A Proposta

Capítulo 2

POV Agatha

Entro rapidamente pela porta do escritório de Stephen e Christine, que estavam sentados de frente um para o outro em uma conversa amistosa. Eles param assim que me veem entrar. O ambiente, que parecia tranquilo até aquele momento, instantaneamente fica mais tenso.

– Christine, Stephen... – começo, forçando um sorriso.

– Agatha! – Christine me cumprimenta com um sorriso genuíno, e eu retribuo com um aceno de cabeça. – Parabéns pela Oprah.

– Estamos muito felizes por você, Agatha. – Stephen completa, também sorrindo.

– Obrigada. – Sorrio de volta, tentando manter a compostura. – Isso é sobre meu segundo aumento?

Todos riem, mas Stephen se ajeita na cadeira, e noto que algo os incomoda. O clima mudou. As palavras seguintes me atingem com a força de um soco.

– Agatha... você se lembra da feira de livros de Milão que dissemos para você não ir porque seu visto estava sendo analisado e você não poderia deixar o país? – Stephen começa, e eu já sei que ele não está brincando. Algo está errado.

– Sim, me lembro. – Respondo, tentando manter a calma, mas a ansiedade começa a tomar conta.

– E você foi para Milão. – Ele completa a frase com um tom que não deixa dúvidas de que está insatisfeito.

– Sim, eu fui. Iríamos perder a publicação de A Loucura do Amor, o nosso último best-seller de Phoebe Buffay... então, eu não tive muita escolha, não é? – Tento justificar, mas percebo que as palavras saem mais rápidas do que eu gostaria.

– Parece que o governo dos Estados Unidos não se importa com quem vai publicar ou não o último romance da senhorita Buffay. – Stephen diz, o tom agora mais sério.

– Nós acabamos de falar com o seu advogado de imigração. – Christine diz, e sua voz tem uma leve tensão.

Eu engulo seco, sentindo uma sensação estranha subindo pela minha espinha. Tento manter a calma, mas algo não está certo.

– Ótimo, então estamos bem? – Pergunto, tentando esconder o tremor na minha voz. Meu coração está acelerado em meu peito, e as palavras que eles dizem a seguir me deixam ainda mais tensa.

– Seu pedido de visto foi negado. – Stephen diz, e o impacto é como um balde de água fria. Sinto o chão sumir aos meus pés, uma sensação de desorientação me invade.– E você será deportada. – Ele completa a sentença, e eu fico congelada, absorvendo a informação.

– Deportada? – Minha voz sai mais alta do que eu gostaria, e minha mente se apaga por um segundo. Tento processar o que ele está dizendo, mas tudo o que sinto é uma vertigem crescente.

– Parece que há documentos que você não entregou no prazo. – Christine continua, mas suas palavras soam distantes, como se estivessem ecoando em uma caverna.

– Espera aí, espera aí... eu não sou nem uma imigrante! Eu sou do Canadá, pelo amor de Deus! – Tento sorrir, forçando uma risada nervosa, mas tudo o que sai de mim é um nervosismo descompassado. – Tem que ter algo que possamos fazer. Isso não pode ser real.

– Você poderá solicitar novamente o visto, mas até lá terá que deixar o país por um ano. – Christine me encara, seus olhos sinceros, mas a gravidade da situação é inegável.

– Entendi, tudo bem, não é o ideal, mas posso trabalhar por videoconferência de Toronto. – Sinto um calafrio passar pelo meu corpo, um nó se formando na garganta. Não posso acreditar no que estou ouvindo.