capítulo 3

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                                  Carlos 👻

Eu tava lá, na minha, jogado na parede da casa do Lucas, com um copo de qualquer coisa na mão. Tava curtindo o som, mas nem muito ligado na galera. Era mais minha vibe ficar de canto, olhando o movimento, esperando alguma coisa acontecer ou só deixando o tempo passar. O rolê tava cheio de gente, mas nada que chamasse muita atenção. Pelo menos até ela aparecer.

Lucas chegou perto com uma menina, toda arrumadinha, tipo quem se prepara pra sair, mas tenta parecer que nem ligou. Ele fez aquele gesto básico, apontando com o queixo.

— Ô Carlos, essa aqui é a Bruna. Minha amiga.

Eu dei um aceno rápido com a cabeça. Não era muito de ficar de papo logo de cara, mas também não ia dar uma de mal-educado, né?

— Suave, Bruna. — Respondi, num tom tranquilo.

Ela me olhou de um jeito que achei curioso. Meio desconfiada, mas sem parecer esnobe. Era tipo como se ela estivesse tentando entender quem eu era. Não que eu me importasse muito com isso, mas confesso que deu vontade de trocar ideia, só pra ver qual era a dela.

Ela encostou na parede do meu lado, bem despreocupada, mas dava pra sentir que ela tava me analisando.

— E aí, tá curtindo o rolê? — ela perguntou, como quem não quer nada.

Eu dei uma risada baixa. Não era o tipo de pergunta que eu respondia com muita seriedade.

— Sei lá. É só mais um rolê, né? Tá bom pra dar uma distraída.

Ela deu um sorriso de canto, tipo quem concorda, mas também quer mais da conversa. Tava claro que ela não era dessas que fica falando só por falar.

— Você sempre fica no canto, só olhando? — ela soltou, me provocando de leve.

Eu olhei pra ela, segurando o copo na mão, e dei um sorriso de lado.

— Só fico na minha, tá ligado? Quem olha demais acaba vendo mais do que devia.

Ela riu. Foi uma risada sincera, nada forçada. Isso me fez querer continuar falando.

— E você, Bruna? Tá aqui por quê? Rolê aleatório ou tá procurando alguma coisa?

— Procurando alguma coisa, acho. — Ela respondeu, meio pensativa. — Ou talvez só tentando não ficar em casa.

Eu balancei a cabeça, entendendo. Era bem isso mesmo. Às vezes, a gente só queria sair pra qualquer lugar, sem objetivo. A vida de vez em quando precisava de um pouco de bagunça, sabe?

Aí fiquei olhando ela por um segundo, meio sem querer. Ela era diferente do tipo de mina que eu costumava ver por aí. Não que fosse melhor ou pior, mas tinha uma coisa nela... Sei lá, parecia que ela não tava tentando impressionar ninguém. E isso me deixou curioso.

— Cê mora onde? — perguntei, só pra puxar papo de verdade.

— Uns dez minutos daqui. Tava de bobeira em casa e o Lucas me chamou.

— Ah, o Lucas sempre mete esses papos, né? "Cola aí que vai ser daora." Mas cê sabe como é, o cara exagera.

Ela riu de novo, e dessa vez eu percebi que tava gostando de ouvir a risada dela. Era leve, nada daquelas coisas forçadas que você vê por aí.

— E você, Carlos? O que você faz da vida?

Eu dei de ombros. Não era o tipo de pergunta que eu respondia de boa.

— Faço o que dá, tá ligado? Tô trampando com umas paradas aí... Nada muito fixo, mas dá pra levar.

Ela não pareceu julgar, só ficou ali, me olhando. Isso foi novo. A maioria das pessoas ou ficava desconfortável ou tentava mudar de assunto, mas ela não. Isso me fez sentir que ela podia ser diferente mesmo.

— Então, cê sempre tá nesses rolês com o Lucas? — Ela perguntou, tentando manter a conversa.

— Ah, às vezes. Quando não tem nada melhor pra fazer, eu apareço. Mas nem sempre é isso tudo que ele promete, tá ligado?

Ela sorriu, balançando a cabeça, e ficamos em silêncio por uns segundos. Era engraçado, porque o silêncio não parecia estranho. Era tranquilo, como se nenhum dos dois precisasse falar pra preencher o tempo.

Olhei pra ela de novo, e dessa vez me peguei pensando no porquê de estar curtindo tanto a companhia

No Ritmo do Imprevisível Onde histórias criam vida. Descubra agora