Dias de terror - parte 3

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     POV Autora


- Vem, anjinho, vamos deitar. Já está tarde. – falou afastando levemente o filho que já estava mais calmo.

- Posso dormir com você hoje de novo? – perguntou com olhos suplicantes.

- Claro que sim, filho. Eu já ia pedir para você me fazer companhia. – falou acariciando o rosto do filho, limpando o rastro das lágrimas que correram por ali.

Aquilo pareceu tranquilizar e alegrar um pouco Alex, que visivelmente estava sofrendo com aquilo tudo que ficara sabendo, e afinal ele era só uma criança.

Freen foi até o quarto de Pin e Anil, colocando-as para dormir. Faye e os outros haviam feito um bom trabalho cansando-as. Assim que a mãe às beijou e desejou boa noite, se afastando em direção à porta, as duas já estavam dormindo. Por sorte ainda eram muito pequenas e não percebiam o que acontecia em volta, diferente de Alex, que já vinha a algum tempo observando tudo.

Ao entrar em seu quarto se deparou com Alex deitado em sua cama, aninhado a Sam, que afagava seus cabelos. O menino tinha um ar cansado, o que não combinava com uma criança. Seu filho estava sofrendo, e mais uma vez amaldiçoou Nop pelo mal que estava lhe causando.

Foi direto ao banheiro para se recompor e se preparar para tentar dormir, o que vinha sendo praticamente impossível naquelas 72h sem Becky. Não entendia como alguém podia sumir sem ao menos ter sido deixado uma pista sequer.

Voltou para o quarto sob o olhar atento de Sam, que ainda afagava os cabelos de Alex já adormecido. A irmã lhe analisava tentando decifrar como se sentia. Suas feições demonstravam preocupação.

- Como você está?

- Bem. – Freen respondeu simplesmente.

- Quero saber como você está de verdade? – insistiu a menor.

- Destruída. Perdida. Sem chão. – declarou novamente com os olhos cheios de lágrimas.

- Eu não vou dizer para você ser forte, mana. No seu lugar eu acho que não estaria conseguindo agir como você. Já estaria louca.

- Por dentro eu estou um turbilhão de emoções, Sam. Mas eu tenho que pensar nos meus filhos também. Tenho que ser forte para eles. – disse agarrada à irmã, já chorando.

Ficaram um tempo abraçadas e quando Freen se acalmou a irmã a acomodou na cama ao lado de Alex e saiu do quarto ao vê-la puxar o filho para si e fechar os olhos.

(...) 

Becky estava deitada encolhida contra a parede. Tinha mais períodos inconscientes do que acordada. Noção de tempo havia perdido totalmente. Acordou com alguém chutando suas pernas. Falavam alguma coisa, mas não conseguia distinguir o que era. Só conseguia enxergar um vulto se movendo e gesticulando em sua frente. Só sentiu quando pegaram-na pelos braços arrastaram-na para a cadeira que ainda estava no quarto.

Conseguiu focar um pouco da visão e viu que era um homem alto e magro, diferente dos outros dois carrascos. Tal qual os outros este também lhe tratava com brutalidade. Concentrou-se a fim de conseguir ouvir o que dizia, só havia conseguido até agora perceber alguns xingamentos.

- Você pensa que está aqui para descansar? – rugia – Isso aqui não é um spa, não.

Ainda permanecia naquele estado de semiconsciência. Sentia seu corpo se embalando, tentando equilibrar-se.

- Á-água, p-por f-favor... – implorou num sussurro.

- Você acha que eu sou do serviço de quarto? Está muito enganada, por mim você pode morrer à mingua.

Abismo - Freenbecky g'pOnde histórias criam vida. Descubra agora