Capítulo Único

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Okay, essa fic tava 100% fora do script da minha rotina, mas... eu já assisti umas quatro vezes aquele final e senti necessidade de expressar meu amor por esse casal novamente. Não esperem nada muito criativo aqui, só senti de dar um fechamento, por assim dizer, mais bonito (ainda) para os dois! E se você chegou por agora, recomendo ler minhas fanfics de 2021 deles "kátharsis", "strange bird" e "why not me" 

Também sugiro fortemente vocês de lerem a fanfic ao som de "Human" do Civil Twilight e "Everything i wanted" da Billie Eilish.



"Você sempre quis curar o que achava que eram fraquezas..."


Ele sente uma primeira, embora sôfrega, batida de seu coração. A singela vibração ecoa em ondas por sua caixa torácica, junto a palavras que pareciam memórias de um sono profundo e distante.


"Mas você nunca esteve quebrado."


Brevemente, uma umidade começa a surgir em seu arco do cupido, declarando sua respiração morna e constante. E, no mesmo conjunto de reações fisiológicas, seu globo ocular se remexe por debaixo de suas finas e cansadas pálpebras.


"Há beleza nas imperfeições..."


Se algum dia abrir os olhos foi brincadeira de criança, naquele momento, parecia tão pesaroso como guiar solitariamente os próprios passos para fora de um círculo do inferno. Mas, antes de seus olhos abraçarem o mundo diante de si, suas digitais dedilham o que parecia ser um gramado logo abaixo de si.


"Elas fizeram você ser quem é."


Tão cedo notou aquela textura macia e, instantaneamente, tomou maior consciência corporal, um arrepio clandestino percorrendo toda sua extensão. Vacilante, Viktor contém um respiro. A voz de suas memórias começa a se tornar mais doce e familiar.


"Achei que queria que nós déssemos magia ao mundo."


Ele permite a seu córtex desnudar cada uma daquelas memórias, assim como o misto de emoções sinestésicas que as acompanhavam. Uma por uma. E então, aquela última fala foi reproduzida mais uma vez. Só que agora através de seus próprios lábios:


— " Agora, tudo o que eu quero é o meu parceiro de volta ".


Diferente da conhecida imensidão cósmica, Viktor se depara com uma paisagem tão orgânica quanto qualquer outra que tenha cruzado em sua vida. Havia um véu de nuvens a cobrir aquele infinito céu azul, como uma sacerdotisa que esconde um mar de emoções. Sem vestígios de modernidade para onde quer que olhasse, apenas terra, ar e suas memórias inerentemente... humanas .

Ele relembra, então. Seus olhos decaem para suas mãos: humanas. Para suas pernas: humanas. E se permite a ousadia de tocar o próprio rosto, acariciando mandíbula, maçãs e cada fio de seu cabelo. Humano. Não havia como negar. Agora que havia dado passagem às suas memórias, elas desaguavam feito chuva de verão.


"Por que você persiste? Depois de tudo o que eu fiz..."


Seus pés, ainda que bambos, lhe dão sustentação para se aterrar e começar a caminhar. Ele tropeça nos primeiros passos e se constrange, semelhante a uma criança (re)aprendendo a andar.


"Pois eu prometi a você."


E, ao olhar para um de seus pés, já não se sente repugnante ou vulnerável; Viktor sente uma inexplicável candura . Assim, se recompõe, firmando seus dedos no solo e deixando-se preencher por cada molécula de natureza. Pé ante pé, retoma seu caminho rumo ao dono de suas lembranças. Aquele que esteve presente em sua vida desde muito antes do começo e desde muito antes do fim. Ele estava em busca de seu tão esperado epílogo .


— Jayce. — o nome do garoto dourado sai de seus lábios em um tímido assovio ao percebê-lo abaixo de um majestoso carvalho.


Reproduzindo praticamente os mesmos gestos iniciais do arauto, Jayce se encontra com Viktor em olhares. Esses olhares se transformam em poucos metros de distância, que desabrocham nas mãos de Jayce recebendo o pescoço e o rosto de Viktor.


— Viktor! — suas testas se beijam com a sutileza do movimento. Ponta de nariz com ponta de nariz. O polegar de Talis acaricia o canto dos lábios do companheiro enquanto um largo sorriso começa a surgir do semblante do primeiro.


— Conseguimos? — foi tudo o que Viktor conseguiu reproduzir ao ser tão calorosamente aninhado.


— Conseguimos. — os joelhos de ambos pendem de volta ao gramado, as mãos de Viktor subindo para as madeixas morenas, enquanto Jayce dedilha pequenos círculos de carinho por suas maçãs do rosto.


Ele, então, deposita um curto beijo na testa do companheiro, passando em seguida pela ponta enrubescida de seu nariz e se prolongando, enfim, em seus finos lábios.


— Você não sabe quanto tempo eu esperei por isso. — os olhos de Viktor falavam mais por si do que suas próprias palavras verbalizadas.


— Jamais precisaremos nos preocupar com o tempo. — Jayce junta suas mãos às de Viktor e volta a depositar pequenos beijos por todo o dorso do companheiro.


— Você promete?


— Eu jamais descumpri nossas promessas.

The end.

Aloegreen.

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