Entre taças e confissões - Capítulo 1

11 2 2
                                    

Numa fria tarde em Vancouver, com o céu pintado em tons cinzentos e um silêncio sereno envolvendo a cidade, Emma caminhava pela rua segurando um copo de café quente nas mãos, aproveitando a pausa em sua agenda lotada. Estava ali para um evento de caridade, mas tinha tirado a tarde para si mesma, algo raro.

Flocos de neve caiam lentamente, como pequenos pedaços de algodão, cobrindo telhados, calçadas e galhos de árvores como um manto branco e macio.

Emma vestia um casaco cinza pesado, e sua cabeça estava coberta por um gorro de lã que não conseguia conter todos os fios castanhos que escapavam. Enquanto admirava as luzes das vitrines natalinas, quase não percebeu a figura alta que vinha na direção oposta.

Foi só quando esbarrou nele, derrubando algumas gotas de café na neve, que levantou o olhar.

— Desculpe, eu... — Começou a dizer, mas sua voz morreu quando viu quem estava na sua frente.

— Emma? — Disse Tom, sua expressão se iluminando de surpresa.

Ela piscou repetidamente, como se tentasse confirmar o que seus olhos estavam vendo. Era difícil acreditar que, depois de alguns anos, Tom Felton estava ali, diante dela, parecendo ter saído direto de suas memórias. Os traços do rosto eram os mesmos que ela conhecia tão bem: o sorriso ligeiramente travesso, os olhos azuis penetrantes que pareciam carregar um misto de nostalgia e curiosidade. No entanto, havia algo diferente nele, uma aura mais tranquila, como se o peso da juventude frenética tivesse dado lugar a uma serenidade que vinha apenas com o passar do tempo.

Seu cabelo, embora mais curto e com menos volume que antes, ainda carregava a essência daquele personagem que os unira tantos anos atrás. A postura, antes carregada de energia juvenil, agora transmitia confiança e maturidade, como alguém que finalmente havia encontrado o equilíbrio entre o passado e o presente.

— Tom! — exclamou, surpreendida, antes de envolvê-lo em um abraço caloroso e espontâneo. — Quanto tempo, meu Deus! Que surpresa incrível! O que você está fazendo por aqui?

— É uma longa história... — Diz, com uma ponta de mistério, antes de deixar escapar um suspiro quase divertido. — Mas, bem, estou retomando minha carreira musical. — O sorriso em seu rosto se alargou ainda mais, e os olhos brilharam com entusiasmo. — Estou indo para a gravadora agora, gravar com o pessoal. E você? O que anda aprontando?

Ela deu de ombros, o canto da boca formando um pequeno sorriso tímido.
— Uau, isso é incrível! — comentou, antes de passar a mão distraidamente pelo cabelo. — Eu? Ah, vou participar de um evento beneficente. Nada muito emocionante, na verdade.

A maneira como ela falou era humilde, mas seus olhos revelavam um certo orgulho discreto. Ele arqueou uma sobrancelha, o sorriso ganhando um toque de curiosidade.

— Bem, isso parece muito mais nobre do que meus planos.

Antes que ela pudesse responder, o toque agudo do telefone de Tom interrompeu o momento. Ele pegou o aparelho do bolso e atendeu rapidamente, colocando-o no ouvido. Uma voz masculina, ligeiramente apressada, ressoou do outro lado.

— Cara, onde você está? A Emily tá surtando aqui! Você sabe como ela fica com atrasos. Estamos todos prontos esperando por você!

Tom franziu a testa e soltou um suspiro longo, visivelmente ciente de sua falta de pontualidade.

— Já estou chegando. Cinco minutos, prometo. Tchau. — Ele encerrou a ligação com um gesto rápido e guardou o telefone de volta no bolso, seus olhos retornando imediatamente para Emma, que tomava um gole tranquilo de seu café, observando-o com curiosidade.

— Emma, eu realmente preciso ir. — Sua voz tinha um tom sincero, quase de desculpa. — Mas gostaria muito de te ver essa semana. Você vai ficar por aqui até quando?

— Vou embora depois de amanhã já — respondeu ela, com um sorriso gentil, mas havia uma leve sombra de decepção em sua expressão.

Ele pareceu desanimar com a notícia, mas então ela completou:

— Mas estarei livre essa noite.

Aquela frase o fez parar por um instante, e o sorriso voltou a iluminar seu rosto.

— Amanhã à noite então, 20h. — Seus olhos estavam fixos nos dela, o tom de sua voz decidido, mas gentil. — Me passa seu endereço pelo WhatsApp, eu passo no hotel para te pegar.

Ele já estava começando a caminhar, mas virou-se uma última vez, apontando para ela com um sorriso despreocupado.

— Até lá, Emma.

Ela o observou enquanto ele se afastava pela rua, os flocos de neve pousando em seus ombros, misturando-se à atmosfera calma da tarde. Por um momento, ela ficou parada ali, os lábios ainda curvados em um leve sorriso.

Entre taças e confissões | Tom Feltson e Emma WatsonOnde histórias criam vida. Descubra agora