O Tempo Entre Nós - JayVik

Rio e o Mar - Jayce

Precisávamos ser o mais rápido possível. Viktor abria a porta enquanto a Conselheira distraia um dos guardas.

Entramos.

Viktor me guiou até onde estava o meu experimento e meus olhos se brilharam de esperança por um segundo. Mas não adiantava nada ter esse sentimento agora, tudo que precisava fazer era focar nisso, e talvez conseguir que minha vida mude por completo.

Não podia sequer pensar em como tudo poderia dar errado em uma fração de segundos, como Heimerdinger entrando no escritório nos flagrando e nos mandando para a prisão ou os cálculos dando errado. É isso, os cálculos, precisávamos começar a replanejar tudo sobre o Hextec.

O garoto nos direcionou a um dos quadros negros que tinham no local e tentei explicar tudo o mais rapidamente possível, nossa missão agora era estabilizar o Hextec.

Cálculos, cálculos e mais cálculos. Tudo indo e vindo como balas de canhão. Teorias de ambos os lados sobre o que poderia ou não dar certo.

Surpreendentemente, eu e o garoto que conheci há algumas horas tinhamos uma conexão que fluia tão facilmente como um rio que encontra o mar, dois opostos mas que de alguma forma, pareciam sempre destinados a se encontrar.

Horas ja tinham se passado mas com ele, parecia que tudo era em um piscar de olhos, um instante, um minuto.

As horas passaram sem que eu percebesse, e, pela primeira vez, senti uma felicidade indescritível ao ver o projeto ganhando vida. Poderia ficar nesse momento para sempre.

Mas uma hora esse momento certamente iria ter que acabar, e essa hora foi agora. Ja estava tudo pronto para o teste, na exata hora que já estava clareando o dia lá fora e Piltover começando a acordar.

Viktor me deu o protótipo de uma pedra Hextec em minhas mãos, sentindo o calor de uma a outra. Coloquei então o objeto no dispositivo, mais medo do que nunca estive, parecendo uma criança tola ao assistir a um filme de terror. Depositava ali uma confiança que era obrigatório ter, tudo que trabalhei durante toda a minha vida, a confiança tinha que estar sobrando.

O dispositivo com o Hextec inserido nele começo a girar, girar e girar ainda mais, soltando faíscas azuis durante todo o trajeto enquanto eu e o garoto olhavamos tensamente.

— Acho que não vai aguentar! — eu disse no momento em que a máquina ja começara a fazer a sala ventar de tanta energia ali acumulada.

— Acredite — Viktor disse apenas essa palavra esperançosa que na hora, confiei nele mais do que tudo nessa vida, precisava confiar, era a única chance.

Nesse tempo cada vez mais energia se acumulava diante de nós e en todo o lugar, e senti uma pontada no peito, parecia que eu ia vomitar, soltar ali tudo o que estava guardado dentro de mim, toda a frustração com o meu projeto, com minha vida.

Viktor parece ter percebido meu desespero e fixou o olhar em mim, parecia tão sereno diante toda aquela situação que por um minuto esqueci que tudo poderia simplesmente explodir.

Senti uma paz naqueles olhos que fazia tempo que não sentia, um lugar sem preocupações e repleto de maravilhas, tudo que eu sempre quis estava diante de mim naquele olhar.  O garoto segurou as minhas mãos e simplesmente fechou os olhos, como se aquele momento fosse isolado de todo o mundo, como se o tempo tivesse parado apenas para nós. Fechei os olhos e simplesmente me deixei fluir, com aqueles olhos fixados em minha mente.

Naquele instante, me vi feliz pela primeira vez. Ao lado dele. Era o meu lugar, tudo que sempre sonhei passou a ser em vão porque tudo o que eu mais queria nesse momento era ficar preso em minha cabeça. Nada mais importava, não era o Hextec que eu queria, era ele.

Naquela casa em um lugar afastado, com esse homem. Ele estava na sala lendo mais um dos livros da sua vasta coleção, dou bom dia ao meu marido, tomamos café e logo eu seguia para o meu laboratório particular. Ao final da tarde, Viktor me chama para um passeio especial, vendou os meus olhos e me puxou pela mão até o gramado que preenchia todo o ao redor de nossa casa, no exato instante do pôr do sol, uma toalha na grama tinha sido esticada, com frutas silvestres e vinho. E com isso a vista mais maravilhosa do mundo. Além da paisagem que cobria todos os nossos olhos, a única pessoa que me importava estava diante de mim, tudo que eu sempre mais quis na verdade era alguém que me amasse, senti meus olhos se encherem por finalmente ter isso.

Mas a vida continuava, abri os olhos escapando do paraíso mental e na verdade, ali, meus olhos também se encherem um pouco de água. Estavamos flutuando assim como muito de outros objetos que estava naquele laboratório, a nossa tecnologia tinha dado certo e Heimerdinger estava perplexo na beirada da porta, observando o que tínhamos feito.

— Então você conseguiram!

Viktor e eu percebmos que ainda estávamos de mãos dadas e nos soltamos rapidamente, mas aquilo não me fez escapar toda a minha felicidade. Eu e o garoto nadamos no ar, entre todo o laboratório que agora refletia uma luz azul intensa.

E naquele momento, sobrevoando toda a sala, voltamos a ser o rio e mar, se encontrando tão naturalmente, que sentia que o próprio Arcano planejava isso tudo.