Capítulo 1: Prólogo.

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A chuva caía forte naquela noite, como se o céu chorasse junto com JungKook. Ele estava parado à beira da floresta, o som do trovão ecoando ao longe, mas nada era mais ensurdecedor do que o vazio que sentia dentro de si. Fazia um ano desde aquela noite fatídica, desde que Park Jimin, seu noivo, havia sido arrancado de sua vida de forma brutal e inexplicável.

Os detalhes ainda estavam gravados em sua mente como uma tatuagem que ele nunca escolheria carregar. Um telefonema de pânico. Os gritos abafados de Jimin ao fundo. E, finalmente, a descoberta do corpo destroçado na clareira, como se uma fera selvagem tivesse cometido o ato. "Ataque de cachorro", a polícia disse. Uma explicação simples para um evento que, para JungKook, parecia tudo menos natural.

Ele apertou o punho ao lembrar do olhar vazio de Jimin naquela noite. Não era assim que deveria terminar. Não para eles. Eles tinham planos, sonhos e promessas sussurradas ao luar. E agora, JungKook estava sozinho, enfrentando o peso de uma perda que nunca pareceu real.

As noites de lua cheia eram as piores. Algo na luz prateada que banhava a floresta fazia o coração de JungKook acelerar e sua pele formigar. Ele costumava ignorar, mas nos últimos meses, o incômodo se transformou em algo mais — uma espécie de chamado. Era como se a lua sussurrasse segredos que ele não conseguia entender, mas que o obrigavam a lembrar de Jimin.

Aproximava-se outra lua cheia, e JungKook sentia o peso dela. Ele fechou os olhos, deixando-se levar pelas memórias. Imagens de Jimin surgiam como flashes: seu sorriso que iluminava qualquer sala, a maneira como ele se inclinou para beijar JungKook na ponta dos pés, o calor de seus braços em noites frias. E, por um instante, JungKook jurou sentir o perfume familiar de Jimin no ar, tão real que ele abriu os olhos, procurando por ele.

Mas só havia escuridão.

Ele sabia que estava se tornando obcecado. Seus amigos diziam que precisava seguir em frente, que Jimin não gostaria de vê-lo assim. Mas algo dentro de JungKook simplesmente não conseguia aceitar. Havia perguntas sem respostas, buracos na história que ninguém parecia se importar em preencher. E aquela sensação, aquele chamado... Era como se algo — ou alguém — estivesse esperando por ele na floresta.

Ao longe, um uivo cortou a noite. Era longo, melancólico, carregado de um mistério que fez a espinha de JungKook gelar. Ele olhou na direção de onde o som vinha, as árvores balançando ao vento como se o convidasse a entrar.

— Você está enlouquecendo. – murmurou para si mesmo, tentando afastar o impulso.

Mas o uivo soou novamente, desta vez mais perto, e algo no fundo de sua alma se agitou. Era quase uma certeza, uma esperança irracional que ele não conseguia ignorar.

A lua cheia estava chegando, e com ela, JungKook sabia que não poderia mais fugir. Algo o aguardava na floresta. Algo que poderia lhe trazer as respostas que tanto procurava — ou destruir o pouco que restava de sua sanidade.

Com um último olhar para o céu encoberto, ele murmurou o nome que jamais deixará de amar.

— Jimin...

E a floresta, como se tivessem ouvido, respondeu com o som de outro uivo.

O Segredo da Lua CheiaWhere stories live. Discover now