15 Momentos

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Uma criança maldita.

Noah já tinha se acostumado com as coisas que falavam de si. Sempre teve a sua mãe, então os comentários e os xingamentos, muitas vezes, não eram dolorosos.

Mas já estava incomodado, há alguns dias. Entre observar as brigas de Kara e Alex, tinha aquele momento em que ele podia pensar sobre como as três eram diferentes, para mulheres, principalmente.

Naquela tarde, Lena e Kara foram buscar uma tal bolsa que haviam perdido enquanto Alex foi dar uma volta pelo vilarejo. Noah desconfiava que a ruiva tinha ido fofocar sobre a vida do menino naquele lugar, mas isso não deixou-o incomodado, já que ele mesmo gostaria de saber mais sobre suas convidadas. Com o silêncio de estar sozinho, o menino decidiu que, mais uma vez, iria pescar, sendo a única coisa que tinha para realmente comer de verdade naquele lugar.

Em cima de uma pedra, ele jogava o anzol na água enquanto respirava fundo e sentia a brisa suave em seu corpo. O silêncio fazia ele pensar melhor.

— Você realmente gosta de pescar, incrível

Noah vira o rosto, vendo um garoto de pé ao lado da pedra e olhando para o lago com um sorriso no rosto. O menino, em questão, definitivamente não era dali e já estava observando o Noah há um tempo, mas nunca se aproximava. Ele não parecia ter mais que 10 anos.

— É relaxante. Minha mãe disse que o meu pai ensinou ela e ela me ensinou

— Onde estão seus pais?

Noah desvia a atenção do menino para olhar as águas. O movimento dos peixes dentro da água era rápido para se ver, mas ele conseguia sentir quando estavam perto. Mesmo focado nos peixes, o garoto podia sentir o peso da atenção do outro em si observando-o, porém o silêncio foi a única resposta que Noah conseguia entregar.

— Meu pai abandonou minha mãe e eu. Ela não ficou triste, até eu ficar doente… — Ele olhou para os próprios pés sujos. — Fomos felizes sem ele

— Você está doente?

Noah olha o menino, que abre um sorriso em quase melancolia. Seus olhos eram verdes e profundos, como alguém que não dorme há dias. A pele pálida e o cabelo preto tinham tons intensos. Aquela aparência fez Noah se lembrar fortemente de Lena, pela forma como o menino se parecia com ela.

— Eu estava, hoje não estou — disse, para então encarar o lago de olhos arregalados. — Oh! Olha o peixe!

Noah fica em pé em cima da pedra e puxa a vara de pesca. Quase tombando para trás, ele puxa da água um peixe grande, o suficiente para deixá-lo espantado com o animal se debatendo na areia. Então, ele pula da pedra, surpreso pelo o peixe, enquanto o seu novo amigo gargalhava, animado com o pescado. Uma animação contagiante.

— VOCÊ É INCRÍVEL, NOAH!

O garoto abre os braços entusiasmado. Noah olha o menino menor, um pouco confuso por ele saber seu nome. Havia algo nele que o deixava agitado por dentro.

— Qual é o seu nome?

— Ah... Perdão, eu esqueci completamente de me apresentar. Não conta pra minha mãe, tá bom? Eu me chamo Nolan, é um prazer te conhecer

(...)

— A gente nunca vai achar isso, vamos desistir!

— Não faz nem 5 minutos que chegamos!

Kara bate o pé no chão e resmunga a sua frustração. Ela se senta no chão, cruzando os braços, cansada de procurar a bolsa que tinha deixado ali, dias atrás. Não importava o quanto elas procuravam, não encontravam nada.

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⏰ Última atualização: 5 days ago ⏰

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