mim o quão exausto estava, colocou as mãos nas têmporas e fechou os olhos por um instante.

Aproximei dele devagar.

-Os dois últimos dias foram difíceis, estou tendo que resolver algumas burocracias. -Ele disse e estendeu a mão para mim, uma solicitação discreta para que eu sentasse no colo dele.

-Consigo entender.

-Na verdade, não consegue! Precisamos conversar, estou com essa pendência. -Ele falou e eu me sentei em uma de suas pernas, estávamos muito próximos, ele segurou em minha mão e alisou o dorso com o polegar.

-Não fui totalmente honesto com você quando disse que teríamos que vir para a Itália e também não fui honesto quando disse sobre Adam, bom... pelo menos as motivações não foram honestas. Adam é sim da máfia italiana, mas a minha família, ela...-Ele hesitou procurando as palavras certas.

-A minha família também compõe uma parte da máfia italiana, o cargo que ocupo hoje já foi do meu avô, do meu pai e chegaria o meu dia na linha de sucessão, é uma herança, fui ensinado a ser quem sou. -Ele continuou. -Adam foi criado pela minha família, éramos como irmãos, mas com o passar do tempo ele percebeu que nunca seria o "Capo di tutti capi".

-O que significa? -Perguntei olhando para ele atenta.

-O chefe de todos os chefes. Temos uma rigorosa hierarquia e ela é respeitada acima de qualquer coisa.

-Adam não aceitou e se associou em uma outra família?

-Exato, preferiu nos trair, trair a família de onde veio, isso é muito grave. -Ele respondeu parecendo chateado.

-E em uma situação normal o que deveria acontecer?-Perguntei.

Yvar sorriu e colocou uma mecha da cabeleira ruiva atrás da minha orelha.